Mostrar a importância do lazer e o impacto que os espaços lúdicos têm na cidade e consequentemente na vida das pessoas foi um dos temas da palestra coordenada pela arquiteta urbanística, Aline Rocha, com o tema “O espaço público e o lúdico como estratégias de planejamento urbano”.
Durante o evento, foram apresentados inciativas e grupos que se preocupam com o bem-estar dos cidadãos nas grandes cidades como, por exemplo, o coletivo Curativos Urbanos que produz uma espécie de band-aid colorido feito de E.V.A. para tampar calçadas esburacadas. A ideia principal é chamar a atenção das pessoas para algo que afeta a mobilidade urbana, a interação das pessoas com a cidade e até o convívio social. Aline citou ainda o coletivo Basurama que trasnformou o Viaduto do Chá, localizado na região central de São Paulo, num pequeno parque de diversões, onde foram pendurados balanços feitos com pneus para divertir crianças e adultos.
Para arquiteta, a instalação nos ensina que a cidade pode ser explorada de formas alternativas e lúdicas. “É dever dos órgãos públicos entregar aos seus cidadãos novas experiências que rompam com a rotina a qual estão acostumados”.
Por último, foi apresentado uma iniciativa de moradores da zona norte de São Paulo que produzem desenhos e pinturas no asfalto, em conjunto com um coletivo de arquitetos. A proposta é criar ilhas de refúgio para pedestres que estimulem o transporte ativo e melhorem a segurança dos cruzamentos das vias públicas do bairro. Aline explica que a infraestrutura de transporte ativo é a chave para lugares e pessoas saudáveis.
Para a arquiteta “descolonizar” o saber é entender que a cidade não pertence ao poder público e sim às pessoas. “Porque as cidades não podem ser mais lúdicas e divertidas? Se nós quebrarmos os paradigmas e criarmos agentes de transformação em nossas próprias cidades teremos cidades mais ativas, compactas, divertidas e saudáveis para impactar positivamente inclusive no sistema de saúde”, conclui
Segundo a professora de sociologia do C.A João XXIII, Giselle Moraes Moreira, falar sobre cidade implica em pensar que o lazer também é um fator de segregação que separa pobres e ricos, fator que infelizmente reforça as desigualdades sociais e étnicos-raciais. “O pobre muitas vezes não tem direito ao lazer. Os espaços das cidades priorizam os ricos ou como as pessoas que têm mais dinheiro possuem acesso a um lazer básico, o poder público, muitas vezes, não se preocupa em trazer espaços de lazer à população de baixa renda”, explica.
Os alunos dos 2o anos do Ensino Médio também assistiram a uma palestra que tratou sobre questão ambiental e o direito ao espaço que cada cidadão tem. A professora da Faculdade de Educação da UFJF, Dra. Angélica Cosenza, propôs uma reflexão sobre o direito à ocupação da Curva do Lacet pelos moradores do Bairro Dom Bosco, Zona Sul de Juiz de Fora. Ela falou também sobre racismo ambiental, que é a exclusão de determinados grupos do espaço público.