A maior referência mundial em intermidialidades, o pesquisador Claus Clüver, fez a abertura do congresso internacional na UFJF. (Foto: Stefânia Sangi)

A maior referência mundial em intermidialidades, o pesquisador Claus Clüver, fez a abertura do congresso internacional na UFJF. (Foto: Stefânia Sangi)

Discutir a relação entre as mídias e as mais diversas formas de arte dentro de um contexto contemporâneo e histórico é o foco principal do Intermidialidade 2014, primeiro congresso internacional sobre o tema no Brasil. Para abrir o evento e debater a fundo os fenômenos que nascem dessa relação, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu nessa quarta, 22, o professor da Universidade de Indiana (EUA) e um dos principais pesquisadores da área, Claus Clüver. Segundo um dos coordenadores do congresso, João Queiroz, a visita de Cluver é de fundamental importância. “Clüver é considerado um dos fundadores e principais sistematizadores desse campo de estudo chamado intermidialidade. Um pesquisador de impacto internacional dando sua contribuição à UFJF”.

Em relação ao tema do congresso, Clüver afirma que, “atualmente, intermidialidade é uma condição básica de fazer arte, porque quase ninguém fica trabalhando só em uma mídia gráfica ou coisa assim. Normalmente, tudo que é digital já é intermidiático”. Ele exemplifica para mostrar que o conceito está aplicado em diferentes áreas: “A publicidade também implica intermidialidade, pois combina palavra e imagem cinematográfica ou vídeo. O estudo da intermidialidade ajuda a aproximar essas mídias num sentido mais crítico, entendendo de que formas se combinam”.

João Queiroz

João Queiroz, um dos organizadores, ressalta o fato de já haver um trabalho sólido sendo desenvolvido na UFJF como fundamental para a realização de um evento importante como este. (Foto: Stefânia Sangi)

Na Universidade, as pesquisas de Cluver e dos demais pensadores da área são trabalhadas pelo Iconicity Reasearch Group (IRG) – Grupo de Pesquisa Sobre Iconicidades, fundado há cerca de um ano e liderado por Queiroz: “podemos dizer que estamos realizando o congresso em um solo bastante ‘adubado’, ou seja, existem pesquisas sendo feitas nessa área há pelo menos um ano, sendo exibidas em diversos locais e publicados em jornais importantes”, afirma Queiroz.

Para a coordenadora do evento, Daniella Aguiar, o conceito de intermidialidade está presente no cotidiano das pessoas, e também cita um exemplo simples que ilustra o conceito do tema. “Intermidialidade, de uma maneira geral, é o estudo da relação entre as artes com as mídias. Uma adaptação de uma história em quadrinhos para a tela do cinema é um exemplo. Nesse caso, chamamos esse fenômeno de tradução, transposição e intersemiótica da HQ para o cinema. Esse é um caso clássico desses estudos de intermidialidade”, explica Daniella.

Como o congresso é fruto da parceria entre três programas de pós-graduação, “Letras: Estudos Literários”, “Artes, Cultura e Linguagem” e “Comunicação”, Daniella alerta para a importância de reunir pesquisadores e convergir ideias. “No Brasil, existem profissionais trabalhando com esses objetos de estudo, mas ainda dentro de suas próprias disciplinas isoladas. A ideia do evento é colocar pessoas de diferentes áreas que tenham interesse nessas relações para trocar informações, divulgar seus trabalhos e discutir propostas nesse ambiente de relação, não na sua própria disciplina, mas em um debate nesse ambiente que não é comum no país”.

Uma das pesquisadoras sobre o tema presente na palestra de Clüver é a professora do mestrado em Comunicação Gabriela Borges. Ela atesta a interdisciplinaridade alegada por Daniella e afirma que o modo como ele apresentou o panorama dos estudos de intermidialidade trouxe uma sistematização, que é muito importante para que essa área se solidifique: “Conseguimos encontrar publicações esparsas, grupos na Suécia, Alemanha, EUA que trabalham com esse tema, mas não de uma forma tão sistematizada”.

A palestra de Clüver também fez sucesso entre os alunos. Bolsista no IRG, Cláudio Filho alega que a palestra acrescenta muito na formação profissional e acadêmica dos alunos. “Clüver é um dos grandes teóricos da área. É a mesma coisa que estudar Picasso e ter a possibilidade de vê-lo pintando. Estamos tendo esse tipo de oportunidade ao ver um professor tão renomado da semiótica e poder trocar ideias com ele”, reflete Filho.

Daniella

Coordenadora do evento, Daniella Aguiar explica como o conceito de intermidialidade está presente no cotidiano das pessoas. (Foto: Stefânia Sangi)

Para o aluno do mestrado em Artes, Cultura e Linguagem, Pedro Carcereri, trazer profissionais de fora sempre traz novos pontos de vista. “Juntar esse volume de pesquisadores e pesquisas em um congresso significa que o trabalho feito na UFJF, especialmente no IAD, está sendo reconhecido. Acho muito interessante que isso culmine num evento dessa magnitude e espero que seja o primeiro de vários”.

O Congresso Intermidialidade 2014 termina na sexta, 24, e conta também com outras palestras, mesa de debates e apresentação de 120 trabalhos acadêmicos relacionados ao tema. Desse total, 12 serão selecionados para uma publicação de um livro. Confira a programação completa.

Outras informações:

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Programa de Pós-graduação em Comunicação: (32) 2102-3616

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