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Aluno analisou a transição agroecológica do agroecossistema familiar da comunidade remanescente de quilombo São Pedro de Cima. (Foto: Géssica Leine)

O aluno Timothy Ongaro Orsi, do Programa de Pós-Graduação em Geografia, defendeu nesta quinta, 23, a dissertação “Estratégias Territoriais Contemporâneas de uma Comunidade Remanescente de Quilombo: Análise de um Agroecossistema em Transição Agroecológica – São Pedro de Cima, Divino/MG”.

O objetivo da pesquisa é a análise das potencialidades e dos limites da transição agroecológica na comunidade, focando em seu agroecossistema produtivo. Alguns limites encontrados foram em relação à documentação das terras, que eram maiores antigamente e que foram, em parte, tomadas por fazendeiros, famílias brancas que chegaram posteriormente e por vendas. Além das limitações fundiárias ainda há as ambientais. Existe ainda, segundo o mestrando, uma pressão por parte de empresas externas à comunidade, fora a questão da agricultura de café nos moldes da revolução verde.

No que se refere às potencialidades, a pesquisa observou que a comunidade tem um modo de vida que possibilita a sustentabilidade, com a produção voltada parte para o mercado interno, isto é, para a subsistência das famílias; e parte para o externo, a fim de conseguir renda monetária para as famílias da comunidade. O pesquisador também verificou que a policultura de subsistência é o que realmente garante a sustentabilidade local. Os resultados foram obtidos através de métodos qualitativos da pesquisa-ação, como o diagnóstico rural participativo (DRP), entrevistas semiestruturadas, e análises de bibliografias sobre territorialidades quilombolas e Agroecologia.

De acordo com o orientador da dissertação, Vicente Paulo dos Santos Pinto, o estudo é uma análise acerca da organização territorial quilombola a partir da visão do membro da própria comunidade, e é uma maneira estratégica que a Geografia se utiliza para dar visibilidade a grupos sociais esquecidos, com hábitos culturais próprios. “A pesquisa colabora na relação das práticas territoriais adotadas por esses sujeitos, enquanto elemento de reconhecimento e emancipação da comunidade,” explica.

Timothy faz parte do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica Ewè (NEA Ewè) desde 2012 e, há algum tempo, acompanha as ações do projeto “Da diversidade cultural à diversidade produtiva: a construção das bases para a transição agroecológica” e os eventos de articulação entre comunidade quilombolas da Zona da Mata Mineira na UFJF, conhecidos como Kizomba Namata. Por isso, já tinha certa inserção dentro da comunidade. “Algumas dificuldades encontradas durante a pesquisa foram em relação à distância. A comunidade fica a cerca de 5 horas de distância de Juiz de Fora. “Os recursos também foram limitados, tive que obtê-los através de ações dos projetos desenvolvidos na própria comunidade.” Apesar das limitações da pesquisa os resultados obtidos fortalecem a construção do enfoque agroecológico e o aprofundamento da questão quilombola na UFJF.