Quatro alunos estrangeiros que estudam ou já estudaram na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) contam o que pensavam sobre o Brasil e Juiz de Fora antes e depois de conhecerem o país e a cidade. Falta de pontualidade, o uso de cachaça para curar gripe e o volume de leitura exigido são três dos dez pontos abordados pelos estudantes da Alemanha, do Equador, do Japão e de Portugal.

1 – Confiantes, brasileiros perguntam ‘coisas estranhas’

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“As pessoas sentem confiança em perguntar coisas que, no Equador, seriam estranhas”, Eduardo Rendón

“Não sei bem, mas, no Brasil, as pessoas sentem muita confiança em perguntar coisas que, no Equador, seriam estranhas. Você acaba de conhecer a pessoa, e ela já te pergunta onde e com quem você mora. As pessoas aqui são muito diferentes em relação ao meu país, mas estou me acostumando. Na cidade onde morava, é algo incômodo perguntar esse tipo de coisa se você acabou de conhecê-la. Mesmo assim, sinto-me muito bem, estando em Juiz de Fora.”
Eduardo Rendón, intercambista equatoriano, há três meses, no curso de Engenharia Mecânica

2 – Turmas menores, professores mais próximos e mais leituras

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“Em geral, foi ótimo [ter turmas menores] em termos de apoio”, ex-aluna alemã Rebecca Gramlich

“A minha universidade alemã é menor, com apenas quatro faculdades e 12 mil estudantes. Mesmo assim, a UFJF oferece turmas menores – o que para mim, e acho que isso pode ser dito pelos intercambistas, em geral, foi ótimo em termos de apoio. Devido a isso e a outros fatores culturais, a relação professor-aluno é muito mais próxima na faculdade brasileira. E, nas ciências humanas, percebi que os professores brasileiros pedem mais leituras do que os alemães. Outra diferença é que professores e técnicos podem, sim, fazer greve. Na Alemanha, não é o caso.”
Rebecca Gramlich, intercambista alemã, ficou um ano na UFJF para estudar disciplinas de história, letras e religião.

3 – Cachaça não é água não, mas é usada para ‘tratar gripe’

"Quando a pessoa fica gripada, bebe cachaça pura", Natsumi Hara

“Quando a pessoa fica gripada, bebe cachaça pura”, Natsumi Hara

“Quando a pessoa fica gripada, bebe cachaça pura para ficar melhor. É uma coisa que acho esquisita, mas gostei e levei esse hábito para o Japão. Também gosto de estrogonofe, feijoada e mandioca frita.”
Natsumi Hara, intercambista japonesa, estudou nutrição, português e língua estrangeira também por um ano na UFJF.

Estrogonofe também é citado como a “comida típica” brasileira mais gostosa, pelo equatoriano Eduardo Rendón.

4 – Falta de pontualidade não é só hábito, é marca registrada

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Falta de pontualidade é mais que hábito, segundo intercambista alemã Rebecca Gramlich

Confesso que, mesmo sabendo, estranhei bastante a falta de pontualidade dos brasileiros. Conheço alguns muito pontuais, mas a maioria sempre atrasa e isso é o oposto do que é de costume na Alemanha. Dizer que me acostumei seria exagerado, mas, com o tempo, você consegue acumular informações pela experiência e aprende a fazer as contas. No fim, tive um tipo de tabela mental com o tempo que os meus amigos geralmente atrasavam. Fulana: mais 20 minutos. Fulano: mais 40 minutos. E por aí vai. Essa foi a minha ferramenta de adaptação, porque, dessa forma, podia marcar às 14h com Fulana e, na minha mente ou agenda, simplesmente adicionar os 20 minutos. E chegamos na mesma hora.”
Rebecca Gramlich, intercambista alemã

5 – Juiz de Fora não é sempre quente, tem quatro estações em um dia

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Ex-intercambista japonesa Natsumi Hara: “Achava que Juiz de Fora era sempre quente”


“Antes de ir para Juiz de Fora, achava que aí era sempre quente, mas a cidade tem quatro estações em um dia. Também tem quatro estações no ano.”
Natsumi Hara, intercambista japonesa

6 – Brasileiros não bebem tanta caipirinha, mas comem arroz e feijão todos os dias

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“Também acho estranho, todos os dias, comer arroz e feijão”, português João Salgueiro

“Vocês consomem muita cerveja. Eu não sabia, pois pensava que ia para o Brasil beber caipirinha. Também acho um hábito muito estranho todos os dias comer arroz com feijão no Restaurante Universitário.” 
João Salgueiro, intercambista português, está há dois meses cursando Administração

7 – Professor exige presença, leituras e apresentações
“A principal diferença no ensino é que no Brasil exigem presença, muito mais coisas para ler, muitos trabalhos e apresentações, enquanto que, em Portugal, o professor explica quase tudo por slides, não nos mandam ler tantos livros e artigos, não marcam faltas etc.”
João Salgueiro, intercambista português

8 –  Alunos expõem ideias em sala de aula

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No Japão, alunos não expõem ideias como no Brasil, segundo ex-aluna japonesa

“Na aula, muitas pessoas falam sua ideia diretamente para o professor. Mas, no Japão, não falamos nossa ideia. Isso é um lado muito legal no Brasil.”
Natsumi Hara, intercambista japonesa

9 – Brasil não é tão perigoso
“Antes de ir para o Brasil, pensava que era um país muito perigoso. Mas não é tanto. Acho que eu só sabia um aspecto do Brasil. Gosto mais do país do que antes, porque conheci uma cultura bacana e pessoas muito carinhosas, alegres e fofas.”
Natsumi Hara, intercambista japonesa

“Tinha imagem de que o Brasil era um país super perigoso, mas não tenho tido razão de queixa até agora. Graças a Deus!”
João Salgueiro, intercambista português

10 – País não é só festa, alegria e natureza

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“Ainda acho as pessoas festeiras, mas aprendi muito sobre o brasileiro”, Rebecca Gramlich

“O meu intercâmbio, na verdade, foi a segunda vez que visitei o Brasil, porém, a primeira em que fiquei tanto tempo. Na primeira, só tinha visitado alguns dos cartões postais mais importantes. A imagem que tinha ainda era de um país gigantesco onde moram pessoas felizes e festeiras cercado por natureza impressionante muito diferente de tudo que conhecia na Alemanha. Ainda acho as pessoas festeiras, mas aprendi muito mais sobre o brasileiro e seu jeito carinhoso de encontrar uma pessoa pela primeira vez e abrir casa e coração para ela sem medo, de compartilhar seus conhecimentos com quem esteja realmente interessado e também conheci o senso de comunidade.”
Rebecca Gramlich, intercambista alemã

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