Representantes oficiais da embaixada francesa e de entidades ligadas à promoção da língua francesa no Brasil e na França reuniram-se na Faculdade de Letras (Fale) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para promover trocas de experiências, aprendizados e informações relevantes para a difusão do idioma na sexta-feira (25/05).
A abertura do evento contou com a participação da professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Cristina Bustamante, que disse ver no encontro uma oportunidade única para integração e difusão de conhecimento entre professores e amantes da língua francesa em Minas Gerais. “A Associação de Professores de Francês de Minas Gerais (APFMG) quer conhecer mais a realidade dos profissionais da área, promovendo encontros de professores e alunos nas cidades onde há uma representatividade expressiva no ensino e divulgação do francês”, contou a professora.
Cristina coordenou a oficina “Trabalhando os Adjetivos em Canção”, uma atividade lúdica que ensinou formas de descrição de pessoas pelo uso de adjetivos através de música e diálogo.
O professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Dirceu Magri ministrou a oficina “Galofilia e Bovarismo na Cultura Brasileira”. Nela, os participantes tiveram a oportunidade resgatar o histórico de influência da cultura francesa no Brasil desde a época da colônia, além de serem despertados para a diluição dessa influência nos últimos quarenta anos em detrimento da hegemônica cultura norte-americana
“A oficina mostrou aos alunos que o interesse e a aproximação pela cultura francesa é algo enraizado e antigo, há um lastro histórico muito forte. Essa cultura chegou a sedimentar parte de nossa literatura e hábitos. Muitas das palavras que utilizamos hoje vieram do francês, mas só vieram porque havia uma colônia francesa no Rio de Janeiro e em outros lugares. Cabe aos estudantes da língua retomar a interação com a cultura francesa para não perder essa influência histórica tão rica.”
Uma das coordenadoras da caravana, a professora de língua francesa do João XXIII, Venise Vieira Mendes, ressaltou que o evento buscou compartilhar práticas de sala de aula, promovendo maior interação com a língua, preparando os alunos para a vivência de experiências enriquecedoras.
Ela destacou, ainda, que a intenção é mostrar aos alunos que o aprendizado do francês é contínuo, um processo que começa no colégio e que pode ser estendido para a universidade. “Ter esse evento sediado na UFJF é uma forma de ambientar os alunos no seu futuro espaço estudantil, além de ser um primeiro passo para a realização de mais programações relacionadas ao estudo do idioma francês. Por exemplo, em julho, estamos pensando em realizar um congresso internacional na própria UFJF”, contou a organizadora.
A aluna do Colégio de Aplicação João XXIII, do 9º do Ensino Fundamental, Gabriela Fortes Fonseca, vê a Caravana como uma oportunidade de aprendizado e de enriquecimento da língua. “Eu sempre tive um interesse no idioma e geralmente não tenho a oportunidade de conversar em francês com outras pessoas, as oficinas oferecem a oportunidade de interagir com outras pessoas, o que acaba aprimorando a comunicação.”
”Discutimos a importância da língua francesa e formas de ensino que estimulem os alunos a aprender o idioma. Um dos assuntos que também foram tratados é a criação de parcerias com outras universidades francófonas e francesas”, expôs a professora da Faculdade de Letras, Júlia Simone Ferreira.
“É gratificante presenciar essa troca de experiências entre os amantes da língua francesa. A presença do Adido Cultural e Linguístico da França em Minas Gerais, Philippe Makany, está sendo enriquecedora. Muitas oportunidades estão sendo criadas através desses diálogos tanto para professores quanto para alunos”, comentou a professora da Faculdade de Letras e coordenadora da Caravana, Maira Barbosa Guedes.
Durante a tarde as atividades da caravana tiveram continuidade com palestras sobre Mobilidade Acadêmica com representantes da Embaixada da França, do Campus France – uma instituição que atua como forma de estudantes estrangeiros terem apoio para irem a outros países franceses e que facilitam o diálogo entre as instituições – e Clarissa Campos, funcionária da Diretoria de Relações Internacionais (DRI).
A palestra levantou questões como quais as formas de cooperação entre a França e o Brasil, através de pesquisas conjuntas, cursos de verão/inverno, intercâmbio, dupla diplomação e co-tutela. Além disso, segundo Clarisse, a palestra é um meio de mostrar aos alunos como eles podem participar e aproveitar a oportunidade que a UFJF oferece, já que “existem muitas coisas que podem ser feitas pelos alunos, professores, grupos de pesquisa e que eles não sabem. Acredito que ao esclarecer e passar a informação, possamos até aprofundar e melhorar nossa relação com a França”, ela completa.
A oficina do professor Antônio Codina, da Universidade Federal de Viçosa apresentou os conceitos básicos da fonética da língua francesa, trabalhando sons que são considerados difíceis ao aprender uma nova língua e as pronúncias mais frequentes em francês. Além disso, apresentou aos alunos a evolução do francês ao longo dos anos, por meio da canção de Edith Piaf – “La vieen rose” e como ela é cantada e interpretada por cantores de outras nacionalidades. “Meu objetivo foi mostrar que apesar de ser importante atingir o alvo da língua estrangeira, também não podemos cair na armadilha de achar que existe uma língua perfeita. Por isso, mostrei também as variações diatópicas do francês; como a língua é pronunciada de forma diferente em países como Bélgica, Senegal, França.”
No sábado, a programação conta com mais oficinas sobre escrita criativa, apresentações musicais com o Coral Gavroche, da Faculdade de Letras formado pela professora aposentada da UFJF Gilda Surerus e pela professora de francês Mayra Guedes. Para finalizar a Caravana, a professora Zeina AbdulmassihKhoury da Universidade Federal de Uberlândia ministra oficina sobre o francês “falado”.
A programação aberta ao público foi promovida pela Associação dos Professores de Francês de Minas Gerais e coordenado pelo Colégio de Aplicação João XXIII e pela Faculdade de Letras, a II Caravana Linguística Cultural possui uma característica de extensão e envolve todos os níveis de aprendizado do idioma francês.
O evento contou, também, com apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex); da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd); da Pró-Reitoria de Cultura (Procult); e da Diretoria de Relações Internacionais (DRI).