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Tese de Luana Viana recebe menção honrosa em prêmio da SBPJor

Por Helena Amaral

A tese da pesquisadora do Laboratório de Mídia Digital (LMD), Luana Viana, recebeu menção honrosa na 18ª edição do Prêmio Adelmo Genro Filho de Pesquisa em Jornalismo (PAGF 2023). Concedida pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) desde 2004, a premiação tem como proposta o reconhecimento de trabalhos acadêmicos desenvolvidos em instituições de ensino superior e pesquisa, valorizando a atuação de pesquisadores(as) brasileiros (as).

Dentre onze inscritos, o trabalho de Viana, “Jornalismo narrativo em podcasting: imersividade, dramaturgia e narrativa autoral”, foi um dos três agraciados pelo prêmio na categoria Doutorado. A pesquisa toma como objeto de estudo o podcast “O Caso Evandro”, para investigar quais estratégias utilizadas pelo narrador potencializam a experiência imersiva do ouvinte.

Desenvolvida sob orientação do Prof. Dr. Carlos Pernisa Júnior (UFJF), a tese de Luana foi a primeira defendida no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCOM-UFJF), em junho de 2022. Este ano, o trabalho foi publicado em livro pela editora Insular, dando estreia à série Mídia Sonora.

Para Luana Viana, o reconhecimento pelo Prêmio Adelmo Genro Filho vai além do caráter pessoal e joga luz sobre objetos de estudo que, historicamente, foram deixados à margem das pesquisas em comunicação. “Recentemente, temos vivido um grande crescimento no consumo de produtos sonoros, e a premiação deixa claro que precisamos olhar para a mídia sonora, para os produtos radiofônicos, para os podcasts, de uma forma que a gente tente compreender quais são as transformações pelas quais estes meios de comunicação vêm passando”, argumenta.

A doutora também ressalta a força demonstrada pelo rádio, veículo criado há mais de um século, na contemporaneidade, bem como destaca características que contribuem para uma manutenção do interesse de pesquisa no áudio – mesmo em um contexto em que as tecnologias, em sua maioria, dão centralidade ao visual. Para Viana, embora estejamos cada vez mais cercados por elementos que destacam o sentido da visão, características como o sentido de proximidade – que aponta para um caráter humanizado das produções em mídia sonora –, e a imersão contribuem para que o áudio se mantenha como objeto de interesse acadêmico.

Tese de Luana Viana foi publicada em livro,
com lançamento durante o Congresso Nacional
da Intercom 2023. Foto: Mariana Lopes

Desafios da pesquisa em rádio e mídia sonora no Brasil

Popularizados na primeira década dos anos 2000, os podcasts têm despertado cada vez mais interesse entre público e produtores. Dados do Datareportal 2023 mostram que quase 43% dos(as) brasileiros(as) com idades entre 16 e 64 anos escutam podcasts pelo menos uma vez por semana. Ainda de acordo com o mesmo estudo, a média de tempo diária de consumo desses conteúdos pelo público é de uma hora e dezessete minutos.

Na medida em que a produção e o consumo destes e de outros conteúdos sonoros aumenta, cresce também o interesse de pesquisa por estes objetos. Esse olhar é essencial para uma compreensão de como o setor de rádio e mídia sonora tem se modificado diante de avanços tecnológicos, bem como para um entendimento do modo que se dá a dinâmica de produção, distribuição e consumo de produções sonoras na contemporaneidade.

Embora mais atuais e caracterizadas por possibilidades diferenciadas de fruição, as produções em podcasting guardam muitas semelhanças com conteúdos feitos para o rádio. Como destaca Luana Viana, ao terem a mídia sonora como central, produtos de ambos os tipos potencializam o uso do som como meio de expressão. Para a docente, somado a esse caráter expressivo, o potencial de imersão faz com que o áudio seja propício à criação de diversas narrativas, sejam elas jornalísticas ou ficcionais. “A partir disso”, acrescenta, “outras coisas vão se desdobrar, como as idéias da intimidade, da proximidade, da companhia. Então, o poder de expressão da mídia sonora permite que a gente tenha um lado humano mais tocado por estes formatos midiáticos”.

Para além dos desafios que já perpassam o campo de pesquisa em rádio e mídia sonora – tal como a necessidade de desenvolvimento de uma metodologia específica para análise de meios sonoros –, Luana destaca a necessidade de se compreender como as mídias sonoras são reconfiguradas por novos dispositivos. “Quando digo isso, não falo somente do rádio e do podcast: percebemos, cada vez mais, o uso do som, o uso da voz, no comando de algumas ações em nosso cotidiano”, explica, ressaltando que dispositivos de comunicação como smartphones e smartspeakers demandam um olhar específico, a partir da mídia sonora.

A doutora em comunicação relembra, ainda, o desenvolvimento da inteligência artificial, que envolve, muitas vezes, uma imitação da voz humana. “De uma maneira geral, é necessário olhar como a mídia sonora vem transbordando para diversos dispositivos, e como estes dispositivos se apropriam das funcionalidades da linguagem radiofônica”, complementa.