Com o objetivo de trabalhar o ano todo em eventos de valorização da vida e de prevenção ao suicídio, os alunos do 9º ano do ensino fundamental do Colégio de Aplicação João XXIII da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) formaram um grupo de apoio permanente, o “Com Vida”. Os alunos foram inspirados pela professora Lucilene Hotz Bronzato que, em outubro do ano passado, foi premiada na etapa estadual do Prêmio Professores do Brasil 2018, em sua 11ª edição, pelo relato de prática pedagógica “Campanha educativa: sim. O melhor é falar sobre o suicídio!”
Muito além do Setembro Amarelo
Em 2019, o grupo organizou uma roda de conversa direcionada aos pais de alunos, com a professora da Faculdade de Medicina da UFJF, Márcia Fávero de Souza; a psicoterapeuta Heloísa Soares; e membros do Núcleo de Apoio Escolar (NAE). “Além disso, foi organizado um cine-debate com o filme brasileiro ‘Yonlu’, discutido pelo psiquiatra Mário Sérgio Ribeiro”, conta Lucilene. “Há outras intervenções propostas e, agora, no Setembro Amarelo, os alunos irão sensibilizar os colegas para o tema.”
“As instituições devem entender que seu maior patrimônio são as pessoas”, aponta. A pesquisadora afirma que, recentemente, o assunto tem sido abordado de forma mais cuidadosa e adequada pela academia, mas argumenta que o assunto deve ser debatido de forma permanente. “A questão toda é concentrar todas as ações em um único mês – o Setembro Amarelo – e não de criar estratégias permanentes de apoio a quem sofre e de prevenção ao suicídio. Foi um grande passo já se falar sobre suicídio na Universidade.”
Em março deste ano, a pesquisadora foi uma das mulheres agraciadas com o Troféu Mulher Cidadã, oferecido pela Prefeitura Municipal de Juiz de Fora. A homenagem tem por objetivo distinguir mulheres que prestaram relevantes serviços ao Município, em diversas áreas de atuação.
Segundo Lucilene, o trabalho da prática pedagógica serviu para que “suicídio” se tornasse um assunto menos tabu, que aparece na lista de interesse dos estudantes de todos os anos escolares, a partir do ensino fundamental II. “É uma discussão que vem rompendo as barreiras das disciplinas; já se estuda suicídio em Matemática, quando o professor ensina Estatística, por exemplo. Os alunos do João XXIII querem que esse tema extrapole o Setembro Amarelo”, finaliza.