“Seria muito importante mostrar aos que estão em Brasília tudo o que há nesse Memorial, para que eles conheçam o que foi o Governo Itamar e possam exercer seu papel com dignidade.” A frase é do ex-senador Pedro Simon (PMDB-RS), em visita ao Memorial da República Presidente Itamar Franco, na noite desta sexta-feira, 29.
A oportunidade para conhecer o espaço cultural da UFJF surgiu por ocasião da palestra “A ética na política e o momento político”, proferida logo após a visita, nas dependências do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm). O evento foi uma iniciativa do Instituto Itamar Franco em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora.
Eleições
O ex-senador comentou a atual situação do país como um momento no qual “todos precisam chegar a um grande entendimento, para que um grande rancor não surja”. Nesse sentido, Simon elogiou as ações da Operação Lava-jato e afirmou que, em caso de impeachment da presidente Dilma Rousseff, sonhava com uma atitude de grandeza do vice-presidente Michel Temer, que conduzisse novas eleições presidenciais.
Ao afirmar esse posicionamento, Pedro Simon citou mais uma vez o paradigma Itamar Franco. De acordo com o ex-senador, um dos motivos do sucesso e eficiência de Itamar na presidência foi sua independência em relação aos diferentes grupos políticos. “Itamar fez o que fez porque não tinha compromissos com ninguém e com nenhum partido”, afirmou. Ainda nessa toada, sobre as manifestações populares, Pedro Simon ratificou uma frase sua já conhecida: “Não esperam nada do Congresso, do Executivo ou do STF [Supremo Tribunal Federal]. As iniciativas devem partir do povo. Apenas com pressão popular algo mudará”.
Memórias
Líder do Governo Itamar (1992-1994) e um dos responsáveis pela aprovação do Plano Real, o gaúcho Pedro Simon, 86, apresentou-se notoriamente emocionado ao relembrar o juiz-forano que foi seu amigo e presidente do Brasil. Logo no início de sua fala, em meio a público heterogêneo, composto por pessoas da comunidade e autoridades, como o prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), o ex-ministro Djalma Bastos de Morais e o ex-prefeito de Juiz de Fora e ex-deputado federal pelo PMDB Tarcísio Delgado (PSB), Pedro Simon expressou com veemência aquilo que a plateia já houvera percebido com os sentidos. Admitindo a quem falaria a partir daquele instante, o ex-senador declarou:
“Fiquei agradavelmente surpreendido. Vou dizer para vocês com toda sinceridade: eu nunca imaginei que o Itamar teria um instituto e que encontraria o que encontrei aqui. Desde as fotografias e notas do primário, toda a sua vida anotada. Instante por instante, momento por momento. Pois eu digo aos senhores que eu, na emoção que sinto, falaria menos aos senhores e mais ao próprio Itamar Franco. Diria para ele, olhando o Memorial, olhando sua frase – “Ninguém nivelará as montanhas de Minas”, apresentada em metal na obra de Ricardo Cristofaro, no saguão do espaço -, eu diria: Meu amigo Itamar, você hoje está fazendo uma grande falta.”
Depois da declaração emocionada, o político começou a relembrar alguns momentos marcantes da história do país e as circunstâncias sociais que as cercavam. Sempre fazendo um paralelo com a figura do ex-presidente juiz-forano, lembrou do suicídio de Getúlio Vargas em meio a um impasse causado pela pressão do adversário político Carlos Lacerda. Lembrou da situação de João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros, e a tomada do poder pelos militares. Recordou ainda a luta pelas “Diretas Já” e o início do governo Collor.
Palestras
A palestra realizada no Mamm faz parte de um ciclo de conferências realizadas por Pedro Simon desde o fim de seu último mandato na câmara alta do Congresso brasileiro, em 31 de janeiro de 2015. Até então, Simon vinha de quatro mandatos consecutivos pelo Senado e antes já havia ocupado os cargos de ministro da Agricultura, governador do Rio Grande do Sul (1986-1990), além de ouros quatro mandatos como deputado estadual.