Materiais, técnicas, primeiras formações e grandes desafios vencidos ao longo do tempo pela construção de pontes foi apresentado durante a palestra “A ponte e seus elementos na história”, ministrada pela arquiteta e professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fabiana Tavares Jacques. O evento faz parte da programação do “Pontes: do estudo à concretização”, organizado pelo Grupo de Estudos de Maquetes e Modelos de Arquitetura e Urbanismo (Gemau), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFJF.
As pontes são construções que surgiram para superar obstáculos físicos, além de ter como finalidade a comunicação entre lados. Por atender demandas específicas de infraestrutura e trazer melhorias na mobilidade, muitas dessas obras são tidas como patrimônios históricos em seus locais. “Muitas vezes, as pontes já nascem com um valor agregado e acabam se tornando monumentos reconhecidos como patrimônio cultural em diversos países, seja por sua época de construção, material, ou por representar uma mudança tecnológica”, diz Fabiana. “Pontes são marcos, respondendo às demandas de infraestrutura e vencendo obstáculos correspondentes ao seu tempo”.
“Muitas vezes, as pontes já nascem com um valor agregado e acabam se tornando monumentos reconhecidos como patrimônio cultural em diversos países, seja por sua época de construção, material, ou por representar uma mudança tecnológica”
Pontes ao longo da história
As primeiras pontes eram construídas com materiais da própria natureza, como madeiras, pedras e bambu. Uma das características era o formato em arco. Por exemplo, a Ponte Arkadiko, na Grécia, foi construída entre 1300 e 1190 a.C. pela civilização Micênica, sendo uma das mais antigas pontes em arco. No século III a.C., os Romanos se dedicaram à construção de pontes e aquedutos em arco, com materiais como tijolo, pedras e concreto romano. As pontes Mília e de Santo Ângelo são exemplos desse tipo de construção romana que estão em uso até a atualidade, tendo passado por várias reformas e adaptações ao longo dos anos.
Na Idade Média, os rios eram tidos como defesas naturais contra invasões, logo, as pontes não eram vistas como oportunas. Ordens religiosas desempenharam um papel importante na mudança dessa ideia, onde as pontes passaram a ter finalidades comerciais, militares e residenciais. A principal contribuição da época para a arquitetura foi a diversificação dos tipos de arcos de suporte. Já no renascimento, a ponte torna-se um dos elementos centrais nos projetos de planejamento urbano. Com o aumento de deslocamentos e transporte, surgiram as pontes de treliça, que causavam uma sensação de leveza e estética.
Com um avanço tecnológico no século XVIII, as pontes de ferros se tornaram possíveis. A primeira delas foi a de Coalbrookdale, na Inglaterra. Já na Revolução Industrial do século XIX, com o advento do aço, tais construções se tornaram cada vez maiores, pelo desenvolvimento das pontes suspensas. A Ponte do Brooklyn, em Nova Iorque, foi a primeira a utilizar cabos e, em 1883, ano de sua finalização, considerada a maior ponte de suspensão do mundo.
A partir do século XX, destaca-se o uso de concreto e aço, surgindo as pontes atirantadas e estaiadas, “ultrapassando obstáculos até então dificilmente superáveis”, de acordo com a arquiteta Fabiana. Um dos principais exemplos encontra-se no Brasil: a ponte Octávio Frias de Oliveira é a única estaiada do mundo com duas pistas em curva conectadas em um só mastro.