Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e de mais 11 universidades brasileiras participam do projeto Fasten Vita, do Instituto de Ciência e Tecnologia – Inesc P&D Brasil, para ofertar, de forma voluntária, produtos de fabricação rápida para o enfrentamento do coronavírus. Os equipamentos são inspirados em projetos de propriedade intelectual aberta e as peças são montadas por meio de impressoras 3D, máquinas de corte a laser ou de usinagem, o que permite a construção e distribuição de produtos nos locais mais próximos de onde eles são necessários.
Para o professor Tarso Vilela Ferreira, da Universidade Federal de Sergipe (UFS) , associado ao projeto, um dos objetivos mais importantes da iniciativa é coordenar as ações de pessoas que queiram ajudar, maximizando assim o impacto destas ações no combate à Covid-19. “Agindo junto e de forma coordenada, podemos fazer mais e melhor do que agindo isoladamente”, explica. A iniciativa, que conta com mais de 40 pesquisadores, oferece produtos como protetores faciais, máscaras de ventilação não invasiva, cabines de isolamento, cabines de desinfecção de máscaras N95 por radiação ultravioleta (UV) e o reanimador automatizado Vita Pneuma, que visa a estabilização e manutenção de pacientes à espera de ventiladores pulmonares.
Tarso Ferreira afirma que a produção desses produtos diretamente nas regiões em que eles são demandados reduz custos e tempo de disponibilização da solução. “Como o Brasil tem dimensões continentais, o envio de encomendas costuma tomar muito tempo e ter elevado custo”, explica. A produção em escala é possível devido à plataforma de Internet das Coisas (IoT) desenvolvida no contexto do projeto FASTEN, relativo a Indústria 4.0, em uma cooperação entre a Comunidade Europeia e o Brasil, articulada pela Inesc P&D Brasil, do qual a UFJF faz parte. A plataforma IoT habilita então uma “linha de produção” ou “fábricas virtuais” para a fabricação dos produtos nos mais diversos pontos do país.
No âmbito da UFJF, os colaboradores atuam como o núcleo de desenvolvimento de software. O professor do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFJF, Mario Dantas, que é um dos pesquisadores líder na área de softwares distribuídos de IoT, conta que “o software foi desenvolvido na UFJF para a distribuição e fabricação dos equipamentos, solicitados através de uma rede descentralizada, e o projeto piloto está hospedado na UFJF”.
O Fasten Vita é um projeto sem fins lucrativos e os produtos podem ser fabricados com material de fácil acesso e não requerem treinamento complexo de pessoal. Para contribuir, pessoas físicas, laboratórios e empresas podem fazer doações: em material para fabricação, em dinheiro e até na forma de tempo para ajudar o voluntariado. Os interessados em ajudar podem realizar o cadastramento no formulário on-line.