Por Monique Campos e Cristiane Turnes
Dois integrantes do grupo de pesquisa LMD defenderam suas dissertações de mestrado no mês de março, na modalidade remota via Google Meet. Mariana de Toledo Lopes desenvolveu a pesquisa intitulada “Tecnologia e-Motion: possibilidades de imersão na narrativa ficcional”. A banca foi composta pelo professor orientador Carlos Pernisa Júnior, pelo professor coorientador Stanley Cunha Teixeira, pela professora convidada interna Cláudia de Albuquerque Thomé (PPGCOM/UFJF) e pela professora convidada externa Luana Viana (PPGCOM/UFOP). Felipe Panisset defendeu a dissertação “Arqueologia Transmídia: as óperas-rock da década de 1970”. A pesquisa foi orientada pelo líder do LMD Carlos Pernisa Júnior, tendo como membros da banca os professores Wendell Guiducci (UFJF) e Ticiano Paludo (FACCAT) e ainda o Doutor em Comunicação Rafael Saldanha como convidado.
Tecnologia e-Motion: possibilidades de imersão na narrativa ficcional
Em sua dissertação, Mariana Lopes desenvolve discussões teóricas que instauram as bases da tecnologia e-Motion. Ela aborda a inserção do ser humano no ambiente digital, a transparência da mídia, as diferentes formas de imersão em narrativas, além de apresentar contextos relevantes da evolução e expansão dos meios de comunicação.
A tecnologia e-Motion visa permitir uma leitura imersiva em diferentes aspectos. Idealizada pelo professor e pesquisador Stanley Teixeira, o e-Motion funciona com base no rastreio do movimento dos olhos possibilitado pelo dispositivo eye tracker. Esse percurso dos olhos e também a atenção dedicada pelo olhar foram pensados enquanto ferramenta voltada à narrativa digital, experiência de leitura e à aplicabilidade em histórias ficcionais.
Uma das perguntas que norteou a investigação da recente mestre pelo PPGCOM foi a de como o e-Motion pode ser uma ferramenta imersiva capaz de despertar o interesse dos jovens pela leitura. Outro ponto relevante da pesquisa é a compreensão da evolução, digitalização e expansão do livro.
A pesquisadora também apresenta uma aplicação da teoria e dos conceitos que embasam o e-Motion, com a criação de uma narrativa em formato de livro expandido em tela, que tem a proposta de leitura imersiva em diversos aspectos. A última carta, história produzida e editada por Mariana Lopes, possui uma série de efeitos visuais, sonoros e intervenções gráficas como formas de vivenciar a imersão na narrativa. O formato livro é tido como plataforma inicial, mas a proposta da pesquisadora é que outros dispositivos possam configurar e modificar a história, como a inteligência artificial, óculos de realidade virtual, fones, entre outros equipamentos que possam possibilitar a imersão associando todo o ambiente em que o interator está inserido.
Arqueologia Transmídia: as óperas-rock da década de 1970
A dissertação de Felipe Panisset propõe pesquisar se as óperas-rock da década de 1970 podem ser consideradas narrativas transmídias, ainda que tenham sido criadas em uma época sem meios e ferramentas digitais disponíveis. Como objeto foram analisadas as obras Tommy, da banda The Who, e The Wall, da banda Pink Floyd.
Felipe Panisset é músico e explica que a pesquisa nasceu do encontro dessa paixão pela música com os estudos de Henry Jenkins, sobre transmídia.
O pesquisador notou que a transmídia, prática que envolve a criação de conteúdos interligados e complementares utilizando diferentes meios de comunicação, estava muito presente em obras musicais. E que tais ações ocorrem muito antes da Internet, que evocou as primeiras discussões sobre essa estratégia.
Sendo assim, Panisset se empenhou em entender como na música durante a década de 1970 a transmídia foi utilizada. A pesquisa foi norteada pelo conceito de “Arqueologia Transmídia”, desenvolvido por Carlos Alberto Scolari, Paolo Bertetti e Matthew Freeman, que tem como objetivo identificar “produções transmídia criadas antes da introdução do conceito no início dos anos 2000” (SCOLARI; BERTETTI; FREEMAN, 2014).
Como metodologia, a dissertação baseou-se na Análise Crítica da Narrativa, de Luiz Gonzaga Motta, propondo uma adaptação do método ao objeto estudado.
O pesquisador obteve como resultado que a obra Tommy tateou uma nova experiência de narrativa e mídia, apontando novas possibilidades de formatos para criações musicais. Já The Wall atingiu em plenitude o potencial transmidiático de seu tempo, desenvolvendo uma criação madura e coesa, que proporciona uma experiência imersiva e de “obra de arte total.”
Panisset ainda observa que são necessárias pesquisas que discutam a transmídia na música nos tempos atuais, pensando no que afeta a incorporação dos meios digitais nessas obras.