O Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) atua na mediação de dois trabalhos desenvolvidos por um professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) junto à empresa Vale. Os projetos surgiram como uma iniciativa de Luiz Henrique Dias Alves, docente da Faculdade de Engenharia de Produção, que desenvolve pesquisas para a identificação e solução de problemas ferroviários: uma sobre a ovalização de rodas no Heavy Haul – trem de transporte pesado – e a outra sobre a caracterização de soldas.
Segundo o pesquisador, o encontro surgiu a partir de uma iniciativa da própria empresa em formar uma instância destinada a investigar determinadas questões pouco exploradas no país. Para isso, a Vale convidou algumas universidades situadas nas áreas onde tem maior atuação para participarem do projeto Cátedra Roda-Trilho. “O objetivo da Cátedra é disseminar o conhecimento, tanto dentro da Vale quanto das próprias universidades”, destaca o professor.
Por possuir uma grande atuação em Minas Gerais, a UFJF foi sugerida, assim como o nome do professor: “Fui indicado pelo meu antigo orientador de doutorado, Amilton Sinatora, da Universidade de São Paulo (USP) [também participante do grupo], por já ter uma familiaridade com o assunto.”
A partir da procura, Luiz Henrique idealizou o projeto e encaminhou para o Critt, órgão responsável na Universidade por realizar parcerias com colaboradores públicos ou privados em projetos que objetivam a inovação, extensão tecnológica e desenvolvimento de tecnologias. “Tudo se iniciou pelo Critt. Escrevi o projeto e encaminhei para ele que já levou para a Vale com os custos estruturados para desenvolvermos. A parceria foi muito boa pela praticidade, o que facilitou o trabalho”, elogia o professor.
A gerente de Inovação e do setor de Transferência de Tecnologia do Critt, Débora Marques, destaca a importância dessa parceria entre universidade e empresas. “Ela é muito importante por fortalecer a capacidade da instituição em produzir pesquisas inovadoras, transferência de produtos, recursos humanos e equipamentos para essas empresas, que em contrapartida, geralmente, oferecem recursos financeiros que podem custear bolsas para servidores e alunos da iniciação científica à pós-graduação, recursos laboratoriais e outras rubricas.”
Para a idealização do projeto, chamou atenção o conhecimento de Luiz Henrique Dias em rodas: “Trabalhei como gerente da maior fábrica de rodas do Brasil por oito anos, por isso tenho uma grande experiência na área”. Além disso, ele possui uma extensa formação em engenharia mecânica e metalurgia, o que fez com que se tornasse líder do projeto que estuda.
O professor procura soluções para um problema mundial que é a ovalização de rodas de trem, e também pesquisa a caracterização de soldas. Sobre os resultados de sua pesquisa, Dias enfatiza que, com apenas dois anos, já tem gerado resultados para a Vale. “Hoje, já consigo dizer quais serão as características do produto se a solda for realizada em determinados parâmetros. Com isso, a empresa já percebeu uma melhora sensível em problemas com dano de soldas. Isso é muito prazeroso, pois estamos fazendo uma pesquisa que gera retorno para todos os envolvidos”.
Diante dos efeitos do trabalho desenvolvido com a empresa, Luiz Henrique Dias destaca que sua importância está em gerar soluções para questões que causam estragos ambientais catastróficos e também em aproximar essa relação entre a universidade e as indústrias: “Essa aproximação é fundamental tanto para nós, da Academia, quanto para eles, porque recebem um aluno com orientação.”
Ele ainda chama atenção ao fato que, além de ser importante para o aluno se envolver na prática, é também essencial para a universidade se envolver no problema. “Existe algo a ser resolvido e ele não está dentro da universidade, está na indústria. Se continuarmos sentados, nos baseando em livros e não irmos para fora, ficamos desatualizados, já que a indústria está muito à frente daquilo que está nos livros.”
A importância das pesquisas aplicadas para a Universidade
Luiz Henrique Dias fala ainda sobre a importância de pesquisas aplicadas, ou seja, que estejam alinhadas a trazer uma solução para problemas específicos da sociedade e de empresas. “É essencial esse tipo de pesquisa por conta da prática, fazer o aluno aplicar, e eles sempre aproveitam muito. Além disso, a indústria precisa de competitividade, e nós precisamos sair daqui, ir para fora e ver como podemos contribuir para produtividade deles, como desenvolver mais. Precisamos nos aproximar das empresas e do problema, para sabermos como resolvê-lo”.
Nesse aspecto, a gerente de Transferência de Tecnologia do Critt, Débora Marques, salienta que as pesquisas aplicadas são uma relação de ganha-ganha. “A Universidade ganha ao receber recursos para custear pesquisas, pagar bolsas, e para melhorar e operacionalizar laboratórios. E também aumenta seu portfólio de tecnologias, uma vez que a UFJF figura, na maior parte das vezes, como co-titular junto às empresas em patentes e outras formas de registros, o que eleva o patamar de inovação da instituição.”
Débora ressalta ainda que quaisquer tipos de parcerias com empresas devem passar, institucionalmente, pelo Critt, para que sejam resguardadas as marcas, patentes e afins desenvolvidas com estas pesquisas. Bem como para que sejam mensurados os projetos inovadores que são desenvolvidos na Universidade.
Para mais informações sobre como fazer parcerias com empresas, ligue para o Setor de Transferência de Tecnologia do Critt: 32 2102 3435 – ramal 212, ou envie um e-mail para att.critt@ufjf.edu.br.