Os treinos da delegação paralímpica do Canadá na Faculdade de Educação Física e Despostos (Faefid) já movimentam os diversos setores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mas a participação da Universidade nas Paralimpíadas Rio 2016 vai além. O professor da Faculdade de Educação (Faced), Álvaro Quelhas, foi escalado para coordenar a equipe de arbitragem do Futebol de 7 paralímpico – modalidade disputada por atletas com paralisia cerebral.
Quelhas chefiará uma equipe de árbitros internacionais, que contará com a presença de Igor Monteiro, mestre pelo Programa de Pós-graduação em Educação Física da UFJF. Monteiro graduou-se na área em 2013, também pela Faefid, e, em agosto deste ano, defendeu sua dissertação – orientado pela professora Ludmila Mourão -, que contou com a presença de Quelhas na banca examinadora. O trabalho investigou a trajetória das mulheres na arbitragem de futebol no Brasil.
“Conheci o Igor em sala de aula, na Faculdade de Educação da UFJF, onde surgiu o assunto ‘arbitragem’, e ele e outros colegas comentaram que eram árbitros. Percebi que ele gostava da arbitragem de futebol e então convidei Igor e um colega de turma para participarem de um campeonato, já que eu era responsável, enquanto coordenador, por montar as equipes de arbitragem”, conta Quelhas, que trabalhou como árbitro de futebol profissional, sendo parte do quadro FIFA entre 2000 e 2004. Quelhas indicou o aluno para a Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE) em março deste ano.
Monteiro, que iniciou-se na arbitragem em torneios regionais de futsal amador, tem um tipo de paralisia cerebral, a hemiparesia, condição neurológica que dificulta o movimento completo de uma metade do corpo – no caso de Monteiro, a esquerda. Segundo ele, esta é uma oportunidade para que se quebrem alguns estereótipos a respeito das pessoas com deficiência. “Minha participação é importante, porque representa o empoderamento das pessoas com deficiência. Na verdade, quando temos um árbitro com deficiência, mostramos para as pessoas que podemos ocupar outros lugares no esporte, por exemplo, que não só do praticante, do jogador. É importante porque traz outras perspectivas, mostra para quem tem e quem não tem deficiência que todos podem se preparar para exercer quaisquer funções, sejam elas dentro ou fora do esporte”, diz Monteiro.
“É preciso mostrar que a paralisia não impede ninguém de ser jogador, treinador, árbitro, ou qualquer outra coisa. Estamos trabalhando, portanto, com diversidade”, acrescenta Quelhas. Os dois ficarão hospedados na Vila Olímpica, e terão a oportunidade de conviver com atletas, comissões técnicas e árbitros do mundo todo. “Vai ser uma experiência inigualável. São as primeiras Olimpíadas e Paralimpíadas no Brasil e na América do Sul e vai ser algo riquíssimo, para guardar para a vida toda”, diz Monteiro, empolgado.
Para Quelhas, que também integrou a equipe de arbitragem nos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012, a convivência com os mais variados graus de deficiência ampliou sua visão de mundo. “Mudei minha perspectiva com o paradesporto, depois que tive meu primeiro contato. Em Londres, ficamos na Vila Olímpica e convivemos com todos os tipos de deficiência. Então vemos a superação das pessoas todos os dias e percebemos o esforço que elas fazem para ser reconhecidas, tratadas de forma digna, e ter respeitadas as suas diferenças”.
O professor ainda destaca o momento histórico vivido pela UFJF, que está participando ativamente das Olimpíadas e Paralimpíadas Rio 2016, recebendo delegações para treinamento, nas instalações da Faefid. “Isso faz com que a Instituição seja reconhecida como um lugar pronto para abrigar este nível de desenvolvimento esportivo. A Universidade está recebendo essas delegações e dando todas as condições para que elas se prepararem para os Jogos. Isso é importante, porque ela se mostra capaz de atender e dialogar com a sociedade.”
Os Jogos Paralímpicos do Rio compreendem o período de 7 a 18 de setembro. Segundo Quelhas, “o grande recado dos Jogos é este: respeitar as diferenças, reconhecer que as pessoas possuem mais ou menos limitações, mas que todas têm importância e merecem o seu lugar na sociedade”.
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UFJF 2016