Os/as docentes da Faculdade de Serviço Social, abaixo subscritos/as, vem a público se manifestar quanto ao questionário para o Diagnóstico das Condições de Acesso Digital disponibilizado no SIGA, organizado pela Administração Superior da UFJF e divulgado em seus meios de comunicação e por e-mail institucional para toda a comunidade acadêmica, composta de discentes, docentes e TAEs.
Temos ciência que a reitoria se comprometeu a não tomar atitudes relacionadas ao ensino remoto sem consultar as instâncias deliberativas da Universidade.
Diante disso, apresentamos de antemão nossas preocupações, reflexões e críticas, tanto sobre o instrumento utilizado para a realização do diagnóstico quanto sobre os desdobramentos possíveis, face ao processo de planejamento recém-instalado.
Conhecemos as manifestações do SINTUFEJUF e da APES sobre o questionário, bem como a posição das/os discentes através de nota conjunta dos diretórios acadêmicos, dentre eles, o DA Pe. Jaime Snoeck, da Faculdade de Serviço Social. Temos acordo com as questões postas, principalmente as que se referem à necessidade de conhecer, qualitativamente, as condições vividas pelos sujeitos, nessa situação de crise, inédita, que se configurou a partir da pandemia da COVID-19.
A nosso ver, tal instrumento deveria contar com questões capazes de levantar e qualificar as condições nas quais esses sujeitos se encontram diante da crise sanitária que a pandemia impõe, não se limitando ao mapeamento do acesso à internet, aos recursos digitais e ao uso de tecnologias de informação e comunicação.
A verdade é que não temos dados concretos de como a comunidade acadêmica da UFJF se encontra nesse momento de pandemia, em suas condições de vida, de rotina, de trabalho, da dinâmica familiar, de moradia, de saúde, de violências. Inclusive, no próprio questionário, a questão dos modos de vida dos sujeitos, a começar pelo gênero, sexualidade, raça/etnia, habitação/moradia, território, família, trabalho, salário/emprego, dentre outros, não são sequer pautados nesse momento de distanciamento espacial. Sobre isso, tendo como referência os dados sobre o perfil do nosso corpo discente, a partir de pesquisas da Coordenação de Curso, que incluem informação sobre as condições de vida, bem como dados sobre aquisição de equipamentos e acesso à internet por estudantes, e, considerando os argumentos usados sobre o adiamento do ENEM, tais dados refletem que as desigualdades sociais são estruturais e se agravam no momento presente da pandemia.
No horizonte, sem vacina não se tem retorno às aulas, os dados epidemiológicos nos informam que a realidade sanitária é alarmante, como tem sido reconhecido por diferentes autoridades. Nesse contexto, a possibilidade de adoção do Ensino a Distância (EAD) em substituição às atividades acadêmicas presenciais, frente às desigualdades estruturais e à crise sanitária, geraria uma grande dificuldade, não só de acesso, mas de permanência na universidade, para as/os estudantes de nosso curso.
Por isso, frisamos a necessidade de consultar as Unidades Acadêmicas, resguardando as particularidades de cada curso, antes de implementar a modalidade de ensino remoto e/ou outras possibilidades de retomada das atividades.
Além disso, destacamos que, para quando da retomada das atividades presenciais, nos adaptarmos e formos inventivos em nosso cotidiano institucional, isso também requererá uma mudança radical por parte da instituição, no sentido de garantir a estrutura necessária e as condições de preservação, proteção e defesa da vida nos processos de trabalho acadêmico.
Juiz de Fora, 28 de maio de 2020.
Alexandra Aparecida Leite Toffanetto Seabra Eiras
Alexandre Aranha Arbia
Ana Maria Ferreira
Bruno Bruziguessi Bueno
Carina Berta Moljo
Ednéia Alves de Oliveira
Elizete Maria Menegat
Estela Saleh da Cunha
Fábio da Silva Calleia
Isaura Gomes de Carvalho Aquino
Joseane Barbosa de Lima
José Amilton de Almeida
Luciana Gonçalves Pereira de Paula
Marco José de Oliveira Duarte
Maria Lúcia Duriguetto
Marina Monteiro de Castro de Castro
Nicole Cristina de Oliveira Silva
Sabrina Pereira Paiva
Viviane Souza Pereira