Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 07/05/2016
Link: http://www.tribunademinas.com.br/desafio-no-atendimento-aos-pacientes-mentais/
Desafio no atendimento aos pacientes mentais
O fechamento dos sete hospitais psiquiátricos de Juiz de Fora – uma conquista na luta histórica pela humanização do atendimento a pessoas com doenças mentais no Brasil – impõe agora um novo desafio para a saúde mental no município: impedir a desassistência dessa população. Com uma Rede de Atenção Psicossocial (Raps) ainda em consolidação, a cidade dispõe de boa parte dos serviços previstos pela Política Nacional de Saúde Mental (ver quadro), mas enfrenta alguns gargalos como a deficiência de alas específicas para internação de crianças e adolescentes, a falta de três Centros de Atenção Psicossocial (Caps) na Zona Norte e a existência de apenas uma porta de entrada para a urgência psiquiátrica, localizada no HPS. E, apesar de dispor de 41 leitos credenciados em hospitais gerais para o atendimento das crises e da dependência química, além de outros 16 leitos considerados de retaguarda, a questão do acesso ainda divide especialistas.
Para o professor da residência de psiquiatria da UFJF, o médico César Mello, os Caps existentes na cidade não dão conta de todos os casos, principalmente os que demandam a necessidade de internação. “Eu trabalho no Caps. Acho uma equipe fantástica, um trabalho maravilhoso, só que existem quadros graves que necessitam da internação. Como psiquiatra infantil que sou, já acho difícil internar adulto em Juiz de Fora, que dirá crianças e adolescentes com transtornos mentais. No consultório, posso internar o paciente que tem plano de saúde em uma clínica particular de Juiz de Fora, mas para paciente do SUS não tem clínica. Experimente ligar para o Samu para vir atender pacientes com transtornos mentais na rua, vamos ver se eles vêm. Não vêm. Há uma completa desassistência”, critica.
A chefe do Departamento de Saúde Mental, Andréia Stenner, contesta a afirmação do médico e diz que a Rede de Atenção Psicossocial não acabou com a internação. “A gente utiliza, sim, o recurso do leito, mas dentro de um plano terapêutico para aquela pessoa. Todas as pessoas com recomendação clínica vão ser indicadas para a internação se as equipes médica e multiprofissional decidirem pelo internamento. Além disso, grupos de trabalho vêm atuando na melhoria da capacidade de interlocução com a rede de assistência no momento da crise do paciente. A ideia é que a gente consiga que todas as unidades da urgência e emergência atendam a saúde mental e não só o HPS. Estamos procurando afinar as ações conjuntas do Samu com a saúde mental, por meio da capacitação dos médicos do Samu, porque o acionamento da PM só deve ser feito quando há risco”, explica Andréia.
Ainda segundo a chefe do Departamento de Saúde Mental, de janeiro até agora, foram registrados apenas três pedidos de internações compulsórias na cidade. “Isso mostra que alguma coisa está dando certo. Não tem ninguém desassistido em Juiz de Fora. Até os casos mais emblemáticos estão sendo trabalhados. Os fluxos estão sendo criados e todo trabalho técnico de concretude dessa rede está sendo construído”, afirma.
O coordenador regional das promotorias de Saúde, Rodrigo Barros, reconhece a deficiência de acesso em função de serviços ainda não implantados, no entanto, defende os avanços alcançados na cidade. “Juiz de Fora teve grandes avanços na questão da saúde mental e ainda tem um facilitador que é a contratualização com o Hospital Ana Nery. Mas existe uma demanda causada pelo não acesso de alguns pacientes. No Hospital João Penido, a previsão era de 25 leitos para atendimento psiquiátrico, mas só nove estão disponíveis. O sistema ideal ainda não funciona, e a região Norte está descoberta pela ausência de um Caps III, de um Caps Álcool e Drogas, de um Caps Infantojuvenil, que já estavam pactuados na rede desde 2012, porém, sem a efetiva implantação. Além disso, desde dezembro de 2014, foi locado pelo Município imóvel para implantação do Caps Leste III, mas a mudança ainda não ocorreu, o que demonstra a dificuldade de disponibilização efetiva dos serviços que foram pactuados. A assistência aos usuários de Juiz de Fora também é prejudicada pela dificuldade de municípios vizinhos implantarem os respectivos serviços substitutivos, sobrecarregando a rede e, muitas vezes, a própria porta de urgência psiquiátrica no HPS.”
Para o médico de referência da Zona Norte, o psiquiatra e vereador José Laerte, a cidade precisa continuar a multiplicar as oportunidades de tratamento ambulatorial, já que nem sempre a internação resolverá o problema, principalmente na questão da dependência química. “A internação não é o único tratamento. Em alguns casos, ela é
necessária, mas por períodos curtos para a desintoxicação, por exemplo, no caso das drogas. No entanto, ela só se justifica se houver um programa que prepare o sujeito para dar continuidade ao tratamento no ambulatório, a fim de evitar o fenômeno conhecido na literatura como revolving door – porta giratória , quando há a constante reinternação do paciente. A dependência química é um problema tão complexo que, mesmo nos melhores serviços, o percentual de abstinência fica entre 40% e 60%. Entendo a angústia das famílias, mas não podemos ter hospitais para aliviar a tensão dos familiares em relação ao usuário. Por isso, os serviços da rede devem acolher a família
também.”
Vizinhos reclamam de residências
A extinção dos leitos de baixa qualidade e o fim do modelo manicomial, que isola e segrega o paciente com doença mental, tem enfrentado resistência de muitas alas e também entre a população em geral. Atualmente, 274 pessoas estão vivendo em serviços residenciais terapêuticos na cidade, um modelo que privilegia a retomada de vínculos sociais e afetivos, mas que necessita da mudança de cultura da sociedade. Em Juiz de Fora, alguns moradores de bairros que assistiram o nascimento desses serviços fizeram abaixo-assinado para tentar impedir a implantação dessas casas na sua área. A justificativa é o incômodo causado pela proximidade de expacientes de hospitais
psiquiátricos que foram fechados justamente pela falta de qualidade no atendimento oferecido. “Não se trata apenas de fechar o hospital psiquiátrico, mas de construir uma prática de cuidados que não reproduza o modelo asilar. As pessoas precisam de tempo para entender isso”, reconhece a chefe do Departamento de Saúde Mental, Andréia
Stenner.
Em entrevista publicada no site da Associação Brasileira de Psiquiatria, o presidente da entidade, Antônio Geraldo da Silva, afirma que o modelo de saúde mental implantado no país há 20 anos é “contrário aos psiquiatras, à medicina e aos pacientes”. Segundo ele, faltam leitos, atendimentos ambulatoriais com psiquiatria, medicamentos em quantidade e qualidade. “Hoje quem tem condições financeiras consegue um bom atendimento, mas quem não tem recursos está fadado ao inferno. Na psiquiatria, o Brasil vive dois extremos: a iniciativa privada comum dos melhores sistemas, comparado ao europeu ou americano; e o sistema público, desumano, como o africano. É o fim desse abismo social que defendemos.”
O diretor clínico do Departamento de Saúde Mental de Juiz de Fora, o psiquiatra Renato Lobo, vê a questão de forma diferente. Segundo ele, os próprios psiquiatras se colocaram fora da discussão que resultou na criação do modelo centrado na humanização do atendimento. “Na medida que a orientação deixa de ser hospitalocêntrica e os dispositivos extrahospitalares e de base territorial passam a ser priorizados, a grande maioria dos médicos não acompanha essas mudanças e se afasta da reforma psiquiátrica. A reforma, no entanto, jamais vai dispensar a importância do ato médico, mas existe ainda uma dificuldade da classe médica de compartilhar o poder da assistência. Isso faz com que ele se sinta fora do contexto assistencial. Na medida em que ele se abre e compartilha, ele não só é bem-vindo, como indispensável. A questão é ele se situar em um novo lugar”, explica.
Para o psiquiatra José Laerte, os médicos não são ouvidos onde eles não participam. “Nunca tive dificuldades em relação a isso. O que as pessoas precisam entender é que o hospital brutaliza a assistência, porque sempre há violação de direitos, e a gente passa a ver nelas uma coisa normal.”
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Veículo: Acessa.com
Editoria: Educação
Data: 07/05/2016
Marcos David, novo reitor da UFJF, fala dos planos para os próximos anos
Em 2014, a chapa encabeçada por Marcos David (foto ao lado) ficou em segundo lugar nas eleições para a reitoria da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Quase dois anos depois, o professor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis voltou a se candidatar, após renúncia de Júlio Chebli em dezembro de 2015, e foi eleito com 57,2% da preferência da comunidade acadêmica, tendo vencido em todos os setores nas eleições de fevereiro deste ano.
Com a chapa “Reconstruir a UFJF”, Marcos garante que a necessidade dentro da universidade é de mudança. “A comunidade universitária, por meio dessa votação dos três segmentos, demonstrou esse sentimento, de confiança no projeto de reconstrução da UFJF em termos de transparência de gestão, de participação coletiva nas definições dos rumos da instituição”, explica.
A posse oficial como reitor aconteceu no dia 15 de abril, durante cerimônia realizada no Cine-Theatro Central. Nos primeiros dias de administração, Marcos explica que a UFJF precisa de atenção em vários setores e que, por conta disso, está sendo feito um estudo. “Neste momento estamos finalizando o relatório da situação da universidade para apresentarmos para a comunidade em geral, onde vamos ter a oportunidade de compartilhar tudo o que levantamos na transição de gestão e dentro do compromisso que assumimos de transparência”, diz.
Ao longo da campanha, o novo reitor prometeu manter um diálogo aberto com os estudantes. Ele garante que isso já está acontecendo. “Isso já está materializado com a participação intensa dos estudantes na discussão sobre o edital que lançamos de bolsas de apoio estudantil, de forma continuada. Estamos firmemente comprometidos com esse propósito de diálogo constante com os três segmentos”, garante.
Segurança
Outro ponto de preocupação da comunidade acadêmica é em relação à segurança do campus em Juiz de Fora, já que os crimes de roubos têm aparecido com mais frequência no noticiário local. Segundo David, essa é uma das prioridades da nova reitoria. “Vamos anunciar em breve várias medidas que já estão sendo tomadas. Também estamos com o Fórum de Segurança que será implementado. A violência é uma preocupação de toda a sociedade em geral e a UFJF não fica fora deste contexto. Estamos agindo e vamos divulgar em breve para a imprensa e comunidade em geral”, afirma.
Ações afirmativas
Alvos de críticas da Câmara Municipal de Juiz de Fora e por parte da sociedade conservadora, os programas elaborados pela Diretoria de Ações Afirmativas, como o “Libera meu xixi”, também terá um trato especial por parte de David. “Vamos ampliar ainda mais as ações da diretoria, inclusive com a criação da Ouvidoria Especializada, cuja criação será apreciada pelo Conselho Superior”, fala.
Obras
Por fim, Marcos David foi questionado pela reportagem sobre a situação econômica da UFJF, das obras em andamento e previsão de término. Para as três perguntas, o reitor afirmou que será apresentado um relatório completo do quadro financeiro da UFJF ao Conselho Superior e diversos setores para, a partir daí, definir as prioridades em relação as obras inacabadas.
Perfil
Marcus David é doutor em Administração pela Universidade Federal de Lavras. Formou-se em Economia pela UFJF em 1988 e, no ano seguinte, se graduou também em direito, pelo Instituto Vianna Júnior. Em 1994, obteve o título de mestre em Administração pela UFRJ e iniciou sua carreira como professor da UFJF na então Faculdade de Economia e Administração, em 1997.
É professor associado do Departamento de Finanças e Controladoria da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e docente permanente do Programa de Mestrado Profissional de Gestão e Avaliação da Educação Pública da UFJF.
Na Universidade, ocupou vários cargos administrativos e esteve à frente da direção da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis entre 2010 e 2014. Foi pró-reitor de Administração, pró-reitor de Finanças e Controle, diretor Financeiro e ainda presidente do Conselho Diretor da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (FADEPE). Desempenhou também as funções de chefe do Departamento de Finanças e Controladoria.
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata-MG
Data: 07/05/2016
Instituições federais da Zona da Mata e Vertentes orientam sobre Enem
As inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começam na próxima segunda-feira (9). As provas serão nos dias 5 e 6 de novembro e a nota é um dos principais critérios, via Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para ingressar em Instituições de Ensino Superior. O G1apurou com as universidades federais de Juiz de Fora, Viçosa e São João del Rei e com o Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste) sobre a importância da prova para conseguir vagas nessas instituições.
Os candidatos podem se inscrever até as 23h59 do dia 20 de maio. A taxa de inscrição subiu de R$ 65 para R$ 68 e poderá ser paga até as 21h59 do dia 25 de maio com uma Guia de Recolhimento da União (GRU). O pagamento pode ser feito em qualquer agência bancária, casa lotérica ou agência dos Correios.
IF Sudeste
O Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste) tem cursos técnicos, de especialização e de graduação em oito cidades. Entre elas, Juiz de Fora, Muriaé, Rio Pomba eSantos Dumont, na Zona da Mata, além de Barbacena e São João del Rei, no Campo das Vertentes.
De acordo com a assessoria, foram disponibilizadas 2.521 vagas no processo seletivo para o segundo semestre. Metade das vagas de cada curso é preenchida através do Sisu, desde a criação do sistema em 2010.
Nos processos seletivos para ingresso no segundo semestre, o número de campi, vagas e cursos é menor. As inscrições para as 336 vagas estão abertas até 12 de maio. A orientação do IF Sudeste é que, após o Enem, o candidato fique atento às chamadas do Sisu. As informações estão disponíveis no site da Comissão Permanente de Seleção.
Ao G1, a direção avalia de forma positiva o uso da nota do Enem como critério de seleção. “Permite que também concorram às vagas aqueles candidatos com dificuldades em comparecer às cidades dos nossos campi para a realização das provas. A etapa é crucial no processo seletivo institucional, porém dispensável na seleção via Sisu. Além disso, ajuda-nos a obter comparativos e dados mais precisos, em relação a outras Instituições de Educação Superior (IES), já que se trata de uma avaliação única”, diz a nota.
UFV
Até este ano, 15.781 estudantes ingressaram na Universidade Federal de Viçosa (UFV) usando a nota do Enem, de acordo com a assessoria. Em 2011, 20% das vagas foram ofertadas no Sisu. Entre 2012 e 2015, passou para 80% das vagas e, neste ano, todas as 3.190 vagas anuais serão via Sisu.
Atualmente a instituição oferece 67 cursos nos campi em Viçosa, Florestal e Rio Paranaíba. A UFV orienta que os candidatos conheçam o processo de correção das questões na preparação para o exame.
“Destacamos a complexidade que é construir um processo avaliativo com a natureza, objetivos e magnitude do Enem. Não temos tempo suficiente, utilizando deste processo seletivo, para uma avaliação, mas reconhecemos que ele é um bom processo avaliativo”, informou a instituição.
UFSJ
A Comissão Permanente de Vestibular (Copeve) da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) explicou que, além do ingresso via Sisu, o candidato pode usar a nota do Enem como primeira etapa no Processo Seletivo Simplificado para os cursos que demandam provas de habilidades específicas ou para Processo Seletivo por Transferência Externa e Admissão de Portadores de Diploma de Ensino Superior (Protap). A nota também é a etapa única para o Processo Seletivo Simplificado para os cursos de graduação na modalidade educação à distância.
Antes a universidade utilizava o Enem para compor as notas do vestibular. De 2010 a 2012, 10% das vagas do vestibular foram disponibilizadas para o Sisu, e os outros 90% ainda utilizavam as notas do Enem para compor o resultado final do Vestibular.
A partir de 2013, a UFSJ aderiu totalmente ao Sisu e o vestibular tradicional deixou de existir. Nos dois semestres de 2014 e 2015 e no primeiro semestre de 2016, 5.874 alunos ingressaram por este sistema.
De acordo com a Copeve, atualmente a UFSJ oferece 1.840 vagas para o primeiro semestre e 870 vagas para o segundo semestre para São João del Rei, Divinópolis, Ouro Branco e Sete Lagoas. São selecionadas via Sisu 1.770 das vagas do primeiro semestre e todas para o segundo semestre.
“As notas do Enem serão usadas via Sisu para a entrada no segundo semestre deste ano. As inscrições deverão ser no início de junho no site do MEC. Os candidatos devem ficar atentos no cronograma do Sisu e da UFSJ para que não percam as datas das chamadas e matrículas, pois o Sisu faz somente a primeira chamada e a manifestação pela lista de espera. A partir da segunda chamada, somente no site da UFSJ”, lembrou o presidente da Comissão Permanente de Vestibular (Copeve), José Trindade da Silva.
UFJF
Desde 2011, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) adota o Sisu, com base nos resultados obtidos pelos estudantes no Enem referente ao ano anterior, como parte do processo seletivo para 93 cursos nos campi em Juiz de Fora e Governador Valadares.
Segundo informações repassadas pela a Diretoria de Imagem Institucional, no primeiro semestre foram disponibilizadas mais de 300 vagas no campus Governador Valadares e mais de 1.400 vagas no campus Juiz de Fora. No segundo semestre, serão mais de 240 em Governador Valadares e mais de 1.000 em Juiz de Fora.
Há cursos que oferecem 70% das vagas pelo Sisu e 30% pelo Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) e há outros onde o percentual é até mesmo invertido. Na média, metade dos alunos da instituição ingressa pelo Sisu.
“A UFJF avalia que o uso das notas tem constituído um bom e eficiente mecanismo de seleção para o ingresso no ensino superior. Considerando os aspectos pedagógicos e logísticos envolvendo o Enem, entende-se que há processos e dinâmicas que podem ser ajustados, visando possíveis adequações regionais e locais”, informa a nota.
A orientação para os alunos é verificar quantas vagas são oferecidas para quais cursos e em qual período, porque varia por semestre. A UFJF destacou ainda para os candidatos terem atenção à centralidade na leitura e escrita, porque as habilidades vinculadas a esses processos perpassam todas as áreas do conhecimento avaliadas na prova.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cultura
Data: 08/05/2016
Link: http://www.tribunademinas.com.br/sonho-de-um-homem-felicissimo/
Sonho de um homem felicíssimo
Naquela tarde de sexta-feira, dia 29 de abril, o professor Franz Joseph Hochleitner estava, especialmente, ansioso. Recebia a equipe de reportagem do jornal que lê, religiosamente, todas as manhãs e, à noite, comemoraria, com grande festa ao lado de amigos, seus cem anos de vida, completados no dia seguinte. Mesmo afastado de um de seus grandes projetos – o Museu de Arqueoastronomia e Etnologia Americana, o qual fundou em 1986 , no aniversário tão aguardado, ele faz planos para a instituição. “Eu ajudei a sonhar o museu, sonho que ele tenha visibilidade. Eles (colaboradores do museu) me ajudaram a realizar meus projetos”, dispara o pesquisador austríaco radicado em Juiz de Fora desde 1948.
Aberta graças às doações de Franz, a instituição luta para ser reconhecida efetivamente como museu e nunca teve uma casa que pudesse chamar de sua. Depois que deixou um dos últimos endereços, uma sala no Museu de Arte Murilo Mendes, em 2010, a valiosa coleção foi definitivamente fechada ao público. Contudo, mesmo que seja cedo
para fazer planos, dias melhores parecem se anunciar, já que um acordo entre a Universidade Federal de Juiz de Fora e o Ministério Público garantiu que o acervo, que recentemente estava trancado em uma sala do RU do Centro e em um imóvel da Av. Rio Branco, fosse transferido, em abril deste ano, para o terceiro andar do Arquivo Histórico
da UFJF, na Av. Rio Branco.
“Mesmo não sendo o museu vinculado à Pró-Reitoria de Cultura (Procult), a pró-reitora Valéria Faria considera os acervos originais dos professores Franz Joseph Hochleitner e Nely Ferreira do Nascimento de extrema relevância, razão pela qual entende que o museu deve ser reaberto e disponibilizado para pesquisas. No entanto, não há ainda
previsão de reabertura ou mesmo definição de um local certo para a sua instalação, uma vez que a atual gestão da UFJF ainda está fazendo um diagnóstico da situação dos acervos da universidade”, afirmou, por meio de nota, a assessoria de imprensa da Procult.
Laboratório pode ser reativado
Nas novas instalações, a coleção ainda está confinada em caixas e mais caixas. É difícil ter a real dimensão de todo o acervo, mas, com a ajuda da pesquisadora e colaboradora do museu, Luciane Monteiro Oliveira, a Tribuna conheceu peças curiosas. Lá, encontram-se vasos pré-colombianos, lanças, flechas, crânios indígenas, uma máscara ritual, confeccionada de fibra vegetal, cerâmicas e muitas ferramentas.
“Aqui não há peça preciosa, há informações preciosas. É um conjunto magnífico. Boa parte do acervo etnográfico é da etnia Maxacali. E, como toda sociedade é dinâmica, tem muito objeto que eles não fazem mais. Ainda tem todo o acervo da coleção do professor Franz, com peças do grupo Tiwanaku, da Bolívia, que tem sua relevância dentro do contexto da época”, afirma Luciane, encontrando coro nas palavras de César Henrique Barra Rocha, atual coordenador do museu.
“Temos um patrimônio arqueológico e etnográfico não disponível em qualquer outro lugar. Além da parte americana, que é mais ampla, tem a parte da Zona da Mata”, afirma o coordenador, apontando para uma necessidade que se faz urgente. “A cultura do museu precisa ser criada na universidade”, sentencia ele, que é professor do curso de engenharia da instituição de ensino.
Embora não haja muitas certezas quanto à reabertura, o sonho de voltar a receber visitantes começa a ser construído, e, com ele, alguns projetos já são pensados. “Temos ideia de realizar em parceria com o pessoal das artes uma exposição e de abrir para o público, principalmente, o escolar, porque existe demanda”, adianta Luciane, satisfeita com a nova casa. Cesar também faz planos, vê a reativação de toda a parte de pesquisa e reabertura do laboratório de arqueologia.
Acervo passa por nova avaliação
Ex-bolsista do projeto, de 1993 a 1995, quando cursava história, e mestre em arqueologia, Luciane conta que o levantamento de peças para a instituição é feito, basicamente, por meio de doações, como a realizada pela professora Nely Ferreira do Nascimento em 1993. Quanto ao material arqueológico, ele é fruto de escavações feitas pelos pesquisadores ligados ao museu. “Infelizmente, com as várias mudanças, muitas peças se perderam. Inclusive, com essa ação do Ministério Público, o juiz solicitou um arrolamento dos bens, e é isso o que vamos fazer agora. Temos tudo inventariado. Nosso processo é longo, vamos conferir as condições atuais de cada objeto e verificar o que é passível de restauração”, assevera ela.
Por um longo tempo, os trabalhos no museu continuaram em “silêncio”, segundo Luciane. “Fizemos pesquisa e extroversão. O museu foi às escolas, e continuamos com o projeto de extensão com bolsas financiadas pela UFJF. Tivemos quatro bolsas durante todo esse período”, diz a colaboradora. Problema já relatado em reportagem da Tribuna de 8 de abril de 2001, intitulada “Um quase-museu de arqueoastronomia”, a falta de recursos se mantém. “Sempre nos mantivemos com projetos que enviávamos para as agências de fomento, como CNPQ e Fapemig.”
Perspectiva de ampliação
Foi na década de 1980 que a história do museu começou a ser escrita. Na época, começou-se a discutir a reunião de todos os “museus” da Universidade no Museu Escola, projeto tocado sob a coordenação da então responsável pela administração e gerência de Cultura da Pró-Reitoria de Ensino e Pesquisa da UFJF, professora Marisa Timponi. Nesse contexto, Franz Joseph Hochleitner doou toda sua coleção, na perspectiva de ampliação das atividades culturais, bem como de pesquisa e extensão. “Descobrimos que a UFJF tinha uma série de embriões de museus que poderiam ser reunidos num só lugar. Foi feito até um projeto arquitetônico de um prédio inteligente, que ficaria ao lado da Biblioteca Central. O professor Franz tinha uma salinha ao lado do local onde eu ficava, e começamos a trabalhar a ideia de investigar aquele acervo pela sua importância”, recorda-se Marisa.
Como cada uma das “instituições” tinha uma intenção museológica diferente, o Museu Escola não foi para frente, conforme aponta a professora. “Percebeu-se a dificuldade de se reunir todos em um só espaço. Depois, o Museu do Franz cresceu, com a presença de pesquisadores de renome”, comenta Marisa, defendendo a ideia de que essas
instituições precisam ter seus próprios espaços. “Sou da cultura dos museus. A história precisa ser registrada, e essas instituições precisam ter sua existência, principalmente as que se dedicam à pesquisa. Dentro da universidade, isso precisa acontecer mais do que nunca, porque lá é um fórum de discussão e deve preservar a cultura.”
‘Eu me sinto bem brasileiro’
Em sua casa no Bairro São Pedro, o professor Franz Joseph Hochleitner arrancou aplausos de quem o rodeava, ao dizer o que sentia por chegar aos 100 anos, idade que sempre almejou celebrar. “Felicíssimo. Me tratam muito bem”, comemora o austríaco, repetindo palavras muitas vezes ditas ao longo da vida em nossas terras. “Eu me sinto bem brasileiro”, declara o homem que deixou a Europa e aportou em Juiz de Fora, em 1948, acompanhado da esposa Eva Hochleitner e da filha Regina, de apenas 1 ano.
Assentado na sala de sua casa, foi com orgulho que apontou para o livro “Memórias autobiográficas de Franz Joseph Hochleitner”, lançado pela Editar em 2005, onde está narrada toda sua história. Aqui na “terra prometida”, como ele se refere ao país que o acolheu, ele encontrou refúgio depois de escapar dos sombrios tempos do pós-guerra.
Franz “lutou bravamente, servindo em importantes frentes de combate, inclusive da Rússia, onde foi gravemente ferido”, conta, na obra, o tradutor Celso Rodrigues Filho.
Na publicação, são apresentadas sua infância e juventude, além de todos os seus grandes feitos, como a decifragem do calendário lunossolar da Porta do Sol, de Tiwanaku, próxima ao Lago Titicaca, na Bolívia. O trabalho ainda hoje o deixa com brilho nos olhos, sendo lembrado durante o bate-papo com o jornal, e foi o que, primeiro, o fez se projetar internacionalmente.
Além de se destacar no campo das ciências, Franz escreveu seu nome nas artes juizforanas, passando a frequentar a Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, onde travou amizade com Silvio Aragão e Clério Pereira de Souza. Pintou e esculpiu. “Nosso professor possui a sensibilidade comum aos cientistas e aos artistas, mas tal sensibilidade se manifesta em sua obra de arte no terreno que lhe é próprio, que é o da expressão”, confidencia, no livro, o presidente da Abaap, Lucas Amaral.
Luciane conta que, até bem pouco tempo, Franz Joseph Hochleitner se mantinha ativo nas pesquisas e se inteirava das publicações realizadas pelo Museu de Arqueoastronomia, mesmo após uma isquemia cerebral, sofrida em novembro de 1999. Ao final da entrevista, uma de suas acompanhantes diz, orgulhosa, que ele não toma qualquer remédio e que sua alegria, diária, é acordar, tomar café da manhã, pegar a Tribuna, assistir a filmes e escutar música. Ele acompanhou todo o diálogo atento e voltou a repetir. “Estou muito feliz por ser lembrado.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 08/05/2016
Link: http://www.tribunademinas.com.br/aedes-aegypti-se-adaptou-aos-habitos-humanos/
Aedes aegypti se adaptou aos hábitos humanos
O Aedes aegypti é visto hoje como um dos maiores inimigos da população, por conta das doenças que pode transmitir. Apesar da entrada do frio, Juiz de Fora ainda permanece em situação de epidemia de dengue, uma das doenças transmitidas pelo mosquito, que ainda é o vetor de outros males, como zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. Como o assunto continua levantando dúvidas da população, o doutor em Zoologia e professor de Programa de Pós-graduação em Comportamento e Biologia Animal da UFJF, Fábio Prezoto, esclarece sobre mitos e verdades a respeito do vetor.
O professor também frisa que o Aedes aegypti se adaptou aos hábitos humanos e aponta o plástico como fundamental para a grande incidência do mosquito. “Atualmente, existem especialistas que dizem até que ele depende, quase exclusivamente, de criadouros artificiais para se reproduzir.” A melhor solução para o controle do vetor são seus predadores naturais (peixes, répteis, aracnídeos, insetos predadores e crustáceos), mas ainda não é uma maneira viável, considerando que o mosquito vive, predominantemente, no meio das cidades. A tarefa de combater o Aedes aegypti deve estar atrelada a uma consciência cidadã e um esforço coletivo na época em que fatores naturais exercem o papel de controle. Assim, as medidas humanas adicionais reforçariam a função natural do meio ambiente.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Política
Data: 09/05/2016
Link: http://www.tribunademinas.com.br/praca-da-estacao-tera-ato-pro-dilma/
Praça da Estação terá ato pró-Dilma
Seguindo o calendário nacional, Juiz de Fora deve sediar nesta terça-feira (10) um ato em favor da manutenção do mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), em evento intitulado “Dia Nacional de Mobilização contra o Golpe”. Na cidade, o ato público está agendado para ter início às 17h, com concentração na Praça da Estação, no Centro. A manifestação contrária ao processo de impeachment da petista em andamento no Congresso Nacional é convocada pela Frente Brasil Popular Juiz de Fora e Zona da Mata, que reúne lideranças de movimentos sociais, sindicatos e de partidos de esquerda e da base do atual Governo federal.
Pela manhã, às 9h30, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) também deve abrigar um evento para debater a manutenção do mandato de Dilma. Organizada pelo “Comitê da UFJF contra o golpe”, uma aula pública será ministrada na Praça Vermelha do Instituo de Ciências Humanas (ICH). De acordo convocação feita pelas redes sociais, as explanações ficarão a cargo dos professores Ignácio Godinho, ex-diretor do ICH e professor do Departamento de História da UFJF; Fernando Gaudereto Lamas, doutor em História Social e professor no Colégio de Aplicação do João XXIII; e Frederico Riani, professor doutor da Faculdade de Direito da UFJF.
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata-MG
Data: 09/05/2016
Professora da UFJF diz que foi vítima de censura política em sala de aula
Uma professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) relatou, na última sexta-feira (6), que está sendo alvo de censura política, cerceamento da liberdade de disciplina e tentativa de cassação de sua palavra dentro da sala de aula.
A declaração da docente foi publicada na edição atual do informativo da Associação de Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (SemanApes), onde Jussara Araújo de Almeida relatou que, no dia 27 de abril, um estudante do curso de Direito da instituição ingressou com um processo junto à direção da Faculdade pedindo que ela fosse afastada da disciplina “Direito do Trabalho I”.
A acusação do aluno é que a professora não estaria cumprindo as funções institucionais e tirando proveito próprio de sua função, além de “propagar somente suas ideologias políticas” durante as aulas, de acordo com o comunicado da Apes em seu site.
A publicação diz, ainda, que a professora tem até esta segunda-feira (9) para enviar sua defesa do processo de “abuso de autoridade e cerceio de defesa” à direção da Faculdade, que vai decidir se a ação será arquivada ou se um Processo Administrativo Disciplinar será criado.
O G1 entrou em contato, por telefone, com o Diretório Acadêmico (DA) da Faculdade de Direito, para saber se o aluno que fez a denúncia está sendo amparado pela organização, mas as ligações não foram atendidas. O G1 também ligou para a Direção e para a Secretaria da faculdade. Esta última informou que a reportagem deveria entrar em contato com a Diretoria de Imagem Institucional.
À Diretoria de imagem, o G1 solicitou dados do processo, nomes dos envolvidos, contato telefônico da professora e posicionamento oficial sobre o caso. Em resposta, a universidade enviou uma nota em que explicou que um aluno fez “uma queixa requerendo providências com relação à conduta da professora” e salientou que não há processo em curso, como disse a docente à Apes, e que adiretoria da Faculdade está tratando a questão como sendo exclusivamente de ordem acadêmica.
Ainda na tentativa de conversar com a professora, a reportagem entrou em contato com a Apes, mas os diretores que poderiam fornecer o telefone da docente estavam em reunião.
Professora disse que expõe posições políticas
À publicação, a professora se defendeu da acusação do estudante, dizendo que “sempre procura conversar com os alunos, saber o que eles pensam, qual a ideologia política, para conhecê-los, saber suas posições”, conforme o texto da Apes.
Jussaram explicou também que a disciplina “Direito do Trabalho I” se propõe a discutir sobre a “relação capital-trabalho” e que, neste momento, sempre diz a verdade aos alunos sobre suas posições políticas.
Ela disse ainda que está assustada com os termos que o estudante utilizou, questiona que ele tenha citado “abuso de autoridade” e “cerceio de direito”, visto que “não há sequer uma predisposição do professor de efetivamente abusar da autoridade” e que “não houve nenhuma manifestação do estudante durante a aula”.
Por fim, ela classificou a denúncia como “caluniosa”, disse que se trata de um delito e que espera que o processo se encerre o quanto antes “porque a universidade corre o risco de ser processada por assédio moral”, conforme citação da docente à Apes.
Para universidade, não houve processo
Em nota, a UFJF salientou que não se trata de um processo e sim uma queixa de um aluno contra a docente “requerendo providências com relação à conduta da professora”. Disse ainda que a diretoria da Faculdade optou por comunicar a professora e abrir um prazo para que ela possa apresentar uma resposta, antes que demais providências fossem tomadas e que, neste momento, a questão é tratada como sendo exclusivamente de ordem acadêmica.