Pesquisa ajuda a estabelecer estratégias de precaução de mazelas sofridas pela população idosa, doenças, fraturas e abandono de tratamento com medicação (Foto: Stefânia Sangi)

Pesquisa ajuda a estabelecer estratégias de prevenção de mazelas sofridas pela população idosa, como doenças, fraturas e abandono de tratamento com medicação (Foto: Stefânia Sangi)

Pesquisadores do Núcleo de Assessoria, Treinamentos e Estudos em Saúde (Nates), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), realizaram um inquérito para analisar o perfil da população idosa da Zona Norte em Juiz de Fora, com foco especial em síndromes geriátricas, identificando quais as fragilidades e perfis das pessoas que dependem da saúde, sendo ela pública ou privada. O resultado obtido pela pesquisa é voltado para contribuir com as novas políticas acerca da saúde fornecida no município, aprimorando ainda mais o atendimento de idosos na região, a preparação de profissionais da área e o estabelecimento de estratégias de precaução de doenças, fraturas e abandono de tratamento com medicação.

Segundo uma das professoras responsáveis pela pesquisa e membro do Departamento de Saúde Coletiva, Isabel Gonçalves Leite, o próximo passo é o início de uma intervenção junto à sociedade juizforana. “A partir de agora, teremos como trabalhar projetos futuros que contam, inclusive, com treinamentos de profissionais da área.” Para os pesquisadores, o envelhecimento da população representa um avanço social em desenvolvimento e torna ainda mais necessária a preocupação com a qualidade de vida e bem-estar das pessoas que chegam à melhor idade, compreendendo como esses conceitos estão relacionados com suas famílias, seus cuidadores e causas comuns de enfermidades entre os mais velhos, como fraturas provocadas por quedas, além de estipular políticas de prevenção.

3ªmaior cidade do país em população de idosos

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do Censo 2010, a faixa etária de 60 anos ou mais foi a que apresentou maior crescimento em Juiz de Fora entre 2000 e 2010, alcançando a média de 45,6% e superando a nacional (41%) e estadual (42%). Ainda de acordo com o censo, entre os municípios com mais de 500 mil habitantes, Juiz de Fora é o terceiro do país com a maior concentração de idosos, que constituem 13,6% da população.

Desta parcela de idosos, a maioria (79%) se queixa de problemas de saúde, sendo que 63,5% apresentam, ao menos, uma doença crônica. Estes são dados do primeiro Diagnóstico Socioeconômico da População Idosa de Juiz de Fora, estudo elaborado pelo Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da UFJF e entregue à Comissão Permanente de Defesa dos Direitos dos Idosos da Câmara Municipal em 2012.

Segundo os pesquisadores responsáveis pelo inquérito realizado com idosos na Zona Norte, uma atenção especial foi dada às doenças que interferem significativamente na qualidade desta parcela da população, uma vez que é reconhecido que elas também podem ser de alto custo para o sistema de saúde, além de melhor prevenidas e tratadas através do perfil traçado através dos resultados definidos pela pesquisa, que se coloca como um material importante para pesquisas futuras na área de saúde.

Uso e acesso a medicamentos

A mestre em Saúde Coletiva, Glenda Aquino, relata que utilizou em sua pesquisa os dados referentes ao grupo de estudo com os idosos da Zona Norte. Segundo Glenda, o objetivo era saber quais fatores estavam associados à adesão de medicação. Obtidos po meio da aplicação de questionários, os resultados obtidos apontam que existem três fatores que, quando associados, influenciam no uso das terapias: ser classificado como frágil, ter algum problema na visão e possuir falha na audição. “Os idosos que se encaixaram nestes parâmetros  involuntariamente não aderem aos fármacos receitados, o que acontece porque a percepção deles é prejudicada de alguma forma e não está relacionada ao descuidado ou menor capacidade de auto cuidado”, aponta Glenda.

As análises de Glenda buscaram entender como poderia ser a participação  dos farmacêuticos para os acompanhamento terapêuticos. A pesquisadora ainda  ressalta que os estudos podem contribuir, além do maior qualidade de vida da terceira idade, para economia de investimentos feitos pelo estado. Devido ao incentivo de políticas públicas facilitadoras de acesso a medicamentos, a efetividade do tratamento pode ser influenciada tendo em vista o abandono do mesmo. Para Glenda, a atuação farmacêutica pode se dar na atenção básica, em que orientam e ensinam os idosos e familiares.

Outras informações: (32) 2102-3830 (Núcleo de Assessoria, Treinamentos e Estudos em Saúde – UFJF)