A atleta Vanessa Murby utiliza duas frases motivadoras para se manter no esporte: “Se algo não o desafia, isso não o mudará” e “Vitória requer pagamento adiantado”. O caixa é abastecido com treinos pesados, concentração e a própria atleta como adversária. Esse é o método encontrado pela esportista para tentar obter as melhores marcas no lançamento de disco nos Jogos Paralímpicos Rio 2016.
Deficiente visual, Ness, como é conhecida, é uma das favoritas ao pódio na modalidade. Vice-campeã mundial, a atleta está treinando na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com mais 31 integrantes da equipe paralímpica do Canadá.
“Sempre presto atenção às críticas que recebo sobre meus movimentos para lançar e sobre os treinos. Desde que se mantenha a concentração, é fácil identificar o que é necessário melhorar, se é preciso fazer mais exercícios suplementares ou mudar o treino”, disse. A afirmação vai ao encontro de outra esportista, a brasileira Terezinha Guilhermina, bicampeã paralímpica e recordista mundial. Em entrevistas à imprensa, ela reitera que sua maior adversária é ela própria.
Ness não busca informações sobre os outros competidores, como o tipo de técnica que estão empregando, reforça que seu desempenho está de fato relacionado ao quanto consegue verificar, em si mesma, o que precisa aperfeiçoar. “Quando estou numa competição, observo sim quais são as marcas obtidas pelas outras atletas. Mas fora disso, não sei o que estão treinando, não é possível controlá-las. É sim possível trabalhar para melhorar suas próprias marcas. Neste ano, estou feliz por superar várias vezes a minha por mais de sete metros.” No Mundial disputado em 2015, Ness lançou o disco a 25,52 metros.
Foco, apoio e Facebook
O período de treinamentos na UFJF tem sido de mudanças positivas para Ness. A atleta é conhecida por sua versatilidade de atuar em diversas modalidades. Pratica lançamento de dardo e arremesso de peso, já defendeu a Austrália no goalball e o Japão no levantamento de peso. Nos dias que antecedem os Jogos Paralímpicos, está focada no lançamento de disco. Com isso, disse perceber as vantagens de focar apenas em uma modalidade para se aperfeiçoar.
Outro ponto constante é o suporte há quatro anos do cão-guia Lexington. O labrador já rodou o mundo, acompanhando em todas as competições Ness e Eva Fejes, a atleta-guia com quem é casada. O cão não tem acesso apenas ao campo de lançamentos. “Não seria bom, ele é muito preguiçoso e atraente, chamaria a atenção das outras pessoas”, brinca Vanessa, que publica diariamente, em sua página no Facebook, fotos e vídeos sobre o período de treinos.
Na rede social, estão lá imagens de Lex no hotel, a atenção dada por policiais na escolta da delegação até o campus, brincadeiras da equipe e explicações sobre o tipo de atividades, como treinos de força, velocidade ou lançamento.
Assistir à preparação
Os treinos na Faculdade de Educação Física e Desportos da UFJF são abertos ao público. Não é preciso fazer cadastro. Os horários de atividades são informados pela delegação na véspera e divulgados no portal e na página UFJF 2016 no Facebook. A equipe paralímpica do Canadá estará em Juiz de Fora até o próximo dia 5.