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Integrantes do LMD participam do Encontro Nacional de História da Mídia

Helena Amaral_Alcar

 

Por Helena Amaral

 

Na última quinta-feira (19/08), as pesquisadoras do Laboratório de Mídia Digital (LMD), Luana Viana, Cristiane Turnes Montezano e Helena Amaral, e o coordenador do grupo de pesquisa, professor Carlos Pernisa Júnior, apresentaram trabalhos científicos no XIII Encontro Nacional de História da Mídia. Organizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores da História da Mídia (Alcar), o evento foi realizado entre os dias 18 e 20 de agosto, de forma online, e sediado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio da Faculdade de Comunicação Social (FACOM) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM). O tema da edição 2021 foi #vidasnegrasimportam: racismos, violências e resistências nas dinâmicas do tempo.

 

A primeira integrante do LMD a se apresentar foi a doutoranda Helena Amaral, na segunda sessão diurna do Grupo de Trabalho História da Mídia Sonora. Em parceria com o professor Carlos Pernisa, a discente apresentou o artigo “A digitalização do rádio brasileiro registrada em eventos nacionais da comunicação: um levantamento bibliográfico”. A proposta da pesquisa foi traçar um panorama das abordagens sobre a digitalização do rádio brasileiro em artigos científicos apresentados em eventos nacionais da comunicação.

 

Para tanto, foram realizadas buscas nos anais do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom); do Encontro Nacional de História da Mídia, promovido pela Alcar; do Congresso Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós), e do Encontro Anual da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).

 

O recorte temporal do levantamento contemplou os anos entre 2005 – quando a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) autorizou os primeiros testes, em emissoras brasileiras, com padrões internacionais de rádio digital – e 2020 – ano que marca uma retomada destes experimentos, que desde meados da primeira década dos anos 2000 haviam retrocedido.

 

Identificou-se um total de 22 papers, 18 deles nos anais do Congresso da Intercom e quatro em edições do Encontro Nacional da Alcar. Nos trabalhos, foram investigados aspectos como a região do país nos quais foram desenvolvidos; as palavras-chave elencadas; os anos e grupos de trabalho nos quais foram apresentados; os objetos de estudos das investigações e as perspectivas metodológicas e teóricas adotadas.

 

Dentre os resultados, pode-se destacar a prevalência de emissoras locais/regionais de rádio como objetos de investigação – nove aparições-, o que pode ser compreendido pelo fato de que parte significativa dos trabalhos voltou-se ao acompanhamento, in loco, de testes com os padrões internacionais; a concentração de trabalhos desenvolvidos por pesquisadores e pesquisadoras da região Sudeste, o que se justifica ao considerarmos que a maioria dos experimentos foi realizada por emissoras dessa região; e um maior número de trabalhos nos anos de 2006 e 2007, com cinco cada, bem como a ausência de papers entre os anos de 2015 e 2019. Quanto aos últimos números, ressalta-se que nos primeiros anos dos testes o tema estava em voga, mas o debate retrocedeu após o processo de migração do AM para o FM, iniciado em 2013, e com a dissolução do Conselho Consultivo do Rádio Digital, em 2014.

 

Em suas considerações finais, Helena Amaral e Carlos Pernisa apontam para a necessidade de se retomar os debates e as pesquisas sobre a digitalização do rádio brasileiro, levando-se em consideração os aprimoramentos e novas potencialidades oferecidas pelos padrões existentes, as experiências de países nos quais o rádio digital encontra-se consolidado e as possibilidades que a digitalização apresenta ao setor nacional da radiodifusão de sons.

 

 

Luana Viana_Alcar

 

Podcasts em perspectiva

 

Também no GT História da Mídia Sonora, em sessão realizada na tarde de quinta-feira (19/08), a doutoranda e integrante do LMD Luana Viana apresentou o artigo “Categorização de podcasts no Brasil: uma proposta baseada em eixos estruturais a partir de um panorama histórico”. Desenvolvido em parceria com o pesquisador e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Luãn Chagas, o artigo traz uma proposta preliminar de categorização de produções em podcasting.

 

Para tanto, Viana e Chagas cruzaram dados do Spotify, do Google Podcasts e do Apple Podcasts, identificando os 50 podcasts brasileiros mais ouvidos nestas plataformas. A partir de uma observação sistemática dessas produções, desenvolvida com base em classificações anteriormente propostas, os autores identificaram as características e estruturas mais utilizadas pelas mesmas.

 

Como pontuado por Luana Viana em sua apresentação, nos anos iniciais das pesquisas em podcasting havia uma escassez de propostas conceituais classificatórias de podcasts. A partir do ano de 2012, inicia-se o que o pesquisador italiano Tiziano Bonini classifica como “segunda era do podcasting”, a qual o autor argumenta ter início nos Estados Unidos, a partir da transformação do podcasting em uma prática comercial e de consumo massivo. Nos anos que se seguem à mesma, observa-se um aumento nas proposições de categorização desses produtos, algumas delas abordadas por Viana e Chagas no artigo.

 

Em comum a estas abordagens, os autores explicam haver uma prevalência de olhares sobre os formatos e gêneros das produções em podcasting. Levando em consideração os caracteres híbrido, difuso e variável dos formatos e dos gêneros, Luana Viana e Luãn Chagas propõem, então, uma categorização baseada em eixos estruturais de produção e indicam os mais recorrentes nos 50 podcasts nacionais analisados na pesquisa, a saber: (01) relato; (02) debate; (03) narrativas da realidade; (04) entrevista; (05) instrutivo; (06) narrativas ficcionais; (07) noticiosos e (08) remediados.

 

Dentre outras considerações apontadas por Luãn Chagas ao final da apresentação do trabalho, destacam-se a necessidade de se pensar nas especificidades e características que marcam os estudos em podcast; de se considerar o hibridismo e a fluidez dessas produções; e também os eixos classificatórios para além dos gêneros e dos formatos.

 

Luana Viana também é co-autora do trabalho “A Podosfera É Delas? Um Panorama Histórico Brasileiro Sobre Rádio e Mulheres”, apresentado pela jornalista Yasmin Winter na segunda sessão diurna do GT História da Mídia Sonora. Derivado do trabalho de conclusão de curso de Winter na graduação, que teve a orientação da integrante do LMD, o artigo ganhou o terceiro lugar no Prêmio José Marques de Melo de Estimulo a Memória da Mídia. A premiação é promovida pela Alcar, com o objetivo de estimular a pesquisa dos processos e das práticas comunicacionais, a partir de um viés histórico, entre as novas gerações.

 

Além de traçar um olhar sobre a relação histórica entre as mulheres e o rádio, o trabalho apresenta um panorama de podcasts brasileiros produzidos por mulheres. No que diz respeito à primeira abordagem, as autoras fazem uso das quatro fases de desenvolvimento do rádio propostas por Luiz Artur Ferraretto (2012) – a saber, implantação (1910-1930), difusão (1930-1960), segmentação (1950-2000) e convergência (1990-atualmente) -, a partir das quais traçam relações com acontecimentos sociais relacionados às mulheres, dando destaque àqueles que dizem respeito à participação delas no rádio.

 

O levantamento de podcasts produzidos por mulheres, por sua vez, foi feito por meio de consultas a redes sociais digitais, sites e plataformas de streaming. Contemplando produções feitas até dezembro de 2019, a coleta identificou 172 podcasts, nos quais foram analisados aspectos como os principais temas discutidos, os formatos adotados, o número de apresentadoras e a periodicidade dos episódios.

 

Como ressaltado por Yasmin Winter ao final de sua explanação, a pesquisa aponta para a importância das mulheres no rádio e na podosfera brasileira, bem como para a possibilidade de realização de novas pesquisas na área – considerando-se, por exemplo, o cenário imposto pela pandemia da Covid 19 e seus impactos nas produções em podcasting.       

 

 

Cristiane Montezano_Alcar

 

Plataformas audiovisuais digitais e interação

 

Também na tarde de quinta-feira (19/08), a mestranda Cristiane Turnes Montezano e o professor Carlos Pernisa Júnior apresentaram o artigo “Interação no ciberespaço: Relações compartilhadas nas mídias digitais”. A apresentação se deu no GT História da Mídia Digital, no qual o coordenador do LMD também atuou como mediador.

 

Com base em reflexões e questionamentos sobre o tema, o e a pesquisadora buscaram mapear, catalogar e classificar as possíveis formas de interação mediada proporcionadas por ferramentas do YouTube e seus respectivos usos. Como relatado por Cristiane Turnes ao longo de sua fala, a investigação resultou de uma necessidade percebida ao longo do desenvolvimento de sua pesquisa de mestrado, na qual analisa as construções narrativas na Omeleteve, canal do site de cultura pop Omelete no YouTube.

 

Para tanto, o primeiro passo da pesquisa foi a realização de uma revisão bibliográfica, com fins de traçar um retrospecto de conceitos relacionados aos estudos sobre interação e interatividade, trazendo em perspectiva a relação destes com o ciberespaço. Em um segundo momento, foi feito um mapeamento das ferramentas do YouTube que proporcionam aos/às usuários/as possibilidades de interagir com os conteúdos e seus/suas produtores/as.

 

Cristiane Turnes chamou atenção para o fato de que o YouTube é a segunda maior plataforma acessada em todo o mundo e é considerado a segunda rede social com maior número de usuários ativos. Além disso, recorrendo aos pesquisadores Jean Burgess e Joshua Green (2009), observa que o chamado à participação é uma característica que destaca a plataforma frente a outras mídias tradicionais, visto que a mesma possui um modo de abordagem que naturalmente convida os/as usuários/as à participação.

 

A partir do mapeamento, o e a pesquisadora identificaram algumas ferramentas e possibilidades de interação a partir do YouTube, tais como o chat da plataforma, as redes sociais dos membros dos canais, a criação de enquetes, a possibilidade de adição de comentários pelos/as usuários/as e os chamados para ações de engajamento (lembretes). Os resultados obtidos embasaram a elaboração de uma ficha de análise, a ser empregada em investigações e coletas de dados sobre as interações na plataforma.