Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 01/01/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/estudosobredepressaoganhapremionacional/

Estudo sobre depressão ganha prêmio nacional

A busca por um medicamento que aliviasse os sintomas da depressão mais rapidamente e reduzisse os efeitos colaterais provocados pelos fármacos utilizados atualmente levou a pesquisadora Alline Campos, 33 anos, a conquistar o prêmio L’OréalUnescoABC para Mulheres na Ciência 2015. O prêmio destacou, ainda, o trabalho de outras sete pesquisadoras. O estudo visa a verificar se os efeitos dos antidepressivos podem ser “acelerados” quando os administramos simultaneamente com o Canabidiol, uma das substâncias presentes na folha da maconha. “Os transtornos de ansiedade e depressão são doenças graves e incapacitantes que atingem o funcionamento do cérebro e prejudicam muito a vida diária das pessoas. Hoje, os antidepressivos disponíveis na prática clínica, como a fluoxetina, podem levar de 4 a 8 semanas para o início de alívio dos sintomas.”
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que, entre 2020 e 2030, a depressão será a doença mais comum do mundo. Esses números confirmam anecessidade do desenvolvimento de novos medicamentos. A ex-aluna da Faculdade de Farmácia da UFJF e atual professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRPUSP) explica que os efeitos adversos provocados pelos medicamentos existentes levam muitos pacientes a abandonar o tratamento e, em alguns casos, pode ocorrer tolerância e dependência. “Se a nossa hipótese estiver correta, no futuro poderemos associar os canabinóides com menores quantidade de antidepressivos, o que melhoria não somente os efeitos adversos, mas também o tempo para que os pacientes fiquem livres de seus sintomas e possam voltar o mais rápido possível para suas atividades cotidianas como a interação com a família e o trabalho.”
US$ 20 mil
A pesquisadora conta que foi uma surpresa ganhar o prêmio L’OréalUnescoABC para Mulheres na Ciência.”Quando recebi o comunicado, achei que era um trote. Desde que o fato se concretizou, eu tenho refletido muito sobre o impacto dele em minha vida e cheguei à ideia de que o prêmio poderia ser a ciência dizendo: vocês são bemvindas.”
Ela conta que, com o prêmio, a pesquisa teve maior visibilidade e aproximação da sociedade. “É como se nós não estivéssemos mais sozinhos. A sensação de que podemos modificar a vida das pessoas está mais próxima do que nunca.”
O L’OréalUNESCO For Women in Science, criado em 1998, é dividido em três programas: Nacional, Internacional e International Rising Talents. A categoria Nacional, na qual Alline foi contemplada, existe há dez anos e tem como motivação o incentivo à entrada de jovens mulheres no universo científico. A cada ano, sete pesquisadoras de diferentes áreas da ciência são contempladas com uma bolsaauxílio de US$ 20 mil para prosseguir com seus promissores projetos.
Muitas das vencedoras do prêmio L’OréalUnescoABC para Mulheres na Ciência também incluíram, posteriormente, seus nomes no time internacional de estrelas da ciência. E ainda: duas entre as mulheres vencedoras do Programa Internacional já foram reconhecidas com o Prêmio Nobel. São elas a israelense Ada Yonath e a australiana Elizabeth Blackburn.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 01/01/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/jovens-dao-novo-folego-a-movimentos-sociais-contra-o-machismo-e-o-sexismo-garantia-de-nome-social-na-universidade-maioria-das-mortes-em-decorrencia-do-uso-de-arma-de-fogo/

Jovens dão novo fôlego a movimentos sociais

Nas ruas e na universidade, ecoam vozes de grupos que se unem com pautas contra opressão. São jovens que se engajam na luta contra o machismo, o racismo, em favor dos direitos humanos e da diversidade. Coletivo Maria Maria, Kizomba, Ocupa UFJF, PretAção e Coletivo Duas Cabeças foram movimentos capazes de pautar a cena pública ao longo de 2015, seja com manifestações, pressionando lideranças políticas em protestos, ou de maneira silenciosa, como em fotografias ou atos simbólicos. A instalação dos estudantes na Reitoria por mais de 15 dias, os embates na Câmara nas discussões sobre o Plano Municipal de Políticas para as Mulheres, a pressão na votação para criação do feriado do Zumbi e, mais recentemente, a marcha pelas mulheres com o Fora Cunha (Eduardo, presidente da Câmara dos Deputados) são ações que tiraram da apatia a rotina de Juiz de Fora.
A nova configuração desses grupos – um dos mais antigos foi criado há quase dez anos, o Maria Maria – expressa o ideal de uma juventude que grita por mais direitos e igualdade. Sua formação acontece, principalmente, no âmbito universitário, nas questões que emergem no ambiente fora da sala de aula, mas de forma independente dos tradicionais movimentos ligados a sindicatos e partidos políticos. A professora da Faculdade de Serviço Social da UFJF Maria Lúcia Duriguetto explica que esses grupos caracterizados como “novos movimentos sociais” surgem em busca de um reconhecimento das demandas e necessidades que vêm das opressões de gênero, raça-etnia, orientação sexual e outras não vinculadas à esfera do trabalho, representadas por entidades trabalhistas. “Apresentam uma dinâmica que procura democratizar a tomada de decisões ao que tange à formulação de objetivos, formas de ação, valores e ideologias.”
O professor do Departamento de História da UFJF, o sociólogo Fernando Perlatto destaca a ampliação desses grupos nos últimos anos, impulsionados, principalmente, pela internet. “Conjugam uma forte militância virtual, via redes sociais, como Facebook.” Perlatto destaca sua capacidade de articulação. “É interessante perceber que este ativismo juvenil, seja nas universidades ou fora delas, contribui para contradizer a ideia de que a juventude brasileira é desorganizada, desmobilizada e desinteressada

Contra o machismo e o sexismo

Com foco na luta pelos direitos das mulheres, o Coletivo Maria Maria se destacou este ano durante os debates travados na votação do Plano Municipal de Políticas para as Mulheres. O grupo, criado em 2006, atua em favor do empoderamento das mulheres, na luta contra o preconceito e a violência contra o gênero. “Somos mulheres universitárias, jovens, mães, negras, lésbicas, bissexuais, que trabalham e estudam”, explica a militante Laiz Perrut. É formado por aproximadamente 25 mulheres de diferentes faixas etárias, que se reúnem quinzenalmente para traçar suas formas de atuação. Também promove ações sociais, como foi a destinação de absorventes e materiais de limpeza a detentas da Penitenciária Ariosvaldo de Campos Pires, ocorrida no início de novembro. Eventualmente, promove o “Café das Minas”, um encontro aberto em praça pública. Dentre as formas de opressão, o combate ao machismo é o principal mote do grupo. “Vivemos numa sociedade machista e patriarcal, em que estupro é considerado uma coisa normal. A palavra estupro é forte, mas os homens aceitam bem o termo forçar o sexo. Acham que é comum dar um tapa na mulher. O gênero, a raça, qualquer que sejam, não podem interferir na forma como somos tratadas”, explica a estudante do mestrado em Letras, Isadora Pontes. Em novembro, junto a outros movimentos e centenas de pessoas, o grupo atuou na Marcha das Mulheres em Juiz de Fora, levando a Batucada Feminista e empunhando a bandeira contra Cunha.
Garantia de nome social na universidade

Empenhado na defesa de direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Interssexuais (LGBTI), o Coletivo Duas Cabeças também se destacou no cenário político da cidade. Em março, o grupo obteve êxito na coleta de quase mil assinaturas que levaram o Conselho Universitário (Consu) da UFJF a aprovar o uso do nome social na universidade em toda a documentação oficial da instituição. Ele é usado quando uma pessoa não se identifica com sua identidade sexual ou de gênero. “É uma forma de garantir que os travestis e transexuais possam estudar e ter o seu nome respeitado. Que possam frequentar o ambiente acadêmico sem sofrer nenhum tipo de constrangimento”, destaca a militante transexual Bruna Leonardo. O coletivo surgiu em 2014, motivado por um ato de “lesbofobia”, quando um segurança retirou duas universitárias de uma festa em uma casa noturna após se beijarem. A mobilização surgiu como forma de resistência diante da expulsão das alunas. No âmbito da UFJF, o grupo se soma ao Visitrans, que luta pela visibilidade de transexuais e discussão de políticas públicas para a este público. “Infelizmente, o SUS só oferece o processo da cirurgia. Precisamos de um tratamento hormonal, da implantação de um ambulatório específico com um aparato médico e psicológico para que essas pessoas sejam assistidas de forma digna”, reivindica Bruna.
Ultrapassando os portões da universidade, ambos os grupos também abraçaram a luta para garantir a inserção da identidade de gênero nos textos dos planos municipais da mulher, da educação e da juventude. Eles participaram ativamente das sessões da Câmara em julho, mantendo o movimento mesmo após a retirada da proposta de tramitação pelo Executivo. Em um dos atos contra o movimento de setores religiosos nasceu o grupo RExistir. “Queremos saber onde se enquadram as famílias africanas dentro desse estereótipo. Estamos aqui e queremos voz. Não queremos nos tornar maioria, apenas queremos o respeito à nossa cultura”, afirma o estudante do Ensino Médio, Sidnei Carlos Aquino Júnior, 18.

Movimento estudantil se reformula na UFJF

Diante das demandas estudantis e pela transparência orçamentária da UFJF, surgiu dentro da universidade um grupo que se dispôs a reivindicar o direito dos alunos, na ausência do Diretório Central dos Estudantes (DCE), que está sem diretoria há cerca de um ano. Após uma acalorada reunião com a Administração Superior, em 18 de maio, na qual expuseram a indignação diante de questões financeiras da instituição, o grupo ocupou o saguão e as salas da Reitoria, permanecendo no local por 16 dias. Passado o ato, os estudantes conseguiram que o exreitor Júlio Chebli os recebesse em uma assembleia, na qual foi assinada uma carta compromisso. Neste momento, surgiu o Ocupa UFJF, que até hoje pleiteia avanços da assistência estudantil. “É um movimento muito orgânico. Não somos apenas uma pessoa, não temos líderes, lutamos por algo em comum”, explica a estudante da Faculdade de Letras Letícia Rodrigues, 25 anos. Os alunos se empenharam para a ampliação do número de contemplados pelas bolsas de assistência. Além disso, cobraram da UFJF o atendimento a comunidade de Governador Valadares, diante da suspensão das aulas, após a interrupção no abastecimento depois da passagem da lama da mineradora Samarco pelo Rio Doce. A vitória mais recente do grupo foi a adesão da UFJF à campanha “Libera meu xixi”, que estimula o combate à transfobia, no uso do banheiro do gênero que o aluno se identifica.

O pedido era uma das demandas da carta compromisso assinada por Chebli, agora referendada por Marcos Chein. Também dentro da UFJF, onde atua há dez anos, a Kizomba manifestou posicionamentos duros em relação à suspensão do calendário acadêmico da graduação pelo Consu no fim de julho. À época, classificou a decisão como a “greve do reitor”, atribuindo o fechamento da universidade às dificuldades orçamentárias para manter o custeio da instituição. O movimento ainda ganha corpo por ter representantes dos estudantes do Campus de Governador Valadares no Consu. “É preciso abrir o orçamento da universidade, tornálo participativo, e promover a discussão com a comunidade acadêmica sobre os rumos que devemos seguir”, explica o estudante de Direito, Mateus Coelho.

Pela igualdade racial 

A mobilização iniciada na tentativa de incluir conteúdos de matriz africana no currículo do curso de Medicina da UFJF deu origem ao coletivo PretAção. Com a campanha #Ahbrancodáumtempo, realizada em maio deste ano, o grupo conseguiu mais visibilidade tanto no âmbito da universidade, quanto fora. Hoje atua também em escolas onde ensina a adolescentes a se valorizarem na tentativa de minimizar a predominância de padrões estéticos. “Não é uma ação direta contra o indivíduo branco, mas contra essa ideologia de que todo elemento cultural de matriz africana seria ruim. Tanto na religião, quanto na música, quanto na cultura de forma geral”, explica a fotógrafa Paula Duarte.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 01/01/2016

Link:http://www.tribunademinas.com.br/ufjfretomaaulasnasegunda/

UFJF retoma aulas na segunda

Acostumados com uma movimentação tranquila durante este mês, os juizforanos terão um janeiro atípico. Isso porque, na segunda-feira, dia 4 de janeiro, a UFJF retoma as atividades, já que a greve dos professores e técnico-administrativos adiaram o início do segundo semestre letivo. Além disso, o Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism) da instituição, costumeiramente realizado em dezembro, acontecerá nos dias 17 e 18 deste mês. O programa deve atrair grande número de pessoas para Juiz de Fora, já que esta edição bateu recorde de inscritos, contabilizando 23.962 candidatos.
Assim, as linhas 525, 545, 535 e 555, que estavam circulando com número reduzido de carros, irão voltar a atender com o quadro de horário normalizado, a partir desta segunda-feira.
Conforme a assessoria da Settra, o fluxo de veículos na região será monitorado e, caso seja necessário, agentes de trânsitos serão disponibilizados para controlar e garantir a fluidez do trânsito.

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Veículo: Circuito MatoGrosso

Editoria: Cidades

Data: 01/01/2016

Link:http://circuitomt.com.br/editorias/cidades/79512-mensagem-de-fim-de-ano-da-ufjf-gera-polemica-e-instituicao-refaz-post.html

Mensagem de fim de ano da UFJF gera polêmica e instituição refaz post

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se retratou nesta quarta-feira (30) com toda a sociedade após o desencadeamento de uma polêmica causada por diversas interpretações a uma das mensagem da campanha de fim de ano da instituição, no dia 22 de dezembro.

Na ocasião, a UFJF publicou em sua página oficial no Facebook a imagem de uma pessoa negra tendo o cabelo desembaraçado pelas mãos de uma pessoa branca. Ao lado, a frase “desembarace os sonhos” completava a mensagem.

A imagem viralizou, causou polêmica na rede social e, no dia 27 de dezembro, a UFJF retirou a campanha do ar e disse, em nota, que a intenção era divulgar “o otimismo e a construção de um mundo melhor como princípios fundamentais” para o ano de 2016, mas que “algumas peças deram margem a interpretações negativas”, conforme o texto.

Grupos reagiram contra o posicionamento inicial da instituição e exigiram uma retratação. Foi o caso do Coletivo PretAção, formado por mulheres negras, que repudiou a campanha e afirmou que foram afetadas pelo cunho racista da publicação.

“Somos ou fomos estudantes da instituição, portanto, a maioria de nós enfrenta cotidianamente as várias faces do racismo nos espaços da universidade. Consideramos que as peças da campanha representam um retrocesso na luta antirracista”, conforme post na página do Facebook do grupo, no dia 29 de dezembro.

Junto ao texto, o grupo divulgou a mesma imagem, com a mensagem original riscada e a nova inscrição “UFJF, tire suas mãos de nossos cabelos”. A nova imagem foi compartilhada diversas vezes e a universidade então publicou um novo texto em seu site oficial se retratando com qualquer pessoa que tenha se sentido ofendida.

Outra imagem foi divulgada no Facebook oficial da instituição agradecendo aos movimentos e militantes antirracismo. No artigo, intitulado “O lugar do corpo negro e o racismo institucional”, a UFJF faz um breve apanhado histórico de como a imagem negra foi deturpada ao longo dos quatro séculos de escravidão e como este processo ainda acontece atualmente.

“O que não podemos concordar é que o trabalho desenvolvido ao longo de tantos meses seja completamente desconsiderado por conta de um equívoco, que foi prontamente percebido e trabalhado, inclusive com a imediata retirada da campanha, e, assim agindo, a universidade busca dar uma resposta institucional e madura, pedindo sinceras desculpas e perdão a toda a sociedade pelo uso de uma imagem que trouxe à tona um imaginário negativo e combatido”, trouxe no texto.

A universidade lembrou ainda de campanhas contra o racismo em que se posicionou ao longo de 2015, como a “Quantos professores/as negros/as você tem?”, que buscou problematizar e afirmar a existência destes professores na universidade, embora em número baixo, proporcionalmente.

De acordo com um levantamento da própria universidade, existem apenas 20 professores negros entre os quase 1.000 professores efetivos na UFJF.

Também lembraram da campanha #ahbrancodaumtempo, em que a instituição assumiu a existência de racismo dentro do campus. A própria diretora de Ações Afirmativas, Carolina Bezerra, participou segurando um cartaz com a inscrição “O racismo existe e a UFJF luta contra ele”.

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Veículo: Só Noticias

Editoria: Educação

Data: 02/01/2016

Link: http://www.sonoticias.com.br/noticia/educacao/sistema-de-avaliacao-do-ensino-deve-ser-implantado-em-mato-grosso

Sistema de avaliação do ensino deve ser implantado em Mato Grosso 

Com índices de aprendizagem de apenas 19% e 8% em português e matemática ao chegarem ao nono ano do ensino fundamental, conforme dados de 2013 do Portal QEdu, alunos da rede pública de Mato Grosso passarão, em março, por uma avaliação que deve nortear as ações da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) ao longo do próximo ano. A avaliação foi promessa de campanha do governador Pedro Taques (PSDB), que incluiu em seu plano de governo a meta de criar um Índice de Desenvolvimento da Educação em Mato Grosso. Para isso, a Seduc trabalha em um convênio com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que ficará responsável por analisar anualmente o nível de aprendizagem dos alunos. No total, serão avaliados 163.214 estudantes dos 2º, 4º, 6º e 8º anos do ensino fundamental e 1º e 2º anos do ensino médio. A iniciativa vai custar ao governo do Estado cerca de R$ 3,6 milhões, o equivalente a R$ 22,64 por aluno. Nas escolas estaduais, 5.284 turmas passarão pela avaliação, enquanto que nas peri-urbanas serão 127. Em 2016, segundo o secretário adjunto de Política Educacional, Gilberto Fraga de Melo, a avaliação vai auxiliar também a implantação, de fato, do sistema ciclado nas escolas de ensino fundamental matogrossenses. A ideia, conforme ele, é transformar 2016 em uma espécie de marco zero na forma como o setor da educação é abordado pelo governo. “Nós já tínhamos um sistema de ciclo nas escolas, mas que era mais na questão da informatização das unidades do que de ensino de fato. Em 2015, o governador Pedro Taques (PSDB) determinou a realização de um estudo, que fizemos com representantes dos conselhos estadual e municipais de educação e do Sintep (Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso) e apresentamos um relatório sobre como o ciclo deve ser, de fato, implantado no Estado”, explica. O trabalho foi feito em paralelo a uma série de audiências públicas requeridas pelo deputado estadual Wilson Santos (PSDB), líder do governo na Assembleia Legislativa, e que também resultou em um relatório elaborado com base nas discussões que se travaram com professores, pais e alunos de oito municípios pólo do Estado. Agora, as duas equipes trabalham no sentido de unificar as propostas e iniciar a adoção de medidas ainda neste ano Divergências – Um dos poucos pontos de divergência entre a proposta de Wilson e a da Seduc é quanto a retenção dos alunos que não apresentarem um nível satisfatório de aprendizagem. Enquanto o parlamentar defende que o Estado adote a prática no final do segundo e terceiro ciclos, o que corresponderia ao quinto e nono ano; a secretaria sinaliza pela retenção somente no último ano do ensino fundamental. “Não aprendeu, tem que reter! A escola não retém, mas a vida retém. O Enem retém. O balcão do emprego retém. Eu defendo a manutenção do ciclo. Acho que é um avanço em relação ao seriado. Mas não esse ciclo que não ensina nada. Tem que ser ciclo de formação com aprendizagem. Estudou os três anos, não atingiu a proficiência desejada, retém para repetir o último ano daquele ciclo e, aí, a escola dá toda a estrutura de recuperação desse aluno”, argumenta Wilson Para o secretário adjunto, no entanto, a retenção já partir de 2016 representaria a punição dos alunos, quando as falhas foram do governo na implantação do sistema. Para Gilberto, a adoção das medidas que constam nos relatórios da Seduc e do deputado já devem propiciar a recuperação deste estudantes sem que seja necessário impedilos de avançar para as etapas seguintes da vida escolar A principal crítica ao sistema ciclado é a de que nele o aluno não é avaliado. Mas o ciclo é justamente o sistema que mais exige avaliações para sabermos se o aluno está aprendendo. E nós vamos implantar essas avaliações, que serão bisemestrais. Além disso, vamos ter os laboratório de aprendizagem, que serão espaços onde o aluno que tem dificuldade vai fazer essa recuperação no contraturno”, explica. Mais recurso – Na lista de medidas que devem ser adotadas ainda em 2016 para melhorar o sistema ciclado de ensino constam propostas que não devem afetar de modo significativo o orçamento da Seduc. Entre elas está a mudança na maneira como os alunos que nunca tiveram acesso à escola são encaixados nas turmas. Hoje, o sistema considera somente a idade do estudante. A proposta de Wilson, que foi aceita pela secretaria, é que o nível de conhecimento também seja analisado. “Tem que levar em conta idade e conhecimento. Como que se pega um garoto de 14 anos que nunca leu nem escreveu e já coloca no sétimo ano? É assim que funciona hoje. É um absurdo”, critica o parlamentar Outras medida, no entanto, dependerão da destinação de mais recursos à Seduc. Nesse contexto, o secretário-adjunto destaca a aprovação pela Assembleia Legislativa da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de autoria de Wilson que determina um acréscimo anual de, pelo menos, 0,5% nos repasses para a Educação até que o Estado atinja a previsão da Constituição Estadual de encaminhar 35% de sua arrecadação para o setor. Segundo dados da assessoria do deputado, a PEC garantirá cerca de R$ 48 milhões a mais para a Educação já em 2016. O recurso poderá bancar as propostas de melhorar a estrutura das escolas, com iniciativas como a construção dos laboratórios de aprendizagem citados pelo secretário, e a oferta de uma formação continuada para os professores. Esta última é tida pela equipe que auxiliou a elaboração do relatório de Wilson como uma das ações necessárias para que os próprios professores, hoje resistentes ao sistema ciclado, aceitem a nova proposta de ensino. Já Gilberto acredita que a convicção da Seduc, de que este é o melhor sistema, deve contagiar os profissionais com o passar do tempo. 

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 03/01/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/quandoqualqueracaoelucro/

Quando qualquer ação é lucro

2016 já começou. E é preciso frisar, porque corre o risco de não ser sentido, como o ano que passou. A expectativa para a cultura em Juiz de Fora nos próximos meses, de acordo com os órgãos públicos, é enfrentar, como em todas as áreas, o arrocho econômico para, pelo menos, ver realizadas ações já incluídas nos calendários. Na Funalfa, o cenário futuro, pintado com muitas doses de realismo pelo superintendente da instituição, Toninho Dutra, é o mesmo que se desenhou nos últimos 12 meses, quando a população viu a redução na verba destinada aos projetos culturais.
A Bienal da Dança, cuja primeira edição era anunciada para outubro, se transformou em um evento menor, o “JF em dança”. O Festival Nacional de Teatro também foi mais tímido, sem espetáculos convidados. A Lei Murilo Mendes sofreu cortes em seu orçamento. Sem contar o polêmico carnaval, com sua verba enxugada pela metade, em anúncio feito em julho. “Tudo vai esbarrar na confirmação de orçamento. Vamos ter que trabalhar como foi em 2015, no dia a dia, embora tudo esteja programado”, assevera o superintendente.

Na UFJF, o compasso é de espera, já que a instituição encontra-se em período eleitoral, e o novo reitor deve ser conhecido até fevereiro. Segundo a pró-reitora de Cultura Valéria Faria, agendas foram idealizadas, mas não confirmadas, já que novos gestores podem ser anunciados para os espaços culturais da universidade. De acordo com ela, não existe orçamento definido para 2016, e o enxugamento dos gastos em 2015 pode apontar para expectativas econômicas ainda mais magras para a cultura. “É urgente o retorno da fundação de apoio na gestão dos espaços. Na cultura, os teatros, principalmente, podem ser autossustentáveis”, pontua ela, suscitando um dos principais debates do ano passado na instituição.
Para Valéria, a intermediação de uma fundação de apoio, desviando-se, assim, da burocracia da conta da União, propicia “buscar outras vias para a gestão da cultura”. “Dessa forma, será possível produzir sem o recurso federal. O Centro Cultural Pró-Música é um exemplo disso, porque conseguiu trabalhar de forma muito criativa para fazer a cultura acontecer. Esse legado que também precisamos honrar”, comenta ela, anunciando planos para as finanças do empreendimento erguido pela família Sousa Santos: “Já pensamos em criar uma associação de amigos do Pró-Música”.
Além disso, o centro cultural deve receber, nos próximos meses, um recurso via emenda parlamentar para reforma do corredor de entrada, e complexo do teatro, incluindo cadeiras, iluminação e sonorização.
Mãos à obra Quando 2016 fizer a curva, a paisagem poderá se alterar. O segundo semestre reserva boas promessas. A Prefeitura planeja entregar, antes do término da atual gestão, o aguardado Teatro Paschoal Carlos Magno. Iniciada há mais de três décadas, a construção foi retomada em julho deste ano, com aporte de R$ 6 milhões por parte da
Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig). “O teatro é nossa prioridade máxima. Já andei conversando com alguns grupos de artistas, e, caso seja absolutamente necessário, vamos deixar de fazer algumas ações para terminá-lo dentro do cronograma”, dispara Toninho Dutra sobre o equipamento de 400 lugares, com galeria de arte, café e salas multiuso.
“Hoje, os artistas têm muita dificuldade para pagar pelos espaços públicos que não estão nas mãos da Prefeitura. O Centro Cultural Mascarenhas é bacana, mas é pequeno e não abriga todos os tipos de produção. Com isso, na hora das escolhas financeiras, o teatro vai estar na frente.” Toninho assevera, ainda, que o andamento dos trabalhos está dentro do previsto. “Foi feita a parte de demolição para adaptação da obra, o telhado foi construído, e estamos entrando no ar condicionado. Agora é começar o acabamento. Estamos muito otimistas, porque o grosso está pronto. Toda a alvenaria foi reaproveitada.” Também aguardada há anos, a pintura da fachada do prédio da Funalfa, no Parque Halfeld, deve, segundo Toninho, sair do papel em 2016. Inaugurado em 2015, o Centro de Esportes e Lazer (CEU) da Zona Norte, de 7.000m², é considerado pela Funalfa uma das principais conquistas recentes de Juiz de Fora. Contando com uma biblioteca, cujo acervo é de 25 mil livros, um infocentro de nove computadores, teatro e quadra, além de áreas de lazer e práticas esportivas, o espaço faz, por semana, cerca de 1.100 atendimentos em oficinas e mil atendimentos espontâneos. “Estamos fazendo um levantamento para ver se conseguimos expandir e
receber um número maior de alunos. O edital para ocupação deve ser aberto em breve”, adianta o superintendente.

Quanto ao carnaval, apesar de não haver desfile neste ano, está sendo estudada a realização de uma comemoração aos 50 anos das Escolas de Samba. “Será um dia de festa com todas as escolas presentes. Vamos trabalhar muito para começar a programar o carnaval de 2017 ainda em 2016. Mas é um trabalho muito difícil sem a certeza de dinheiro”, diz Toninho, já confirmando a participação de Leandro Sapucaí e Orquestra Voadora na programação do Corredor da Folia, agendado para acontecer entre 28 de janeiro e 5 de fevereiro. Há sete meses de sua realização – conforme prometido pela UFJF, que deseja retorná-lo para julho , o 27º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga ainda está no papel. “Já temos uma sinalização da Petrobras para patrocinar. E esse ano tem o Encontro de Musicologia. Mesmo que mudem os gestores todos, os projetos deverão ser mantidos, porque a universidade tem um compromisso”, afirma Valéria, assumindo o pouco tempo hábil para a produção do evento. “Nosso desejo de trabalhar com os professores do departamento de música está mantido, e todos já estão discutindo nomes e programação”, pontua, anunciando a contratação, via terceirização, do regente Victor Cassemiro para o Coral Pró-Música/UFJF e para a Camerata e Orquestra Sinfônica Pró-Música/ UFJF.
No Instituto de Artes e Design da UFJF, que completa dez anos em 2016, um evento comemorativo já começou a ser erguido para o segundo semestre. “Os núcleos de área estão se reunindo para discutir a programação”, conta a pró-reitora de Cultura, também professora do instituto que definiu o rumo das artes na cidade na última década. Segundo ela já é certa a montagem de uma exposição em homenagem aos professores que passaram pelo curso de artes, incluindo o resgate das obras de Leonino Leão, pintor, desenhista, fotógrafo, gravador e professor. Nem Museu nem DCE Era o anseio, mas ainda não é possível noticiar a reabertura do Museu Mariano Procópio. Guardiã de um dos principais acervos do Brasil Imperial, a instituição segue em obras em 2016. Paralelamente à execução dos trabalhos, as portas continuam se abrindo, como vem acontecendo desde meados de 2015, a pequenos grupos para o restauro visitável. “As obras estão sendo realizadas com todo zelo e critério que o nosso Museu merece. Atualmente, elas estão bastante adiantadas na Vila Ferreira Lage, com processos de restauração com acompanhamento de especialistas para que, paulatinamente, a casa seja reaberta aos visitantes”, afirma o Prefeito Bruno Siqueira, acrescentando que as intervenções são feitas por etapas e em conformidade com as cartas patrimoniais e a legislação de museus.
Já totalmente restaurado, o DCE, na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Avenida Getúlio Vargas, também não tem previsão de ver suas portas abertas. Nem sequer conta com um planejamento de ocupação do espaço. De acordo com a pró-reitora de Cultura Valéria Faria, o ideal é que ele se volte para a cultura universitária, mas tal direção também não foi tomada. Entre suas sugestões, está a reunião do acervo do escritor juizforano Pedro Nava ou de coleções como a do Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia e do Museu de Malacologia. “Não podemos deixar como está, sem atividade. Já fiz reuniões com profissionais da área e professores, sem formalidades, para discutirmos as possibilidades de ocupação”, diz. O jeito, nesse e em outros muitos casos, é esperar.
Pés no chão
Falando em números, o orçamento aprovado para a Funalfa em 2016 é de aproximadamente R$ 12 milhões, montante igual ao que se aguardava para 2015. Apesar da previsão, o superintendente da Funalfa Toninho Dutra explica que o repasse só é feito para a pasta à medida em que a arrecadação municipal se confirmar. “Se o vento virar, teremos capacidade de projetar alguma coisa, mas é pouco provável. Estamos bem pé no chão. O que vivemos em 2015 nos mostrou que não adianta pensar alto enquanto o cenário não mudar”, afirma ele, ressaltando que, para a Lei Murilo Mendes, a estimativa é de R$ 1 milhão.
Por enquanto, de acordo com o superintendente, é cedo para afirmar se haverá cortes no valor do fomento, como aconteceu no ano passado, quando a verba diminuiu para R$ 850 mil, o que corresponde a uma redução de 23%. “Nosso trabalho é voltar ao mesmo patamar. Lutamos muito para não interromper a lei este ano, mesmo que não seja com o valor desejado por muita gente”, comenta, assegurando que o pagamento aos contemplados na última edição será feito ainda no início de 2016.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 03/01/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/jfdesconhecerealidadedesuapopulacaoderua/

JF desconhece realidade de sua população de rua

A presença de moradores em situação de rua na área central é evidente, principalmente nas vias mais movimentadas, no centro comercial e sob as marquises em diversas esquinas. No entanto, Juiz de Fora não conhece hoje o total de pessoas que vivem nesta situação e não tem um diagnóstico que permita compreender como vivem estas pessoas, quais são as suas histórias de vida, seus anseios e os preconceitos sofridos por ela. O último censo sobre a população de rua em Juiz de Fora, datado de 2008, contabiliza pouco mais de 600 moradores, dado já considerado defasado. A Prefeitura se mobiliza para a realização de um novo estudo, com o apoio da UFJF, mas afirma ainda que o processo encontra-se na fase da licitação. Sem uma política efetiva, que poderá se concretizar através do Plano Municipal da População em Situação de Rua, sob a responsabilidade do Comitê Pop Rua, os moradores de rua permanecem em diferentes pontos da cidade, provocando, muitas vezes, a insatisfação da vizinhança.
No cruzamento da Rua Padre Café com a Avenida Itamar Franco, em canteiro na esquina da agência da Caixa, eles permanecem em grupos de dez a 12 pessoas durante o dia todo, sentados junto de colchões, papelões e bolsas. A situação tem incomodado os moradores das proximidades, que observam o consumo de álcool e drogas, além de práticas de sexo. “Isso não é caso de polícia. Dá pena. Não adianta chegar e conversar. É um problema de bemestar social. A Prefeitura diz que eles não querem sair. Mas não podemos conviver com eles o dia inteiro nos afrontando como acontece lá”, reclama um engenheiro agrônomo de 75 anos, que mora nas proximidades. Por meio de sua assessoria, a Caixa informou que a agência acompanha de perto a situação, inclusive já tendo participado de reuniões junto à Amac e associação de moradores, pedindo pela abordagem das pessoas que permanecem no local. No entanto, apesar das intervenções, a instituição ressalta que não tem tido sucesso nas ações.
Brigas
Na Praça da República, no Poço Rico, a aglomeração de pessoas principalmente no monumento que faz alusão à República, assusta a vizinhança. “Desde quando mudei para cá, tenho problema com moradores de rua. Muitos fazem uso de álcool e drogas e, infelizmente, isso gera muitas brigas e sujeira. O banheiro é a porta da loja da gente.
Fazem fogueira em tempo de frio, na chuva usam marquise. Volta e meia tenho problema com pequenos furtos. E não há como partir para o enfrentamento, pois geralmente são agressivos”, desabafa o proprietário de oficina mecânica Dudu Mazzei, 48, que há 13 anos convive com a situação.

O problema é também vivenciado pelos comerciantes das ruas do Centro. Próximo a uma das entradas do PAM-Marechal, na Rua Mister Moore, é frequente a presença de pessoas dormindo embaixo de uma marquise. Ali, segundo relato de comerciantes, é comum um grupo de cinco homens passarem o dia todo, bebendo e urinando no local. “Afastam clientes e até amedrontam, muitas vezes mexendo com as mulheres que passam”, diz o proprietário de uma das lojas. Próximo dali, no cruzamento da Rua Santo Antônio com a Rua Oswaldo Cruz, também é frequente a presença de pessoas que dormem no local e praticam a mendicância. ‘Sociedade precisa contribuir’ O subsecretário de Desenvolvimento Social, Rogério Rodrigues, destaca que as políticas para a população de Juiz de Fora vêm sendo melhoradas ao longo dos últimos anos, no entanto, ainda há dificuldades em relação à falta de contribuição por parte da sociedade. Segundo ele, o hábito de dar esmolas é um grande impulsionador da permanência dos moradores na rua. “A sociedade que reclama da presença dos moradores é a mesma que dá esmola. Isso mantém as pessoas na rua e impede que a gente dê a elas a oportunidade de entenderem que têm direitos”, analisa. Além disso, Rogério destaca a ação de pessoas que agem na contramão do serviço de abordagem. “Alguns comerciantes até hostilizam a equipe de abordagem social. Outras pessoas compram barracas em supermercado e doam. Há casos de advogados que orientam os moradores sobre os direitos de permanecerem. E isso dificulta o processo. Respeitando direitos constitucionais, o direito de ir, vir e permanecer, a equipe de abordagem tenta trazêlos para dentro dos serviços, tratá-los como seres humanos. Nós vamos até os locais, convidamos a pessoa a vir ao Centro Pop e ainda temos convênio com Educação de Jovens e Adultos (EJA), projeto Consultório na Rua, que oferece assistência em saúde”, explica. Sobre a necessidade de incluir a população em situação de rua no mercado de trabalho, Rogério explica que há dificuldades devido à associação com o consumo de álcool e drogas. “Se a dependência química não é tratada, a pessoa infelizmente não se mantém no mercado de trabalho”, reflete. Ele explica que os casos de cada morador são individuais, que envolvem fatores psicossociais. “Não se pode cobrar do Poder Público pela história de vida dessas pessoas. Elas têm outra concepção de vida, outros valores, e, muitas vezes, não querem ficar nos abrigos”, completa.

Em relação às críticas sobre a falta de um estudo sobre a população de rua na cidade, Rogério afirma que o Comitê Interinstitucional Pop Rua já prevê a licitação para contratação de uma pesquisa junto à UFJF para mapear quantitativa e qualitativamente a situação dos moradores na cidade. No entanto, admite que há atraso no processo. “Houve greve, há problemas contratuais. Mas, a partir de fevereiro começaremos a construir o documento com a proposta da política municipal da população de rua para para encaminhar à Câmara. Nosso diagnóstico não será meramente científico, mas envolvendo os próprios moradores e pessoas que atuam diretamente com essa população”, explica.
O secretário ressalta ainda a representação que Juiz de Fora possui no Comitê Estadual Interistitucional de População de Rua, composto por um representante da sociedade civil e uma entidade. Reforça que a política de Minas Gerais foi construída tendo como base o exemplo de Juiz de Fora e que as demandas do município serão levadas ao conhecimento do comitê. Rogério afirma ainda que a Instrução Normativa Intersecretarial, lançada pelo Executivo no início de dezembro, auxiliará nas ações com os moradores. “Trata-se de um documento que instrui sobre a conduta dos agentes públicos. Mesmo havendo a insistência do morador em se retirar do local, por exemplo, isso envolve o Código de Posturas do Município, trabalhando em ação conjunta entre as secretarias. O Demlurb recolhe o material que é inservível ao morador e orientamos para que tenham responsabilidade com o espaço público. Não podemos trabalhar para eles, temos que trabalhar com eles.”Pesquisador recomenda realização de diagnóstico.

Ao acompanhar por quatro anos a vida de moradores de rua na região central de Juiz de Fora, o sociólogo Igor Rodrigues conviveu com dramas, riscos e medos vividos por essas pessoas. Durante a experiência, que resultou em sua dissertação do mestrado em Ciências Sociais na UFJF, o pesquisador concluiu que as políticas públicas para a população de rua em Juiz de Fora, embora existentes, não são efetivas. “As políticas públicas que existem hoje em Juiz de Fora são castelos de areia. Elas não oferecem uma alternativa para que essas pessoas saiam das ruas. Existe o albergue para o indivíduo dormir, o Restaurante Popular para que possa comer. Mas mesmo nos equipamentos existentes, eles são criticáveis. Recentemente, não deixavam moradores de rua entrar no restaurante descalços. Isso é um política higienista”, critica. Rodrigues afirma que, sem criar mecanismos para um diagnóstico da população de rua, mensurando e qualificando as pessoas que vivem nesta situação, é como dar um tiro no escuro. “O município desconhece a realidade, não se faz um censo desde 2008, não se sabe que locais o morador de rua frequenta, o que ele pensa dessas instituições, que, em geral, tem reclamado muito dos serviços, do albergue”, diz. Ele enumera mitos que são interiorizados pela população, baseados em preconceitos (ver quadro abaixo). Para Igor, é preciso ouvir esta população e entender seus anseios, promovendo formas de negociação e capacitação para garantir a inserção no mercado de trabalho, para além da habitação e alimentação. “A sociedade precisa entender que a rua é a expressão de múltiplas precariedades, como abusos, violência sexual dentro de casa, carência econômica, perda de familiares, vários problemas. É preciso ter políticas para tirar essas pessoas das ruas. Políticas de capacitação social, mais apoio à Ascajuf, aos catadores, que prestam serviço para a cidade. Embora trabalhem, elas não têm garantias empregatícias, precisam de regulamentação jurídica. Há uma série de conjunções que surge como alternativa à rua e não uma política para manter o indivíduo na rua. Uma política frágil, situacional, que resolve mal o agora”, sentencia. Coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos, que também atua junto à população de rua, Fabiana Rabelo dos Santos também critica a falta de integração dos moradores de rua dentro de políticas mais efetivas. “O município precisa melhorar os equipamentos para atender à população de rua, integrálos em projetos de profissionalização, de encaminhamento para o mercado de trabalho. Eles possuem dificuldades inclusive jurídicas. Quando tentam acompanhamento no Caps Álcool e Drogas, necessitam de documentos e laudos, oferecendo uma burocracia que os faz desistir. O município precisa oferecer a cidadania a estas pessoas, o que, na prática, não está acontecendo”, observa.