Por Monique Campos
Com o tema “Novos talentos nas HQs”, a palestra do último dia da HQWeek! teve, como convidado, o coordenador da Gibiteca de Curitiba e da área de ilustração da Fundação Cultural de Curitiba, Fulvio Pacheco. Ele é quadrinista, participou de 43 publicações entre coletâneas e individuais e já concorreu quatro vezes ao prêmio HQ Mix. Pacheco atua também como professor, ministrando cursos sobre educação, artes e quadrinhos. Durante a sua fala, ele apresentou os projetos da Gibiteca e destacou as iniciativas de formação de quadrinistas realizadas pela instituição.
A Gibiteca é um espaço pertencente à Fundação Cultural de Curitiba com um acervo de 35 mil quadrinhos. Desde a sua fundação, em 1982, ela foi pensada como ponto de encontro e espaço para formação e fomento, com cursos variados sempre voltados para a aplicação em quadrinhos. Pacheco conta que a Gibiteca possuía 23 cursos diferentes antes da interrupção das atividades por causa da pandemia. A opção encontrada pelos administradores foi migrar para as plataformas virtuais. Atualmente, o canal do Youtube da Fundação Cultural de Curitiba possui uma playlist da Gibiteca com as aulas disponibilizadas gratuitamente.
A história da Gibiteca tem influência da tradicional produção de quadrinhos na cidade, cujo início data de 1888. O espaço foi inaugurado em 1982, considerado a primeira gibiteca do mundo. Atualmente, a instituição responde pelo lançamento de uma média de 50 HQs por ano na cidade. “Eu imagino que sejamos uma das capitais brasileiras que mais produz quadrinhos. Muitos grupos e autores saem das oficinas da Gibiteca. Os cursos de formação sempre foram nossos pontos fortes”, comenta Fulvio. Desde quando foi criada, a Gibiteca foi mais que um acervo de quadrinhos, tendo se tornado um importante centro formador. Pacheco cita o coletivo Boca Maldita Comics e nomes como Cláudio Seto, Antônio Eder e José Aguiar como referências de ex-alunos que viraram quadrinistas, professores e ainda têm suas obras constituindo o acervo.
A trajetória de Fulvio Pacheco na Gibiteca de Curitiba começou quando ele ainda era aluno do ensino médio e participou de um curso de desenho no local. Durante a graduação em Artes, foi estagiário na Gibiteca e desenvolveu o seu trabalho de conclusão de curso sobre a instituição, o qual se tornou o livro “A história dos quadrinhos e da Gibiteca de Curitiba”.
O convidado da HQWeek! conta que a Gibiteca possui projetos de formação continuada para professores, por meio de parceria com a Secretaria de Educação de Curitiba. São cursos de quadrinhos para que os professores multipliquem as ações dentro das salas de aula. Além disso, a Gibiteca recebe constantemente escolas em ações específicas e tem participação na Bienal de Quadrinhos de Curitiba.
Outro ponto destacado por ele para a formação de novos talentos nas HQs é o edital de lei de incentivo mantida pela Fundação Cultural de Curitiba. A Gibiteca disponibiliza uma incubadora para os produtores de quadrinhos apoiados pela lei, com uma espécie de estúdio público, composto por mesas digitais, entre outros materiais, além de consultoria constante para o processo de criação de HQs.