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Roda de Conversas

O Projeto de Extensão “Revitalização e valoração do Horto da Faculdade de Farmácia da UFJF como fonte de plantas qualificadas para a comunidade circunvizinha” apresentou, no dia 26 de Janeiro de 2023, sua primeira Roda de Conversas, realizada pelos professores e membros do projeto.

Participaram como convidados o Professor Emérito e ex-reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Renê Gonçalves de Matos e a Professora Maria Helena Braga.

Apresentamos aqui alguns dos diálogos realizados na roda de conversas:

Grupo: Como surgiu a ideia da criação o Horto da Faculdade de Farmácia?

Professor Renê: Eu era candidato à diretoria da Faculdade de Farmácia em 1990. Um dia, em campanha, encontrei com o professor Alencar (professor da UFV que no momento era professor visitante da Faculdade de Farmácia) e ele me sugeriu colocar a implementação de um Horto de Plantas Medicinais como um de meus projetos. No momento eu realmente não tinha nem ideia de como era, mas aquilo virou uma demanda da gente com a gente mesmo (grupo de estudantes, funcionários e professores que estavam junto comigo em campanha). Na sequência, ganhamos a eleição e uma das primeiras coisas que fizemos foi seguir com a ideia de implementar o Horto. Como sabíamos que um dos lugares que fazia pesquisa em plantas medicinais era o grupo “Entre Folhas” na UFV, fomos fazer uma visita. Éramos três ou quatro professores, alguns funcionários e vários estudantes. De lá, trouxemos coisas importantes: algumas mudas e várias ideias. 

Grupo: Quais foram as primeiras ações para transformar o projeto do Horto em realidade?

Professor Renê: Nós viemos da UFV com várias mudas. Mas ainda não tínhamos nem mesmo o espaço. Começamos a procurar um lugar para plantar as mudas e tinha um estacionamento aqui na faculdade que não era utilizado. Dessa forma, conversamos com a “prefeitura do campus”, que hoje é a pró-reitoria de infraestrutura e o “Monte Verde”, que era um funcionário, se dispôs a ajudar na construção. Conseguimos cercar o local para evitar a entrada de animais que circulavam por ali e, com a EMBRAPA, conseguimos esterco. Aos sábados vínhamos para o horto, eu e os funcionários, para construir os canteiros e começar a colocar as plantas.

Grupo: Como foram adquiridas as mudas e sementes hoje presentes no Horto?

Professora Maria Helena: Nós começamos a fazer contatos com quem trabalhava com isso, para saber quem tinha e poderia ceder sementes. Fizemos alem dos canteiros plantações em outros espaços na Faculdade. Na época, fizemos uma grande divulgação e saímos até mesmo em uma reportagem na rede Globo. 

Professor Renê: Quando eu falo “eu”, nunca era somente “eu”. Eram várias pessoas ajudando, foi um trabalho em grupo. A imprensa acabou se interessando e vieram algumas emissoras fazer reportagens para televisão, além de matérias em jornais locais. Conseguimos dessa forma dar visibilidade ao projeto. A prefeitura de Juiz de Fora também tinha uma fazenda no bairro Santa Cândida que tinha muitas plantas medicinais, então conseguimos uma grande troca. 

Professora Maria Helena: Tinha uma outra cidadezinha próxima com a qual tínhamos também um grande contato com a prefeitura e tentávamos sempre articular essas trocas. 

Professor Renê: Quando a imprensa divulgou, muitas pessoas nos procuraram e conseguimos fazer uma grande troca com a comunidade, que era quem mais tinha o conhecimento popular sobre as plantas medicinais. Chegamos a ir também em uma escola no bairro Vila Ideal, onde as crianças plantavam e tinham um horto, não só de plantas medicinais, mas de várias plantas. 

Grupo: Quais foram os objetivos da criação do Horto?

Professor Renê: O pessoal da Farmacognosia comprava extratos para as aulas práticas.

Professora Maria Helena: Fazer o extrato era muito mais importante do que fazer uma preparação com o extrato, porque era justamente o extrato que seria utilizado. Uma das ideias era fazer o extrato em aula prática. Uma questão muito importante é a dos laboratórios oficiais. Estamos atualmente discutindo a articulação da ciência e tecnologia com a assistência farmacêutica e a vigilância em saúde. Na época, as Universidades tinham os laboratórios oficiais e fazíamos vários produtos para serem utilizados nos Hospitais Universitários. A ideia então foi justamente trabalhar na produção da tecnologia das preparações, estimulando e valorizando a produção na Universidade. 

Grupo: Quantas espécies de plantas o Horto tinha no final da década de 1990?

Professor Renê: Em um momento, tivemos mais de 180 plantas em estudo. Nem todas eram medicinais, temos até hoje também as plantas tóxicas. 

Grupo: Quais foram as pessoas importantes para a criação e manutenção do Horto?

Professor Renê: O antigo reitor José Passini e sua equipe, especialmente o pessoal da antiga “prefeitura do campus” nos deu muito apoio e foi muito importante. O funcionário Márcio, sem ele não teria acontecido. E os estudantes, com certeza, foram essenciais. O mundo está na mão dos jovens. 

Professor Renê: Quando começamos a estudar, percebemos que o Horto poderia ser base para pesquisa. Não tínhamos estrutura e foi muito difícil, mas começamos a entender a importância. Na sequência de meu mandato, começamos também a utilizar o Horto para produção de chás, especialmente de erva-cidreira e hortelã. 

Os vídeos desses e de outros diálogos da Roda de Conversas estão disponíveis em nossa página no Instagram @horto.farmaciaufjf

Veja aqui a galeria de fotos da Roda de Conversas: