A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) sedia nesta terça-feira, 19, a terceira edição do Workshop de Políticas Integradas sobre Crack, Álcool e Outras Drogas. Realizado no Anfiteatro do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), o evento reúne integrantes do Programa Municipal JF + Vida, vinculado ao Programa Federal “Crack, É Possível Vencer”, que conta com a parceria da Universidade através do projeto de extensão Juventude N’Ativa, coordenado pelo organizador do workshop e professor da Faculdade de Medicina, Márcio José Martins Alves.
O professor ressaltou que o objetivo do projeto é promover um “encontro intersetorial” de conhecimentos entre os serviços existentes nos territórios da cidade, os agentes sociais e as políticas públicas, conciliando perspectivas diferentes sobre a questão das drogas, construindo ações potenciais de acordo com cada região e capacitando estudantes e profissionais. “O desafio é criar uma linguagem comum entre vários setores da sociedade”, afirma. “Nada melhor do que uma plataforma como esta, que conjuga várias áreas. A UFJF só tem a ganhar ao promover o ensino de uma extensão universitária menos colonizada, mais voltada para o diálogo com o popular.”
Alves também é responsável pelo Juventude N’Ativa, projeto de extensão voltado para a redução de fatores de risco para o uso de drogas entre crianças e adolescentes moradoras de bairros do entorno da Universidade. Atualmente, o projeto conta com estudantes voluntários dos cursos de Medicina, Direito e Artes e Design.
A pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, reiterou a importância de uma postura mais aberta e participativa da Universidade. “É nosso papel colaborar com o poder público na formulação de políticas públicas”, declara. “Essa iniciativa, que está sendo executada por meio da participação de professores e estudantes da UFJF, é exemplo disso, do que podemos oferecer na construção de uma política que possua efetividade junto à população e tenha alcance no segmento que necessita dela.”
Expandindo horizontes
A programação do workshop se estende entre as 8h e 17h, dedicando o período da manhã aos agentes do programa JF + Vida e, à tarde, abrindo as discussões para a comunidade. Parceiros do projeto marcaram presença na abertura, representando o governo municipal, a rede local de ensino e órgãos como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Centro Regional de Formação Permanente em Crack, Álcool e Outras Drogas (CRR-JF), cujos responsáveis são vinculados à UFJF através do Centro de Referência em Pesquisa, Intervenção e Avaliação em Álcool e Outras Drogas (Crepeia).
Representando a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Ana Cecília Guilhon aponta que a cidade foi reconhecida pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) como destaque na questão da intersetorialidade, ou seja, pela possibilitação de uma abordagem de problemas sociais de uma forma completa e acessível a todos os setores. “Um exemplo são as Oficinas de Diálogos Intersetoriais, projeto apresentado aqui hoje”, salienta. “Elas consistem na realização de encontros nos territórios municipais que agregam saúde, assistência social, educação, esporte, lazer e cultura.”
“A proposta do CRR-JF foi, inclusive, uma articulação em parceria com a Universidade, mais especificamente o professor Telmo Ronzani”, diz, fazendo referência ao coordenador do Crepeia e atual representante do país em um congresso internacional das Organizações das Nações Unidas. “Estamos muito satisfeitos com os resultados desta primeira etapa. A próxima vai se caracterizar através da supervisão de uma rede de profissionais que lidam diretamente com as questões acerca do consumo de drogas.”
A representante da Secretaria de Administração e Recursos Humanos da PJF, Cláudia Stumpf, faz coro à satisfação da colega. “Agora, estamos habilitados a reunir pessoas de todo país para uma discussão sobre drogas em diversas áreas que atingem diretamente nossos jovens e nossa sociedade, repensando conceitos ultrapassados e expandindo nossos horizontes.”
Olhar carinhoso aos alunos
A diretora da Escola Estadual Nyrce Villa Verde Coelho Magalhães, Alessandra Dias Coelho, fala com carinho da parceria e os frutos que renderam dentro das salas de aula. “Nos apaixonamos pelo projeto”, admite. “Já trouxemos soluções para diversos casos, como de ajuda psicológica e médica, além de oferecer novas oportunidades para alunos que são verdadeiros artistas. Hoje, sabemos que vamos ser ouvidos e observados.”
“Para nós e para os alunos, foi muito proveitoso”, relembra. “Uma das coisas que desenvolvemos na escola através dessa iniciativa foi a Corrente do Bem, um produto encantador que mudou a forma de vermos o mundo. Tenho o caso de uma estudante, por exemplo, cuja mãe veio até mim e disse que, depois de participar pelo projeto, pela primeira vez chegou em casa e disse ‘eu te amo’ para a família. É muito gratificante, fico com o coração feliz.”