Solenidade de encerramento premiou 21 trabalhos de estudantes da UFJF (Foto: Caique Cahon)

Solenidade de encerramento premiou 21 trabalhos de estudantes da UFJF (Foto: Caique Cahon)

Com a palestra “Palavras a um jovem pesquisador”, o professor emérito da Université de Paris, o francês Bernard Charlot, foi o convidado especial do encerramento do 20º Seminário de Iniciação Científica, o maior evento realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O último dia do Seminário contou ainda com a solenidade de premiação a trabalhos apresentados pelos estudantes da Instituição.

Ao todo, foram 21 premiações, sendo três destinadas à bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (Probic-Jr) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e 18 destinadas a bolsistas de graduação das áreas de Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Engenharias e Ciência da Computação, Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Línguística, Letras e Artes.

Para o professor Charlot, eventos como este são importantes, pois compartilham não só o conhecimento institucional, como o afeto entre pesquisadores. “Vejo este seminário como um ambiente fonte de criatividade e incentivo à pesquisa. Com certeza é de eventos deste tipo que sairão os grandes pesquisadores e o futuro da ciência”, afirmou.

Graduado em Filosofia em 1967, Charlot lecionou Ciências da Educação na Universidade de Túnis, na Tunísia. Entre 1987 e 2003, atuou como professor catedrático da Université de Paris, onde fundou a equipe de pesquisa Escol (Educação, Socialização e Comunidades Locais), voltada para a elaboração dos elementos básicos da teoria da relação com o saber. “O problema não é ter perguntas demais e sim quando achamos que temos todas as respostas. São as perguntas que nos movem”, diz.

Após se aposentar, chegou ao Brasil para atuar como professor visitante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e, desde 2006, coordena o grupo de pesquisas Educação e Contemporaneidade da Universidade Federal de Sergipe (UFSE), engajado em delinear as relações com os saberes e explicitar de que forma os alunos se apropriam deles.

Para o professor, o aluno da graduação é responsável por multiplicar a herança de conhecimento que lhe é passado. “O jovem é herdeiro de uma história e é ele quem deve continuá-la; afinal é o jovem pesquisador que construirá o futuro através de novos conhecimentos. A pesquisa é uma aventura assim como a juventude. Em um momento em que nos aventuramos cada vez menos durante a escola ou a faculdade, a pesquisa é o melhor meio de quem que ir além do conhecimento básico e construir o seu próprio.”

Saldo positivo
Segundo a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Maria Cristina Andreolli, a 20ª edição do seminário superou todas as expectativas. “Foi um sucesso total. Todas as atividades superaram nossas estimativas em números de participantes e engajamento. Isso nos traz a mensagem não só de seguir em frente mas também de potencializar os programas de iniciação científica que são, na verdade, o manancial da ciência brasileira.” Ela ainda traça um comparativo com outras edições. “A cada ano a gente verifica que a participação e o comprometimento dos alunos e professores tem aumentado devido ao amadurecimento da comunidade científica na nossa instituição.”

Para Isabela Brito Reis, estudante do oitavo período da Faculdade de Farmácia e bolsista premiada pelo projeto “Determinação do teor de magnésio em cafés expressos e avaliação da inibição da absorção de ferro pelo café expresso”, trata-se do reconhecimento de mais de um ano de trabalho. “No meu caso, a iniciação científica é o ponta-pé de um futuro voltado para a formação acadêmica e docência. Nosso projeto, realizado em parceria com a química analítica, nos deu a oportunidade de conhecer a área da pesquisa e de fazer importantes contatos dentro da universidade. Essa premiação hoje nos deixa muito honrados.”

Para o professor do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luiz Carlos Villata, convidado para ser um dos avaliadores, o nível dos trabalhos foi surpreendente. “Encontrei aqui trabalhos muito interessantes e que terão impacto na nossa sociedade. Através de minhas avaliações tive contato com temas atuais, que estão em pauta agora no período eleitoral, como a Lei Maria da Penha, que protege a mulher contra a violência doméstica, os direitos de homens e mulheres transexuais, entre outros.”