A evolução tecnológica vem reconfigurando a sociedade que passa a se organizar em rede. Neste ambiente, o trabalho colaborativo, principalmente no meio acadêmico, tem sobressaído e aqueles que não usufruem disso acabam criando certa defasagem diante dos demais. Com foco nesta premissa, um grupo de alunos de Pós-graduação em Física da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), percebeu a oportunidade de fazer parte do programa University Chapter, criado nos Estados Unidos (EUA).
O Programa foi desenvolvido para fomentar a interação entre estudantes de diversas partes do mundo, garantindo a autonomia e a inserção destes no mundo da ciência antes mesmo de se tornarem mestres e doutores. Por meio deste, estudantes de pós-graduação ou graduação, participam de redes de colaboração entre pesquisadores de outras instituições, organizam eventos por conta própria, podendo, com apoio do Programa, convidar palestrantes e realizar seminários, entre outras vantagens. O contato da UFJF com os representantes da UC aconteceu em um evento do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (INEO), no início de 2014.
A partir daí, o atual presidente da University Chapter UFJF, Jefferson Martins, e outros alunos oficializaram a proposta junto à SBPMat e formaram uma equipe de dez alunos, mínimo para atender às demandas da entidade, e um tutor (professor da Universidade responsável pelo projeto). Aprovado em todos pré-requisitos, o grupo consolidou a parceria e, em setembro do ano passado, Martins e mais dois membros participaram do XIII Encontro da SBPMat, em João Pessoa (PA), onde foi feita a primeira reunião das UC’s brasileiras.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materais (SBPMat) viabilizou o projeto nas universidades, abrindo a possibilidade de congregar equipes de estudantes de graduação e pós-graduação, em áreas científicas e tecnológicas de materiais. Por meio da SBPMat, a University Chapter oferece ajuda de custo para os grupos de pesquisa ligados a ela.
Martins define a UC como uma oportunidade de os estudantes adiantarem etapas acadêmicas que, naturalmente, aconteceriam somente mais adiante em suas carreiras profissionais. “Os alunos têm a oportunidade de organizar encontros, participar de eventos com verba da própria Rede e fazer contato com outros grupos de fora da UFJF, por exemplo. É fundamental integrar estudantes de Biologia, Química, Física, Computação, Engenharia Elétrica e demais cursos ligados à área de materiais. A interdisciplinaridade permite que os diferentes cursos se ajudem, além de poderem realizar palestras e seminários que atendam à demanda de todos os envolvidos. A ideia principal é fazer contatos.”
Transpor limites
Atualmente, a UC UFJF possui 11alunos e três tutores. O presidente acredita que a novidade ainda atenderá aos demais cursos ligados à área de materiais. “Alguns exemplos são as áreas ligadas a magnéticos, a eletrônica orgânica, a célula solar, a nanofabricação, a materiais híbridos, a sensores, biosensores, etc. Mas, acima de tudo, queremos divulgar o estudo de materiais para a sociedade.”
Um dos tutores do grupo e professor do Departamento de Física, Welber Quirino, afirma que esse tipo de intercâmbio de informações permite ao aluno “transpor” os limites da instituição de ensino em que estuda. “Fundamentalmente, os alunos vão agir como profissionais, pesquisadores profissionais, e vão tomar conhecimentos sobre organização de eventos, congressos, convites a palestrantes e sobre como se comunicar com a comunidade científica. Eu, por exemplo, não tive esse tipo de experiência e acabei tendo que aprender com a prática. Muitas vezes de maneria difícil.” Até o momento, existem cinco University Chapters no Brasil, mas o presidente da UC UFJF acredita que a Universidade vai colher os frutos da iniciativa. “O principal retorno para a Universidade é fazer com que ela seja reconhecida fora de seus muros por fomentar tecnologia, inovação e educação”, finaliza Martins.
Outras informações: (32) 2102-3307 – ramal 212 (University Chapter UFJF)