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HQWeek! recebe o Ciberpajé para lançamento do seu álbum em quadrinhos Renovaceno

Por Monique Campos

 

O último dia da HQWeek!, que foi dedicado ao tema “Transmídia”, contou com o lançamento do álbum em quadrinhos Renovaceno, de autoria do Ciberpajé (Edgar Franco). Quem conduziu a conversa com o autor da obra foi o professor do Instituto Federal campus Juiz de Fora, Sandro Fernandes, criador do canal no Youtube Neurose HQ.

 

Renovaceno é um dos trabalhos do Ciberpajé contextualizado no universo ficcional transmídia chamado Aurora Pós-Humana, sobre e para o qual ele desenvolve narrativas em múltiplos contextos e suportes midiáticos. Nessa obra em especial, o artista criou HQs sob a influência da pandemia, sendo que um dos impactos desse atual cenário sobre ele foi a morte de seu pai, Dimas Franco, seu “grande incentivador e interlocutor filosófico”. Renovaceno é uma coletânea de HQs que discutem os impactos do ser humano na biosfera a partir da sua desconexão com a natureza, obra em que o autor realiza o que ele considera um deslocamento conceitual. “Eu desloco para um futuro, mas tudo o que estou discutindo são as problematizações das relações entre transcendência, hiperinformação, hipertecnologia e a nossa convivência com essas diversidades do momento contemporâneo”, explica.

 

artigos HQWeek17

 

Nesse álbum em quadrinhos, Ciberpajé discute e critica a relação humana com a linguagem e a tecnologia binária, digital, sendo que traz vários aspectos da magia para compor essa narrativa. Renovaceno é formado por várias HQs e está dividido em três partes: “Transbinários”, “Transdigitais” e “Transcendentes”. O prefácio foi escrito pelo professor, pesquisador e quadrinista Octávio Aragão (UFRJ) e os posfácios dos também professores, pesquisadores e quadrinistas Gazy Andraus (Unesp) e Danielle Barros (UFSB). O álbum em quadrinhos tem tiragem limitada e pode ser adquirida pela editora Merda na Mão.

 

A partir do comentário de Fernandes sobre a não separação entre tecnologia e magia, o artista conta que cria seus quadrinhos como forma de magia para se autotransformar e se autotransmutar. “A ação criativa, para mim, está desconectada de vender um produto”, afirma. A ideia do Ciberpajé, segundo ele, é a transmutação real, uma estratégia que possibilitou a ele ser um artista cem por cento conectado consigo mesmo. “Eu mesmo sou um personagem do meu universo ficcional. Em 2011, eu me declarei Ciberpajé. Criei um processo de transmutação mágico, artístico e poético, me transformei na persona que gostaria de ser. O Ciberpajé é do meu universo ficcional, mas que eu trouxe para a minha realidade ordinária para fazer da minha vida, como um todo, um processo artístico”.

 

Edgar Franco se classifica como artista transmídia e é conhecido pelas suas obras em quadrinhos e pelo trabalho musical que compõem o universo ficcional transmídia. Ele é professor e pesquisador na Universidade Federal de Goiás (UFG) e atua no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da UFG há 13 anos.

 

O universo ficcional transmídia

 

A Aurora Pós-Humana, um universo transmídia de ficção científica criado por Edgar Franco, situa-se em um planeta Terra de daqui a 300 anos. Nesse futuro, há três espécies básicas: os extropianos – seres humanos que transplantaram a consciência para um chip, portanto não existem mais em corpos de base carbônica -; os técno-genéticos – seres humanos híbridos de animal e vegetal, com formas das mais diversas possíveis – e os resistentes – seres humanos como nós, que representam apenas 5% da população e são seduzidos por essas outras culturas dominantes para que se transformem em uma das outras espécies. Existem ainda as subespécies, os chamados golens de silício – inteligências artificiais e robôs que atendem aos extropianos – e os golens orgânicos – feitos de carne, através de tecnologia biogenética, para atender aos tecnogenéticos.

 

Os quadrinhos são parte de um conjunto obras artísticas do universo transmídia criado por Edgar Franco. Durante o lançamento de Renovaceno, ele mostrou alguns álbuns musicais do Projeto Ciberpajé, com gravações de ambiências sonoras, feitas por bandas e musicistas do Brasil e do mundo, para os seus aforismos do contexto da Aurora Pós-Humana. Também faz parte da produção transmídia álbuns da sua banda própria – Posthuman Tantra -, além de performances de palco, fanzines, livros e vídeos que misturam curta-metragens com aforismos.