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A ideia de forma em disputa – Warburg, Panofsky e Wind, suas ideias e seus limites

Ministrado por Rhuan Fernandes (doutorando PUC-RJ) 

O minicurso irá acontecer nos dias 07/10 e 09/10 às 14h nas salas A-II-01 (1º dia) e A-I-12 (2º dia)

Ementa: 

O minicurso se debruçará inicialmente sobre alguns escritos de Aby Warburg, Erwin Panofsky e Edgar Wind com o intuito de extrair as ideias de forma desenvolvidas por cada um destes autores. Para tanto, o pensamento destes três personagens, tão diferentes entre si, será colocado em situações de conflito.
Algo natural se considerarmos que aqueles estudiosos pertencentes ao círculo de Hamburgo – em parte responsáveis por moldaram o modo como pensamos a História da Arte e, claro, o modo como vemos obras de arte – escreveram seus mais importantes textos confrontando os formalismos de Heinrich Wölfflin e Aloïs Riegl, outros dois personagens fundamentais para este curso e para a área. Posteriormente, quando a Iconologia de Panofsky toma o protagonismo daquela jovem disciplina cada vez mais consolidada, as críticas às bases fundamentais da escrita dos três estudiosos se multiplicaram. Curiosamente, após certo ocaso de Panofsky, foi Warburg e sua obra caudalosa em ideias, traduzida e reeditada em diversos países após ser relegada por anos, quem surgiu como uma importante alternativa para a renovação da área.
Se a busca pelo significado extraído da relação entre a obra e seu meio cultural foi tratada como uma espécie de cegueira para a arte em si, a análise formal foi muitas vezes tida como estéril e responsável por separar, de modo artificial, a obra e a vida. Com este debate entramos no terreno sensível da relação conflituosa entre forma e conteúdo, tantas vezes formulada na filosofia e tão presente nos desafios cotidianos daqueles que pretendem constituir discursos sobre a arte.
Sempre partindo de seu fio condutor, isto é, a noção de forma em Warburg, Panofsky e Wind entre conflitos, o curso mobilizará desde certas ideias de G. W. F. Hegel (1770 – 1831) e Jacob Burckhardt (1818 – 1897) – responsáveis por formularem alguns dos princípios básicos que estruturaram questões comuns aos autores do círculo da Biblioteca Warburg –, até escritos mais recentes, de Svetlana Alpers, Robert Klein e Daniel Arasse, para colocar em perspectiva a ideia de significado na arte. E ainda, do ponto de vista daqueles três estudiosos pertencentes ao círculo de Hamburgo colocados em conflito, nos confrontaremos com um problema ainda mais básico e antigo, tantas vezes renovado, de tantos modos diferentes, e que deverá mobilizar nosso debate: “o que é ver?”. Ou, de forma mais específica: O que é ver uma obra de arte e, claro, como vê-la? Ou ainda, de forma mais prática: quais são alguns dos principais desafios que se colocam quanto pretendemos estudar uma obra de arte?

Minicurso Rhuan

Bibliografia principal:
PANOFSKY, Erwin. A história da arte como disciplina humanística. IN: PANOFSKY, Erwin. Significado nas Artes Visuais. São Paulo, Perspectiva, 2014. pp. 19 – 47.
WARBURG, Aby. O Antigo Romano na Oficina de Ghirlandaio. IN: WARBURG, Aby. A Presença do Antigo – Escritos Inéditos – Volume I. Organização, introdução e tradução: Cássio Fernandes. Campinas: Editora da Unicamp, 2018. pp. 197 – 217.
WIND, Edgar. O conceito de Kulturwissenschaft em Warburg e o seu significado para a Estética. IN: WARBURG, Aby. A Presença do Antigo – Escritos Inéditos – Volume I. Organização, introdução e tradução: Cássio Fernandes. Campinas: Editora da Unicamp, 2018. pp. 255 – 281.
___________. O Tema da Derelitta em Botticelli. IN: WIND, Edgar. A Eloquência dos Símbolos: Estudo sobre Arte Humanista. São Paulo: Edusp, 1997. pp. 95 – 99.
WÖLFFLIN, Heinrich. Introdução. IN. WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos Fundamentais de história da arte: o problema da evolução dos estilos na arte mais recente. 4ª. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

Bibliografia de apoio:
ALPERS, Svetlana. Is Art History? IN: Daedalus, Vol. 106, No. 3, Discoveries and Interpretations: Studies in Contemporary Scholarship, Volume I (Summer, 1977), pp. 1-13
ARASSE, Daniel. Cara Giulia: Marte e Vênus surpreendidos por Vulcano, Tintoretto (c. 1550). IN: ARASSE, Daniel. Nada se vê: Seis ensaios sobre pintura. São Paulo: Editora 34, 2019. pp. 7 – 23.

 

Segue o link para pasta com alguns textos de apoio para o minicurso. Lembramos que a leitura dos textos é opcional.