Considerando a elevada ocorrência de feridas na população em envelhecimento, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) desenvolveram filmes curativos à base de quitosana incorporada de extrato de folhas de café. A invenção pode ser uma alternativa terapêutica promissora, visando ao efeito antibacteriano no processo de tratamento de feridas e migração celular.
A tecnologia é um processo de obtenção de filmes constituídos de extrato de folha da café (Cofeea arabica L.) incorporados em quitosana, composições nanoestruturadas, formulações e usos para cicatrização de feridas cutâneas.
Além das feridas, outras complicações tornaram de grande relevância a pesquisa e desenvolvimento dos filmes, como o aumento da resistência aos antimicrobianos, bem como características como profundidade da ferida, deficiência imunológica ou nutricional, faixa etária e comorbidades crônicas que comprometem o processo de cicatrização de feridas.
Segundo a mestranda e uma das inventoras da tecnologia, Allana Carvalho Silva, estudos atuais evidenciam que um curativo além agir na proteção da ferida contra ambientes externos, também apresenta características fundamentais para a regeneração dos tecidos, tais como capacidade de prevenir infecção, remover sangue e exsudatos, ter elasticidade, ser biocompatível, permitir a troca gasosa com o ambiente e ser facilmente removível.
“A ideia foi originada considerando um subproduto da indústria cafeeira de pouca importância comercial e com presença de bioativos, as folhas de café. As folhas provenientes do cafeeiro são tradicionalmente utilizadas em inúmeros países e apresentam efeitos benéficos à saúde. Desse modo, foi proposto a incorporação do extrato de folhas de café em filmes de quitosana que apresentam características e vantagens essenciais no processo de cicatrização, visando a associação dos efeitos antimicrobianos, cicatrizantes e bioadesivos do polímero com as atividades biológicas do extrato de folhas de café para utilização na cicatrização de feridas”, explica a pesquisadora.
Componentes
A folha de café, enquanto componente, é rica em compostos bioativos, apresentando propriedades antioxidantes, antibacterianas e anti-inflamatória, bem como está disponível em quantidades significativas e com baixo valor agregado, quando comparado aos grãos. Já a quitosana é um polímero com várias vantagens, como biodegradabilidade, baixa toxicidade e atividades hemostática, antimicrobiana, anti-inflamatória, antioxidante, anticolesterolêmica, antitumoral que convergem na atividade cicatrizante.
Além dos seus efeitos biológicos intrínsecos, sua atividade cicatrizante tende a ser potencializada pela incorporação dos outros compostos, como extratos de produtos naturais.
“Estima-se que as lesões cutâneas afetem um terço da população global, com o tratamento de feridas representando um grande impacto financeiro para a sociedade e sistemas de saúde. Desse modo, estratégias e abordagens inovadoras como o desenvolvimento dos filmes de quitosana incorporado com folhas de C. arábia demonstra ser um material funcional, que permite superar as limitações e complicações impostas ao longo do processo de regeneração tecidual”, pontua Allana Carvalho da Silva.
Além de Allana Carvalho, Ângelo Márcio Leite Denadai, Mirian Pereira Rodarte, Guilherme Diniz Tavares, Fernanda Maria Pinto Vilela, Ana Beatriz Caribé dos Santos Valle, Milena Maciel Santos, Fabiano Freire Costa, Jeferson Gomes da Silva e Rodrigo Luiz Fabri são os responsáveis pela invenção da tecnologia.
Saiba mais sobre a tecnologia em: att.critt@ufjf.br
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