A direção da Associação Nacional de História – ANPUH-BRASIL divulgou o resultado do PRÊMIO ENSINO DE HISTÓRIA – DÉA FENELON, para práticas pedagógicas em História executadas pelas escolas de educação básica entre os anos de 2016 e 2020. A primeira edição do prêmio contou com a participação de professores e professoras de História de todas as regiões do país. As práticas submetidas ao prêmio foram avaliadas por banca formada por 54 avaliadores e o projeto “Conectando Tempos: sobre sensibilidades e construção de conhecimento nas aulas de História” conquistou 4º lugar.
Para a professora Fabiana Rodrigues de Almeida, “a inovação pedagógica do projeto, pautada na sensibilidade histórica converteu a aprendizagem em experiência, o que possibilitou o reconhecimento da Associação Nacional de História como um projeto didático de sucesso”. Fabiana acredita que no contexto atual de ataques às instituições públicas torna-se fundamental dar visibilidades as práticas pedagógicas de sucesso desenvolvidas no interior das escolas públicas, cujos esforços coletivos almejam a construção de um ensino denso, plural e democrático. Para o Colégio de Aplicação João XXIII, especificamente, ter o reconhecimento da principal Associação de Historiadores nos projeta no cenário nacional como escola singular e potencialmente criativa!
O projeto “Conectando Tempos: sobre sensibilidades e construção de conhecimento nas aulas de História” foi desenvolvido na escola em parceria com as professoras de Ciências Márcia Hara e Thamiris Dornelas no ano de 2018, juntamente com a turma dos 6º anos, cujo desdobramento se dará somente em 2024 quando os estudantes irão finalizar seu percurso escolar na instituição.
Sobre o projeto
Os alunos enterraram uma cápsula do tempo nos jardins do Colégio, com mensagens escritas em linguagens próprias do cotidiano deles. sobre os fatos que testemunharam em 2018. O objetivo era registrar o conhecimento da “passagem do tempo”, seja revelando a historicidade humana quanto às tecnologias e modos de viver em diferentes tempos, seja compreendendo a ação de preservação e decomposição de diferentes materiais na natureza.
A atividade nasceu de uma situação real de sala de aula, quando alguns alunos dos 6os anos demonstraram uma estranheza em relação às pinturas rupestres. Para alguns, aquilo pareceu não ter um significado aparente. Com isso, a professora estimulou-os a refletirem sobre as diferentes marcas humanas, seja as do passado ou as do presente, como pistas que revelam modo de viver em diferentes contextos. Os estudantes passaram a desenvolver um pensamento histórico ao refletir acerca das mudanças e permanências de práticas que são propriamente humanas.
Para Fabiana, “historiar” é compreender a condição humana no tempo. É seguir os rastros das muitas experiências que revelam a passagem do ser humano pelo mundo, tal como um detetive vai atrás de pistas. Um autor utilizado para orientação do trabalho foi o historiador francês Marc Bloch que sempre é uma inspiração e uma fonte de orientação importante para educar a sensibilidade histórica. Através desse conceito, aguça-se o olhar do aluno para tudo aquilo que é humano como uma fonte de historicidade.
A cada tempo, marcas da existência humana são deixadas em diferentes linguagens. Hoje é comum a comunicação via emojis, em outros tempos as pinturas rupestres que desempenhavam bem esse papel.
Para a coordenadora do projeto, o envolvimento da direção, coordenação, de todos professores, funcionários e alunos pensando na melhor forma de enterrar a capsula e de divulgar o trabalho para a comunidade escolar fez toda a diferença. “Unir história e ciências potencializou mais o trabalho, já que o conhecimento é algo que se constrói em sala de aula com vários sujeitos trabalhando ao mesmo tempo”, explica a professora.