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Estudo analisa crônicas de Luiz Ruffato publicadas no El País

Michele Rodrigues defendeu a dissertação “O cronismo de Luiz Ruffato no El País: narrativas de resistência e engajamento” na UFJF (foto: Iago de Medeiros/UFJF)

Michele Rodrigues defendeu a dissertação “O cronismo de Luiz Ruffato no El País: narrativas de resistência e engajamento” na UFJF (foto: Iago de Medeiros/UFJF)

O interesse pelos temas sociais abordados nas crônicas de Luiz Ruffato, bem como pelo teor crítico nelas presente, motivou a acadêmica Michele Pereira Rodrigues a desenvolver sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A pesquisa foi realizada a partir da análise das crônicas do autor publicadas no El País desde 2013, ano em que Ruffato começou a escrever para o jornal espanhol.

Michele conta que o contexto histórico-social presente nas obras de Luiz Ruffato sempre chamou sua atenção, desde o início da carreira do autor. O tema mais recorrente, segundo ela, é a classe operária em cidades do interior do país. A acadêmica ressalta que, apesar de ter tido um grande reconhecimento com sua literatura ficcional dentro das universidades brasileiras, o cronista ainda era pouco conhecido pelo público geral. “Quando começou a escrever para o El País, minha curiosidade era observar como se desenvolveria sua narrativa num espaço de mídia hegemônica, em que prevalece o texto objetivo, falando para um público maior. O objetivo geral da pesquisa foi investigar, então, as características do cronismo de Luiz Ruffato no jornal El País.” Nesse sentido, a pesquisadora observou uma frágil fronteira entre o jornalismo e a literatura: Ora os textos eram mais ficcionais, ora se ancoravam em temas que estavam nas páginas dos jornais ou sendo discutidos nas redes sociais.

O trabalho “O cronismo de Luiz Ruffato no El País: narrativas de resistência e engajamento” foi desenvolvido através da investigação de dois materiais distintos: as crônicas publicadas no El País e a fala de Ruffato na I Jornada de Mídia e Literatura realizada em 2017, que foi organizada pelo grupo de pesquisa “Narrativas Midiáticas e Dialogias”. Para o estudo, Michele utilizou a metodologia de Análise Crítica da Narrativa. “A aplicação da metodologia exigiu um esforço de diálogo entre diversos campos do conhecimento, como a Teoria Literária, a Comunicação, História, Filosofia e Sociologia, muito por conta de seu caráter interdisciplinar.”

A acadêmica considera que sua pesquisa adquire importância no meio social por tratar de um suporte que se adapta aos meios de comunicação ao longo dos anos: a crônica. No caso de Luiz Ruffato, o processo de inserção desse gênero literário na internet gerou diversos recursos a serem aproveitados, como por exemplo a possibilidade de uso de hiperlinks, que levam o autor a outro texto. “A relevância está em observar a crônica como um indicador social e cultural de um tempo e de um espaço, seja quando se observa o contexto de sua produção ou quando se analisam as questões manifestas no texto.”

Ao final da pesquisa, Michele constatou que Ruffato possui uma inclinação para a produção de textos opinativos, o que contribui para sua consolidação como intelectual. Além disso, o autor se esforça para firmar-se como um representante da camada social operária brasileira. “A hipótese inicial era de que as crônicas de Ruffato seguiriam por um caminho mais próximo à literatura ou carregando impressões e representações sobre a cidade, para usar a classificação utilizada na pesquisa para designar esse tipo de crônica. Mas há uma mudança de percurso por conta do agravamento da situação política brasileira, assunto ao qual dedica a maioria de suas crônicas.”

A professora orientadora Cláudia de Albuquerque Thomé acredita que o trabalho de Michele tem importância devido à grandiosidade das obras de Ruffato. “Trata-se de um escritor que foca sua obra nas questões do trabalhador, em textos que retratam o cotidiano do operário, com teor crítico e atualidade temática. Além disso, a dissertação traz uma análise das questões apontadas por ele nas páginas do El País e também as estratégias narrativas da crônica que, de forma coloquial e ambientada no cotidiano, tem potencial crítico de apontar muitos problemas que estamos presenciando em nosso país.” 

Contatos: 
Ma. Michele Pereira Rodrigues:
michelepereiraa@gmail.com

Profa. Dra. Cláudia de Albuquerque Thomé (orientadora- UFJF)
cthomereis@gmail.com

Banca Examinadora:
Profa. Dra. Cláudia de Albuquerque Thomé (orientadora- UFJF)
Profa. Dra. Christina Ferraz Musse (UFJF)
Prof. Dr. Frederico Augusto Liberalli de Góes (UFRJ)

 

Com informações da Diretoria de Imagem Institucional da UFJF/Jornalismo.