Relatório de Atividades da Diretoria de Inovação 2020:
Um ano de impasses, retificação de rumos, criatividade e grandes realizações
Ignacio Godinho Delgado e colaboradores do CRITT
O ano de 2020 teve início, na Diretoria de Inovação e no CRITT, cercado de grandes expectativas e esperanças. Considerando suas atividades finalísticas – proteção ao conhecimento, transferência de tecnologia, empreendedorismo e treinamento –, diversos instrumentos foram consolidados para ampliar de forma substancial os resultados a serem obtidos.
Na proteção ao conhecimento e transferência de tecnologia, foi aperfeiçoado o programa Desafio de Inovação e Tecnologia da UFJF (INTEC), que mirava premiar tecnologias geradas na Universidade conectando-as diretamente a empresas potencialmente interessadas em utilizá-las, o que projetava uma elevação expressiva dos ativos de propriedade intelectual da UFJF e dos licenciamentos obtidos.
No setor de empreendedorismo, ao lado do refinamento dos programas já existentes – Oficina de Ideação e Modelagem de Negócios, Speed Lab, Incubadora de Empresas, Condomínio de Empresas -, foi elaborado o Programa de Inovação Aberta, lançado no início do ano, com o propósito de aproximar, no espaço do Coworking do CRITT (inaugurado em novembro de 2019), empresas já consolidadas com startups e grupos de pesquisa da UFJF.
Definido o convênio com a FADEPE para relançamento do Programa de Treinamento do CRITT, diversas ações estavam sendo construídas. O evento de lançamento do programa seria o Summer School, em parceria com a Faculdade de Engenharia, focado nos Mercados de Energia e Modelos de Negócio de Energia, com participação de nomes brasileiros e estrangeiros, de peso no mercado e na reflexão acadêmica sobre o tema. Marcado para o final de março, o evento, já devidamente estruturado e com a divulgação em curso, não pode ser realizado em função da pandemia do Covid-19.
Simultaneamente, avançavam positivamente as tratativas com a FINEP, envolvendo a Diretoria de Inovação e a Comissão para a Implantação do Parque Científico e Tecnológico de Juiz de Fora e Região (PCTJFR), buscando a liberação de recursos destinados à construção da sua sede no campus e revisão de seu Plano de Negócios. Evoluíam bem, da mesma forma, as negociações, conduzidas pela Diretoria de Inovação junto à Superintendência de Patrimônio da União (SPU), para cessão à UFJF de uma área no Distrito Industrial de Juiz de Fora onde algumas atividades do PCTJFR seriam abrigadas, no âmbito do Centro Integrado de Ensino, Pesquisa, Extensão, Transferência e Tecnologia (CIEPTEC-UFJF Norte). Nessa perspectiva, a UFJF e a PJF desenvolveram inciativas para a instalação em Juiz de Fora de uma unidade da empresa inglesa Greenfuels, sob chancela do Prosperity Fund, para pesquisa e validação de biocombustível, produzido com óleo de cozinha usado, sebo de animal e modalidades diversas de biomassa. Tal iniciativa é uma etapa no desenvolvimento da Plataforma de Bioquerosene e Derivados da Zona da Mata, à qual a UFJF se integrou em 2018, desdobrando-se em negociações com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Secretaria de Aviação Civil (SAC) do Ministério da Infraestrutura, agências internacionais e empresas nacionais. Seu propósito é viabilizar em Juiz de Fora e região um arranjo capaz de promover, por um lado, a recuperação de áreas degradadas no meio rural, estimulando a agricultura familiar e a produção de alimentos localmente; quanto, por outro, de permitir a afirmação da cidade como polo nacional na área de energias renováveis, incluídos os combustíveis alternativos sem impacto climático, para o que existem expertises relevantes na UFJF. Tais ações encontram-se em curso e, esperamos, possam abrir uma trilha importante para a pesquisa na UFJF e o desenvolvimento regional.
A pandemia do Covid-19 exigiu ajustes diversos no planejamento traçado e o envolvimento direto da Diretoria de Inovação nas ações para seu enfrentamento, sob comando da Reitoria de diversas unidades acadêmicas e órgãos da administração central. As universidades públicas cumpriram com denodo seu papel e UFJF produziu insumos diversos, montou arranjos digitais para monitoramento do vírus, desenvolveu equipamentos e ajustou suas atividades ao cenário da pandemia. Em parte, pode-se dizer que faziam por conta própria o que deveria ser parte de uma mobilização do Estado brasileiro na coordenação de esforços de agências diversas da administração pública, em diferentes níveis federativos, e o setor privado, para produção em massa de APIS, máscaras, álcoois, sabonete, respiradouros… No limite, se tal coordenação existisse o país poderia se aproximar de forma mais autonomia até da vacina, para o desenvolvimento da qual a indústria brasileira farmacêutica brasileira não foi acionada. Na UFJF, em meio às ações que a instituição desenvolveu, em articulação com a PJF, alguns ativos de propriedade intelectual foram gerados, evidenciando a qualidade da pesquisa em nossa Universidade.
De todo modo, mesmo neste ano singular, os resultados gerados pelo trabalho dos colaboradores do CRITT foram excepcionais, no ano em curso. Para tanto, contou com o suporte decisivo de todos os seus setores de apoio: administrativo-financeiro, tecnologia da informação, comunicação e marketing, gestão de pessoas, planejamento e gestão, além dos setores finalísticos já nomeados. Um esforço digno de nota por TAEs, bolsistas e trabalhadores terceirizados, realizado, na maior parte sob a forma do trabalho remoto.
Se o relançamento das atividades de treinamento dirigidas ao atendimento de demandas do setor empresarial não pode se efetivar plenamente, o Programa CRITT na Quarentena se estendeu de abril a setembro, em vinte e três edições, com Talks e Lives que contaram com a participação de pessoas da administração pública e de mercado, pesquisadores locais e de outras instituições do Brasil, da Inglaterra e de Portugal, ministrando cursos, palestras e realizando debates sobre temas atinentes ao mundo dos negócios no cenário gerado pela pandemia, bem como abordando diversos aspectos de sua ocorrência nas esferas sanitária, médica e econômica. Mais de 4000 presenças foram registradas nas diferentes atividades desenvolvidas no programa (ver ao final o Relatório, a lista dos eventos realizados durante o CRITT na Quarentena). A final do ano, a quinta edição do Programa Qualifique-se concluiu as atividades de treinamento no CRITT em 2020, com oferecimento de 11 cursos.
Já o setor de empreendedorismo manteve-se em plena atividade. Com ações desenvolvidas através de plataformas digitais, o número de participantes, em alguns casos, chegou a superar o ano de 2019 (ver quadro abaixo). Nos diferentes programas levados a efeito, projetos diversos tiveram como foco o enfrentamento da pandemia do Covid-19 e temas relacionados a áreas da saúde. O setor está concluindo, também, a montagem o Laboratório de Prototipagem Rápida, que vai tornar ainda mais dinâmico o ambiente de apoio ao empreendedorismo do CRITT, criando condições para que os projetos desenvolvidos possam ser materializados sob a forma de protótipos, favorecendo a consolidação das startups germinadas nos programas do setor.
A criação de uma rede institucional para atividades de prototipagem, por seu turno, reunindo diversos laboratórios da UFJF é um programa que começou a ser elaborado em 2020. Sob coordenação do CRITT, ele vai conectar o Laboratório de Prototipagem Rápida a outros espaços mais complexos da UFJF que miram o mesmo fim, de modo a atender às ações do setor de empreendedorismo e à transferência de tecnologia, pois servirá ao atendimento de demandas de empresas que precisarem de tais serviços.
Já o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do CRITT, que reúne os setores de proteção ao conhecimento e transferência de tecnologia teve, apesar da impossibilidade de implementação do INTEC, resultados notáveis. A tabela abaixo indica a expansão dos registros de ativos intangíveis no INPI e as patentes concedidas. O desempenho de 2019 já colocara a UFJF entre as 50 instituições de qualquer natureza que mais registram patentes no Brasil. Em 2020 superamos largamente o ano anterior.
Formidável também foi o desempenho do Setor de Transferência de Tecnologia. Num ano atípico como o de 2020, os valores e contratos firmados com empresas superaram em larga medida o ano de 2019. Para tanto, tiveram papel decisivo a operosidade dos colaboradores do NIT; a simplificação e agilidade dos trâmites definidos pela AGU nacional e em normas internas da UFJF; a presteza e competência da Procuradoria da UFJF na análise dos projetos; a compreensão cada vez maior dos pesquisadores da Universidade sobre a relevância dos acordos de parceria com empresas; a visibilidade da excelência da pesquisa desenvolvida em nossa instituição. Vale considerar, também, a importância do desenvolvimento dos mecanismos de tramitação eletrônica dos processos e assinatura dos documentos envolvidos, acelerado pelas exigências do trabalho remoto imposto pela pandemia do COVID19. Saliente-se o peso significativo dos projetos de P&D, atestando a relevância da pesquisa na UFJF, que desperta cada vez mais atenção das empresas.
Digno de nota no ano de 2020 é a aprovação do Programa de Mestrado e Doutorado em Inovação (MAI-DAI), Desenvolvimento tecnológico e inovação na cadeia produtiva de alimentos e bebida, que participou da Chamada 20/2020 do CNPq. Liderado pelos PPGs de Química, Farmácia e Modelagem Computacional, o projeto resultou do agrupamento de duas propostas selecionadas em certame interno da UFJF, conduzido pela PROPP e pela Diretoria de Inovação, numa demonstração inequívoca de maturidade acadêmica e compromisso institucional dos três PPGs.
Em outubro de 2020 a UFJF e a FINEP assinaram Termo Aditivo ao Convênio para construção da sede do PCTJFR na sede do campus e revisão de seu Plano de Negócios. No mesmo mês a Greenfuels e a Universidade assinaram o Termo de Doação do Complexo Fuelmatic GSX 3 para a pesquisa a ser desenvolvida no CIEPTEC-UFJF Norte, chancelada por um Termo de Cooperação firmado entre a PJF e a UFJF. Definidas pela Reitoria, em conjunto com a Diretoria de Inovação, as duas operações estão em andamento e têm contado, em diferentes etapas, com o apoio fundamental da Coordenação de Suprimentos da UFJF (COSUP) e, no âmbito de suas possibilidades, da PROPLAN e da PROINFRA. No caso PCTJFR, o processo de contratação da empresa que vai elaborar o projeto arquitetônico e executivo da sede está em fase avançada, bem como a seleção da equipe que vai trabalhar na revisão do Plano de Negócios e prospecção de empresas. No caso da instalação do equipamento da Greenfuels no CIEPTEC-UFJF Norte, já foi obtida a licença ambiental de instalação. O Complexo Fuelmatic GSX 3 nos próximos dias chega ao local onde, após a preparação da área, vai ser instalado para operação prevista na pesquisa indicada acima.
A área original no Km790 da BR-040, inicialmente destinada à instalação do PCTJFR, permanece sob domínio da UFJF, com a destinação de abrigar atividades do PCTJFR. A interdição, no momento, da obra de infraestrutura lá prevista (obstruída pela recusa do MEC em autorizar a utilização do empenho de 2012 destinado a tal inciativa) não impede que a UFJF negocie a cessão do espaço para empresas que venham a fazer parcerias com a instituição. A Diretoria de Inovação e a Comissão para Implantação do PCTJFR estão empenhadas em garantir que esse antigo sonho de Juiz de Fora e Região se materialize. Com a sede no campus e algumas atividades situadas no CIEPTEC-UFJF Norte, o PCTJFR vai se consolidar com três unidades: no campus, ao lado e em articulação com o CRITT; no CIEPTEC-UFJF Norte e no Km790 da BR-040.
Além do INTEC (não realizado pelas dificuldades de contornar os termos de confidencialidade exigidos em eventos transmitidos on line), importa fazer o registro de três ações que não puderam ser plenamente efetivadas por força das condições excepcionais geradas pela pandemia do COVID19. Não se fez o lançamento do GDI-Mata e Vertentes, uma ampliação do GDI-Mata, rede que busca integrar agências do poder público, associações empresariais e instituições de pesquisa. Com a incorporação da UFV, da UFLA, da UFSJ e do CEFET-Leopoldina, plantou-se, contudo, uma semente para a colaboração crescente da academia, poder público e empresas nas duas regiões, crucial para o desenvolvimento regional. Chancelado pala Reitoria e já aprovado pela Procuradoria da UFJF, um contrato entre o CRITT e a FADEPE, para acentuação das competências da agência de inovação da UFJF teve, também, sua implementação adiada para 2021. Com ele, vão se elevar consideravelmente as condições para prospecção de parcerias com empresas, contribuindo para a incremento dos indicadores de inovação da UFJF, para a captação de recursos e para o desenvolvimento regional. Por fim, encaminhada para deliberação do Conselho Superior da UFJF em março de 2020, a Política de Inovação da Universidade, objeto de dois anos de debates, não pode ser apreciada pelo CONSU, o que está previsto para ocorrer em janeiro de 2021.
Em Governador Valadares, também devido à pandemia do COVID 19, o GT Inovação do Campus de Governador Valadares, promoveu diversas ações no formato on-line. A Oficina de Ideação e Modelagem de negócio foi realizada em parceria com o CRITT, com foco na sociedade de Governador Valadares e região. Foi realizado o 2º Hackathon Saúde, Gestão e Inovação para alunos e servidores, abordando o cenário de pós-pandemia e seus impactos para a sociedade e negócios. No Worksoh Outlab Day, foi apresentado o módulo introdutório ao Programa Outlab, o primeiro programa de aceleração de laboratórios do Brasil, em parceria com a Fundep. Além disso, diversas ações internas para o desenvolvimento do Setor de Inovação do Campus GV foram encaminhadas, bem como o apoio a eventos junto a parceiros da cidade.
Em Juiz de Fora, várias outras ações foram feitas em colaboração com parceiros históricos CRITT. Junto ao SEBRAE participamos de diversos eventos, além de envolvermos estudantes da UFJF no Programa ALI (Agente Local de Inovação), com bolsas obtidas através de Emenda Parlamentar. Com a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, junto à PROPP, participamos do I Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência. Com o Studio Dialeto, participamos do 3º Encontro de Economia Criativa de Juiz de Fora. Desde novembro está sendo elaborado um programa para a formação de desenvolvedores para startups junto ao ecossistema empreendedor da cidade, que deverá ser lançado no início de 2021. O CRITT buscou, também, participar ativamente da Agência de Desenvolvimento de Juiz de Fora e Região (ADJFR) e envolveu-se em eventos promovidos por entidades empresariais da cidade, buscando aproximar-se de seus clientes potenciais mais destacados.
Vale registrar que colaboradores do CRITT participaram de eventos das principais redes de inovação do país. Diretamente, contribuímos com as iniciativas da Rede Mineira de Inovação (RMI), da Rede Mineira de Propriedade Intelectual (RMPI), da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) e do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC).
Brevemente, o Relatório de Gestão detalhado, com a síntese do planejamento estratégico para 2020 e o balanço dos indicadores projetados e alcançados no período, em cada setor do CRITT, estará disponível para todas as pessoas interessadas no site do órgão.
Por fim, este relatório de Atividades não poderia deixar de fazer o registro de um momento de muito carinho, que emocionou a todos os colaboradores e amigos do CRITT. Em 28 de abril o CRITT completou 25 anos de existência. A quase totalidade de seus idealizadores e dirigentes esteve presente numa cerimônia de muita emoção, que fez o registro da trajetória do órgão e homenageou a todas as pessoas que contribuíram para a sua afirmação. Uma pausa de ternura e emoção positiva num ano de realizações, mas marcado por muita dor, com a COVID19. Que nos inspire, também, a buscar na ciência e a na inovação tecnológica os caminhos para tempos mais amenos.
Leia o Anexo – Lista de capacitações desenvolvidas pelo Setor de Treinamento do Critt
Outras informações:
Setor de Comunicação e Marketing – com.critt@gmail.com