A mestranda Vanessa Aparecida Silva, do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCSO) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), defendeu, nesta terça-feira, 22, a dissertação: “A legitimidade das Comunidades Terapêuticas Católicas para dependência química no espaço público brasileiro: o caso da Fazenda Esperança”.
A pesquisa analisou a trajetória assistencial e política da Igreja Católica no Brasil, com um breve panorama sobre a posição da instituição sobre as drogas e a dependência química, e também tratou das políticas públicas sobre drogas no país. O objetivo do trabalho foi situar como a Igreja e o Estado interagem no campo dos cuidados com a dependência química, analisando tensões, divergências e convergências acerca do assunto.
“As Comunidades Terapêuticas constituem uma das expressões mais concretas dessa relação, uma vez que elas integram a principal alternativa pública de internação para o tratamento da dependência química e são, em sua grande maioria, instituições de administração religiosa. Deste modo, a legitimidade dessas instituições é questionada por autoridades médicas e políticas, um debate que envolve pontos polêmicos como a eficiência destas instituições, o respeito aos direitos humanos e as construções sociais e jurídicas sobre laicidade”, afirma a mestranda.
Para analisar este campo, o estudo associou os dados levantados na pesquisa bibliográfica e documental a um trabalho de campo realizado na Fazenda da Esperança – uma comunidade terapêutica católica fundada no interior de São Paulo e que hoje atua em quase todos os estados brasileiros, além de unidades em outros 17 países. “Realizamos visitas e entrevistas com administradores, internos e voluntários para compreender as relações interpessoais e institucionais travadas em torno do projeto”, explica Vanessa. O projeto está inscrito junto ao Governo Federal e integra a rede pública de atendimento aos usuários de drogas desde 2011.
“Em um momento político que se debate constantemente a presença de instituições religiosas como força legislativa no Brasil, considerar a atuação concreta de uma destas instituições no espaço público é bastante interessante. Pensamos em contribuir para o debate ao propor, ao longo do trabalho, reflexões pautadas nas relações sociais e políticas que envolvem as Comunidades Terapêuticas. Esse é um ponto de vista pouco utilizado quando comparamos o número de trabalhos sobre o tema voltados para os campos da saúde e, até mesmo, da teologia”, finaliza.
Contato:
Vanessa Aparecida Silva (mestranda)
aparecida.vanessasilva@yahoo.com.br
Marcelo Ayres Camurça Lima (orientador)
mcamurca@terra.com.br
Outras informações:(32) 2102-3113 – Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais