A criação de pesquisas e políticas públicas que envolvam um trabalho multidisciplinar para pensar pautas, como educação e saúde mental, por exemplo, no contexto do processo de descriminalização da maconha, é um dos grandes desafios contemporâneos. Essa reflexão é da professora da Universidad De La República (Udelar/Uruguai), Letícia Núñez Almeida. Ela foi a convidada do quarto episódio da série Descriminalização da Maconha, do Nevidh em Pauta Convida. Na entrevista com os pesquisadores do NEVIDH, Paulo Fraga e Ricardo Bedendo, a docente destacou que “todos nós sabemos, falamos, discutimos a questão da saúde mental como algo crucial nas nossas vidas, mas a questão é: o que saúde mental? É não ter ansiedade, não ter depressão? Aí me parece que a questão das fronteiras e encruzilhadas pode nos abrir muitas possibilidades para pensar”.
Letícia pontuou, portanto, que a saúde mental é algo “personalíssimo” e que “todas as substâncias químicas, os entorpecentes podem ser um sinal da saúde mental ao mesmo tempo que podem ser sinal da doença. Então, é muito delicado construir conceitos sobre o que é saúde mental, porque, de repente, para algumas pessoas usar qualquer tipo de droga, seja lícita ou ilícita, medicamentos de todo o tipo, pode ser um sinal de saúde mental em um determinado momento e em outro não.”
O professor Paulo Fraga destacou como o proibicionismo no contexto das drogas ainda é muito superior ao processo de educação. “E quando proibimos apenas estamos criando mais estigmas, e não estamos, inclusive, tendo acesso às pessoas que precisam de um cuidado quanto ao uso abusivo”. Paulo enfatizou, ainda, que “a descriminalização não leva justamente ao consumo irresponsável”. O coordenador do NEVIDH também acrescentou sobre a importância da educação para um consumo sensato de substâncias. “Em vários países que se descriminalizou não se avançou para um consumo irresponsável, mas na verdade foram preservados alguns direitos.”
Outras informações sobre o episódio completo “Educação e Saúde Mental: Fronteiras e Encruzilhadas” você confere no conteúdo da conversa, disponível nas nossas redes sociais digitais. Os links podem ser acessados pelo Instagram oficial do NEVIDH: @nevidh.ufjf
