A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) abre as portas novamente para refugiados políticos ingressarem nos cursos de graduação da instituição. As inscrições acontecem na segunda e na terça-feira próximas, dias 23 e 24. O candidato à vaga deve se apresentar na Central de Atendimento, portando a carteira emitida pelo Conselho Nacional para Refugiados (Conare), que atesta sua situação e certificado de conclusão de ensino médio ou, caso não tenha, atestado também emitido pelo Conare.
No ato da inscrição o interessado deve fazer opção por até três cursos. Numa etapa seguinte, a Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos (Cdara), responsável pela matrícula, envia o pedido para a coordenação de cada curso escolhido e avalia as condições para o ingresso, como número de vagas e documentação do candidato. Em seguida, de acordo com a disponibilidade de vagas, os candidatos são alocados conforme suas opções.
A abertura para estes estudantes, por meio de projetos especiais, existe desde 2004 na UFJF e as duas últimas entradas aconteceram em 2009. Até agora foram nove refugiados acolhidos no campus, dentre os quais quatro conseguiram se formar e um foi transferido. “A Universidade possui uma postura de inclusão, nada mais justo que ela ofereça a essas pessoas condições de inserção na sociedade. Acolher refugiados políticos e os inserir em nosso contexto através da educação, promove maiores condições de apropriação de outras questões sociais para os mesmos”, afirma a pró-reitora de Graduação, Maria Carmen Simões.
De pai para filho
Ramiro* ingressou na UFJF logo no início do programa e se formou em Administração em 2010. Chegou fugindo da guerra em Angola e em busca de oportunidades de estudos. “Somos povos semelhantes na comida, na cultura e no idioma. No começo, tive dificuldades de fazer amizades e senti muita saudade do meu povo e da minha terra. Mas assim que entrei na UFJF fui conhecendo novas pessoas e recebendo conselhos e encorajamento dos novos amigos e dos professores.”
O período de conflitos em Angola acabou e o país vive tempos de paz. Ramiro pretende voltar, mas antes quer que seus filhos, agora com o ensino médio já concluído, também estudem na UFJF pelo mesmo programa. “Quero dar a mesma oportunidade que tive aqui para eles.”
De acordo com o Conare, o número de refugiados reconhecidos no Brasil cresceu 127% entre 2010 e 2016. O dado consta no relatório sobre o refúgio no país, divulgado este mês. Pelo documento, o Brasil abriga 8.863 refugiados de 79 nacionalidades. Síria, Angola, Colômbia, Congo, Libâno, Iraque, Libéria, Paquistão e Serra Leoa estão entre os países com maior número de refugiados. O Conare registra, também, crescimento significativo no número de pedidos de refúgio. Nos últimos cinco anos, essas solicitações subiram de 966 para 28.670.
* O sobrenome de Ramiro foi preservado para evitar eventuais prejuízos ao ex-aluno.
Outras informações: (32) 2102-3978/3979 (Central de Atendimento-UFJF)