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Inovação na base: as tecnologias que estão moldando a sede do PartecJF

Soluções tecnológicas e sustentáveis marcam as obras de construção do Módulo I do Parque, no campus da UFJF

O Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região (PartecJF), concebido no âmbito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), tem como missão impulsionar a inovação e o desenvolvimento da Zona da Mata Mineira. Focado em fomentar o ecossistema de tecnologia, o Parque busca criar um ambiente propício para a criação de soluções inovadoras, colaborando diretamente com o crescimento econômico da região e colocando-a como um polo de inovação no estado de Minas Gerais.

Mas engana-se quem pensa que a inovação só se fará presente quando o Parque estiver em plena operação. Já na construção do prédio sede do Módulo I — um dos três módulos que compõem o PartecJF —, a obra tem incorporado diversas soluções inovadoras, que estão sendo aplicadas em todas as etapas, desde o planejamento até a execução, a fim de que o projeto seja um exemplo de eficiência e modernidade.

Segundo Fábio Loureiro, engenheiro civil responsável técnico pelas obras do Módulo I, no campus da UFJF, um dos destaques é a utilização da cura química no concreto, uma técnica inovadora que proporciona maior durabilidade e resistência à estrutura. A cura química é aplicada durante o processo de cura do concreto, garantindo que o material mantenha sua umidade ideal para o endurecimento, o que resulta em uma resistência superior. Além disso, essa técnica também contribui para a redução do consumo de água, alinhando-se aos princípios de sustentabilidade da obra.

Fábio Loureiro, responsável técnico da obra do Módulo I do PartecJF, no campus da UFJF. (Foto: Comunicação/PartecJF)

Além de proporcionar maior resistência ao concreto, a cura química aplicada na obra também reduz significativamente o tempo de endurecimento e ganho de resistência. Segundo Fábio Loureiro, engenheiro civil responsável técnico pela obra do Módulo I, no campus da UFJF, essa técnica tem se mostrado muito eficaz e econômica. 

“Ela é líquida e pode ser aplicada facilmente com um pulverizador, o que a torna mais econômica. Ao invés de usar métodos tradicionais, como o rodo, que exigem mais tempo e trabalho, a pulverização permite que o processo seja feito de maneira rápida e eficiente. A cura é realizada sobre a camada final do concreto, sem comprometer a sua estrutura, e ainda reduz o consumo de água. Essa abordagem, além de ser inovadora, também contribui para a sustentabilidade do projeto”, explica o engenheiro.

Outro aspecto inovador da obra é a utilização de um desmoldante específico, uma substância aplicada nas fôrmas antes do vazamento do concreto. O produto cria uma camada de separação entre o material e a fôrma, o que facilita a remoção da peça sem causar danos. A aplicação do desmoldante contribui para a eficiência do processo, proporcionando uma melhor qualidade na obra e diminuindo a necessidade de retrabalho.

“Quando fazemos a forma de madeira, aplicamos o desmoldante, o que permite que a madeira se solte facilmente do concreto, podendo ser reutilizada em outras etapas da obra”, explica Fábio. A vantagem desse produto vai além da eficiência no processo de desforma. Ele também contribui para a sustentabilidade do projeto, pois permite o reaproveitamento das fôrmas de madeira, reduzindo a necessidade de novos materiais e diminuindo o impacto ambiental da construção.

O processo de assentamento dos tijolos no Módulo I também conta com inovações significativas. Em vez da aplicação tradicional de argamassa, foi adotada uma argamassa em bisnaga, que facilita a aplicação do material de forma mais rápida e precisa. Esse processo não só aumenta a eficiência do trabalho, mas também garante uma melhor aderência entre os tijolos, contribuindo para a qualidade final da obra.

“Você já viu alguém assentando tijolo da maneira tradicional? A massa é jogada, cai no chão e parte vai para o lixo. Com a bisnaga, eu não tenho esse desperdício. A obra fica limpa, sem resíduos”, pontua Loureiro. Ele complementa, dizendo que a técnica permite maior precisão e agilidade. “Nós aplicamos a massa com o biquinho da bisnaga, colocamos o tijolo e ele não sai mais. Não há desperdício, tudo é mais eficiente e a obra é muito mais limpa”, explica o engenheiro.

Bisnaga de argamassa, uma das soluções sustentáveis incorporadas no processo de construção do prédio do Módulo I. (Foto: Comunicação/PartecJF)

Além disso, o processo de alocamento dos tijolos foi otimizado com o uso de guindastes. Os tijolos chegam à obra já organizados em blocos (embalados em filme plástico, sobre paletes), o que facilita a movimentação e a distribuição das peças. Essa prática, além de acelerar a montagem, favorece a ergonomia dos trabalhadores, evitando sobrecarga física e melhorando a segurança e o conforto durante o processo de construção.

Outro destaque da obra é o uso de um aditivo especial no concreto, que acelera o processo de secagem. “Esse aditivo não só permite maior rapidez na execução da obra, mas também gera uma significativa economia no aluguel de escoramentos, que são essenciais para garantir a estabilidade da estrutura durante o processo de cura do concreto”, explica Fábio. “Quanto mais rápido o concreto seca, menos tempo é necessário para o uso dos escoramentos”, diz. 

Além disso, a obra optou pelo aluguel de escoramentos de metal, o que evita o uso de escoramentos de madeira, trazendo benefícios tanto econômicos quanto ambientais, já que a madeira, além de ser um recurso natural, pode ser cara e gerar mais desperdício. Fábio destaca a importância da velocidade no processo de construção, enfatizando que “tempo é dinheiro”. Ele explica que, ao utilizar um aditivo especial no concreto, conseguiu reduzir o tempo de secagem de 28 para 7 dias. 

“Esse aditivo foi fundamental, porque o escoramento que precisaria de 28 dias para ser retirado era muito caro. Com o aditivo, consegui reduzir esse tempo e otimizar os custos com o aluguel de escoramentos”, conta Loureiro. Além de economizar tempo e dinheiro, essa tecnologia também permite uma maior eficiência na gestão dos recursos, como a economia no aluguel das peças de escoramento.

A sustentabilidade e a economia deverão estar presentes ainda nas etapas finais da obra, como no processo de pintura do prédio. Em vez de utilizar a tradicional aplicação manual com rolo, a pintura deverá ser realizada com uma máquina projetada para otimizar a cobertura das superfícies. O método proporciona maior uniformidade e eficiência, reduzindo o desperdício de tinta. Além disso, a aplicação mecanizada garante um acabamento de alta qualidade, com um uso mais racional do material, o que resulta em uma economia significativa. 

Obras em andamento no Módulo I do PartecJF, no campus da UFJF, que contará com espaços dedicados ao desenvolvimento tecnológico e à conexão entre universidade, empresas e sociedade. (Foto: Comunicação/PartecJF)

Com sua estrutura já tomando forma, o Módulo I do Parque Tecnológico de Juiz de Fora trará vantagens significativas tanto para o ecossistema de inovação local quanto para as empresas que se beneficiarão dos espaços disponíveis. A entrega desse primeiro módulo representa o início de uma nova fase para o Parque, que será um importante centro de apoio ao desenvolvimento de tecnologias e empreendedorismo. 

“Cada solução adotada na construção foi pensada para unir eficiência, economia e respeito ao meio ambiente. Mais do que erguer um prédio, estamos construindo uma base sólida para o desenvolvimento tecnológico sustentável da região. A expectativa é que o PartecJF se consolide como um ambiente de transformação e conexão entre pesquisa, mercado e inovação”, aponta o pró-reitor de Inovação da UFJF, Fabrício Campos.

Além de oferecer infraestrutura de ponta para startups e empresas de base tecnológica, o local fomentará a colaboração entre a UFJF e outras instituições de pesquisa, promovendo a transferência de conhecimento e fortalecendo a conexão com o mercado. O projeto tem sido viabilizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe).