A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se tornou proprietária do imóvel pertencente a antiga Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Localizado à rua Bruno Simili, 47, no bairro Distrito Industrial, na zona norte da cidade, a propriedade, avaliada em mais de R$21 milhões, foi cedida para a UFJF pela União, com o objetivo de se tornar um espaço para o desenvolvimento do Centro Integrado de Ensino, Pesquisa, Extensão, Tecnologia e Cultura (CIEPTEC – UFJF Norte). A aquisição foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), na sexta-feira, 22 de maio.
O imóvel possui uma localização estratégica, sendo próximo da futura Usina de Bioquerosene e Renováveis, da Termelétrica e do Gasoduto da Petrobras. Além disso, está em uma região rodeada de fontes de energia de alta tensão, fibra ótica para utilização de internet, perto da rede ferroviária e de muitas empresas, oferece fácil acesso a BR 0-40, com uma distância aproximada de cerca de 26 km da UFJF e, apenas, 50,2 km do Aeroporto Regional de Goianá. Dessa maneira, os planos para a propriedade são agregar salas de aula, anfiteatros, laboratórios integrados de ensino, pesquisa, extensão e inovação, criar um centro cultural e estabelecer ambientes promotores de inovação em soluções ferroviárias, saúde (medicamentos e equipamentos médicos), energia e combustíveis renováveis que se encontram em tratativas com parceiros diversos.
Segundo o Diretor de Inovação da UFJF, Ignacio Delgado, o espaço pode ter um aproveitamento favorável para o desenvolvimento de uma unidade do parque científico e tecnológico por estar próximo das principais empresas da cidade, o que facilitaria a criação de um ambiente de colaboração entre a Universidade e as empresas. Além de oferecer condições para atuação nos campos de ensino, pesquisa, cultura e extensão. “O imóvel estava para leilão, previsto para o início de 2020, mas a UFJF solicitou que o mesmo fosse sustado, para que avaliasse o interesse em adquiri-lo. A área permite diferentes usos, tais como o desenvolvimento de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D+I) e atividades no âmbito do ensino, pesquisa, extensão, inovação e cultura”.
Também destaca as atividades que podem ser desenvolvidas na propriedade. “Há possibilidades de criar espaços culturais numa área carente deles. Ações regulares e eventuais de ensino também podem se combinar a projetos de extensão, nos aproximando de territórios e populações vulneráveis que a UFJF pouco alcança. Ademais, todas essas ações devem se integrar aos projetos de inovação e transferência de tecnologia, de forma articulada, como deve ser a dinâmica de uma universidade contemporânea. Por fim, a Instituição passa a estar definitivamente presente na Zona Norte da cidade”, observa.
Aproximação com a Zona Norte
Como apontado, o espaço pretende viabilizar e criar uma aproximação entre a UFJF e a zona norte de Juiz de Fora, por meio do desenvolvimento de projetos e programas integrados de ensino, pesquisa e extensão, tecnologia, inovação e cultura, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região, assim como, para a ampliação e consolidação das ações realizadas pela instituição. “Quando levamos a proposta ao Conselho Superior (Consu), outras unidades administrativas, pró-reitorias e diretorias agregaram contribuições às propostas originais, salientando a oportunidade da UFJF se instalar em uma região que é muito relevante, e possui grande participação no conjunto da população da cidade”, explica Delgado, “O Consu aprovou por unanimidade, expressando o ânimo e a motivação da comunidade acadêmica de a UFJF desenvolver um centro integrado que projete suas ações para uma região tão importante de Juiz de Fora”.
O diretor também aponta que diante da proximidade com as empresas localizadas na região, somados à carência de espaços adequados para atividades da UFJF nesta localidade, o CIEPTEC – UFJF Norte possibilita novas atuações para a instituição. “Nesse caso em particular podemos fazer o imóvel funcionar como uma unidade do parque tecnológico e nos permite dialogar com as empresas para que elas possam atuar junto aos nossos pesquisadores. Ainda podemos colaborar com a comunidade ao oferecermos atividades, bem como, ajudarmos no desenvolvimento econômico e social do município”.
Fortalecimento econômico
Delgado explica que com a criação de uma unidade parque tecnológico, no âmbito do CIEPTEC- UFJF Norte, a possibilidade de colaboração entre a Universidade e as empresas, no campo da pesquisa e transferência de tecnologia, pode intensificar as ações que miram o desenvolvimento da Zona da Mata e do Campo das Vertentes. “Apesar de, inicialmente, a UFJF precisar arcar com custos como o de água, luz e vigilância, após o contato com as empresas, poderemos adquirir receitas para a manutenção e passaremos a receber uma quantia para que as elas usem os nossos espaços. Dessa forma, além de colaborarmos com a vida de uma parcela importante da população, futuramente, nosso gasto será praticamente zero”.
Em Juiz de Fora, há um rico campo para atuação do CIEPTEC – UFJF Norte para abrigar projetos estruturantes, nas áreas de saúde, energia, ferroviário, além da agregação de valor, com a incorporação de tecnologia e desenvolvimento de marcas em setores tradicionais, como os têxteis e de alimentos. De acordo com Delgado, a utilização do espaço pode trazer perspectivas positivas de desenvolvimento local. “Esperamos firmar parcerias que permitam que essa produção incorpore tecnologia nos processos, desenvolva mais e, por meio dessa colaboração, impulsione a competitividade das nossas empresas, mirando numa perspectiva que o conhecimento gerado na cidade forme profissionais que não vejam pela frente opções de trabalho apenas longe de Juiz de Fora e região, e contribuam para fortalecer a economia local, criando horizontes para os jovens ficarem no município e em outras localidades da Zona da Mata e Campo das Vertentes”, explica.
Aquisição
A proposta para aquisição do terreno surgiu por meio de um convite da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), para que a UFJF, juntamente a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe), pudessem conhecer o espaço. Conforme dados do Sistema Spiunet, por meio de uma avaliação realizada em maio de 2018, o valor total do imóvel, considerando as benfeitorias, seria de R$21.734.667,09, e de acordo com a conferência realizada pela Pró-reitoria de Infraestrutura e Gestão (Proinfra), o terreno possui 42.374,50 m², onde 16.441,88 m² são de área construída, sendo que o galpão possui uma boa edificação e não apresenta sinais de vazamento.
Além disso, parte da propriedade é ocupada pelo galpão que possui área de cerca de 14.000 m², com um pé direito duplo, é possível, eventualmente, projetar na arquitetura já existente, uma área de 28.000 m², de forma a viabilizar as instalações propostas e uma sede administrativa para o Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) e para as pró-reitorias.
“Em uma solenidade em que estavam presentes representantes do Exército, a Prefeitura entendeu que o imóvel não seria bem aproveitado pelo município e a cessão poderia ser prejudicada por envolveram entes federativos diferentes – a União e o Município. Por não estar habilitada para recebê-lo, foi efetuado contato com a Fadepe e depois comigo e fizemos uma vistoria na localidade. O galpão possui tem mais de 16 mil m² construídos e possui um galpão, três resistências térreas, um escritório, sanitários, garagens, três guaritas e três casas em bom estado”, observa Delgado.
O professor Ignacio Delgado também esclarece que o custo da aquisição é zero, mas a UFJF terá um custo inicial entre 15 e 30 mil reais por mês para pagamento de contas de luz, vigilância, água até que haja a interação com empresas parceiras.
Fonte: UFJF