A recepção de nove delegações olímpicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), além de promover troca de experiências profissionais, cria um campo de oportunidades para professores, alunos e técnico-administrativos em Educação. No Congresso Internacional de Ciências do Esporte, por exemplo, eles compuseram voluntariamente a equipe de intérpretes coordenada pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI), para a tradução de palestras de integrantes das comissões técnicas e gerentes das delegações que treinam na Universidade.

A presença das delegações na UFJF motivou a identificação, pela DRI, da possibilidade de um rico conhecimento transversal. A Diretoria, além de atuar nas atividades que envolvem tradutores no Congresso, providenciou attachés, alunos que têm acompanhado os integrantes das delegações olímpicas 24 horas por dia, não apenas como intérpretes, mas para apoio em situações de rotina, por exemplo, para ir ao banco.

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Equipe da Diretoria de Relações internacionais coordena trabalho de tradução dos intérpretes e de apoio, realizado 24 horas por dia, pelos attachés, auxiliando os membros das delegações olímpicas em todas as situações

Para a diretora de Relações Internacionais, Bárbara Daibert, o envolvimento dos alunos da UFJF, que estão trabalhando voluntariamente, revela profissionalismo e muita competência. “A oportunidade que estamos tendo, não apenas com este congresso, mas com a vinda das delegações olímpicas para Juiz de Fora, é um enorme ganho acadêmico para todos nós”.

Animados com a experiência, os estudantes mostram-se conscientes da importância, para eles e para a instituição, do trabalho que estão realizando, conforme analisa Luiza Dias, aluna de Comunicação. “Ter meu país sediando os Jogos Olímpicos é algo que eu provavelmente não verei outra vez. Então, quando surgiu a oportunidade de trabalhar voluntariamente com a tradução do Congresso Internacional de Ciências do Esporte, eu não podia recusar. Acho que, além de praticar o inglês, conhecer vários atletas e profissionais da área, a experiência de ouvir palestras, relatos deles, é um momento único na história do país. Esse trabalho voluntário está sendo de extrema importância para o meu crescimento pessoal e profissional, e os resultados são todos positivos”.

O Idioma sem Fronteiras, programa coordenado, na UFJF, pela Diretoria de Relações Internacionais, selecionou quase 200 alunos que estão atuando no apoio às delegações. Esses alunos são os attachés, palavra francesa que tem o sentido de estar ligado, conectado.

Segundo o diretor da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid), Maurício Bara, a opção pelos estudantes foi um grande acerto. “Quando pensamos na importância de ter pessoas auxiliando no dia-a-dia dos atletas, consideramos que a melhor solução seriam os nossos próprios alunos. Foi quando procurei a DRI e tivemos uma receptividade absolutamente positiva. Quando  a Diretoria abriu o edital, foram mais de duzentos inscritos, de quase todas as áreas. Neste momento, eu tive a certeza de que todo o nosso trabalho estava dando certo; o objetivo era atingir o aluno, fazer isso para o aluno”.

Uma ponte entre culturas

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Congresso Ciências do Esporte contou com tradução simultânea feita por equipe formada por estudantes e professores (Foto: Alexandre Dornelas)

De acordo com a coordenadora do Idiomas sem Fronteiras, Carolina Magaldi, “o que aconteceu no Congresso, por exemplo, é tanto um processo de tradução verbal do que estava sendo dito, como uma mediação do conhecimento. O tradutor é uma ponte entre duas culturas. Neste evento, tivemos também a cultura esportiva. E este processo é fundamental para a área de tradução. Desde a década de 70, a tradução é vista como um processo histórico-cultural, a forma de ver o mundo que vem junto. E hoje, todos eles trouxeram um elemento cultural, e isso foi retransmitido pelos tradutores, foi um processo muito interessante. Para o Idiomas sem Fronteiras, está sendo uma experiência inenarrável”.

Carolina acrescenta ainda o entusiasmo pelos resultados alcançados. “O presidente do Congresso me disse que houve um aspecto muito mais dialogado no evento pela descontração trazida pelos tradutores. A competência de todos foi muito elogiada.” Outro aspecto que contribui para o placar positivo da UFJF é colher a possibilidade de uma construção institucional. “Para a organização, nós não estamos aqui prestando um serviço, estamos trabalhando juntos, em uma parceria. E isso é muito importante para a construção do conhecimento aqui na universidade. Os attachés e os tradutores são alunos de áreas distintas que estão se reunindo para atuar como voluntários. Estas áreas estão se encontrando de uma maneira única”, conclui.

O diretor da Faefid, Maurício Bara, acrescenta ainda a oportunidade única. “Se fôssemos trazer todos estes atletas e técnicos, seria praticamente impossível realizar o Congresso, também por questões econômicas. E o nível das discussões que trouxeram aqui é algo de extremo valor para toda a comunidade acadêmica”.

No espírito olímpico, a grande vitória é a união entre os homens. Deste modo, para Bárbara Daibert, a DRI cumpre seu papel “por proporcionar este trânsito e facilitar estas aproximações internacionais entre as pessoas, entre as línguas e entre as culturas, de forma institucional em uma universidade pública e de qualidade”. No final, todos ganham.