As oficinas pedagógicas são um instrumento de aprendizagem aberta e dinâmica, que possibilita a inovação, a troca de experiências e a construção de conhecimento. Com elas, há um aperfeiçoamento didático, por meio de uma metodologia, em que os educadores têm a oportunidade de interação com o grupo, o que torna a prática ainda mais enriquecedora.
Diferentemente de um modelo mais engessado e baseado na mera transmissão de informações, o estudo de um tema em oficinas pedagógicas permite a comparação entre experiências diversificadas, o que propicia uma abordagem reflexiva dos temas nelas abordados.
Sendo assim, o CRDH/UFJF-GV, no ano de 2019, realizou diversas oficinas, com o objetivo de tornar o aprendizado de jovens e adolescentes da cidade de Governador Valadares mais amplo e dinâmico, demonstrando que é possível aprender de maneira mais livre, estimulando o debate e a participação de todos.
Oficina Identidade – Senac
A primeira Oficina realizada pelo CRDH/UFJF-GV versou sobre o tema identidades e se voltou para os jovens do Programa de Aprendizagem – jovem aprendiz – do Senac em Governador Valadares. Aconteceu nos meses de junho e julho de 2019, em duas atividades para quatro turmas.
A ideia surgiu quando a educadora Regiane entrou em contato com um dos membros do CRDH, Carlos Viveiros, a fim de que fossem feitas intervenções na turma para discutir principalmente os temas: identidade de gênero, orientação sexual e também acerca das situações de desigualdade no ambiente de trabalho, na condição de aprendizes.
Foram realizadas duas oficinas, organizadas em quatro turmas, devido ao grande número de participantes. No total, estiveram presentes cerca de 200 adolescentes, de idades entre 14 e 17 anos.
Na primeira oficina, utilizou-se a estratégia da roda de conversa e a dinâmica de chuva de palavras para introduzir o tema. A roda de conversa consiste em uma dinâmica em que os jovens sentam-se em roda e há alguns moderadores que iniciam e instigam o debate. Das metodologias de aprendizado coletivo, as rodas de conversa têm sido adotadas como um instrumento pedagógico importante para estimular o aprender com o outro e a partir do outro. O desenvolvimento da oralidade é dado pela própria conversa e quanto mais conversa melhor!
Já a dinâmica de chuva de palavras é uma técnica que explora as habilidades, potencialidades e criatividade dos participantes. No decorrer do debate, tudo o que eles forem expressando deve ser anotado, pois cada palavra registrada será usada como ponto de partida para o conhecimento do tema abordado. Esse tipo de dinâmica é importante, pois o jovem expõe os conhecimentos adquiridos, além de fazer com que todos se posicionem, sempre respeitando as ideias do colega.
Na segunda oficina foi aplicada a dinâmica “Construção dos Corpos”, que consiste na separação da turma em dois grupos: um formado apenas por meninos e outro apenas por meninas. Posteriormente, é distribuída uma cartolina ou um papel pardo grande para cada e os participantes desenham um corpo, tendo como molde um colega do grupo. A partir de alguns comandos, participantes inserem no desenho nome (não pode ser de alguém que conheçam ou que esteja na oficina), lugar onde mora, idade, profissão, gostos, orientação sexual, se trabalha, onde mora, projetos, grau de escolaridade… quanto mais comandos melhor!
Por fim, cada palavra inserida no corpo desenhado é analisada sobre a compreensão de que determinadas culturas causam impacto na trajetória das diferentes estruturas corporais existentes. É uma forma dinâmica de discutir assuntos como a heteronormatividade em relação à orientação sexual, que consiste no reconhecimento da heterossexualidade como padrão.
Oficina sobre Identidade e Projeto de Vida – Escola Estadual InterEscolar
Em setembro de 2019, aconteceu a Oficina sobre Identidade e Projeto de Vida, na Escola Estadual Interescolar. Participaram cerca de 150 estudantes do ensino médio, em duas atividades para quatro turmas.
Carlos Viveiros, membro do CRDH, em parceria com a professora de Sociologia Viviane, realizou intervenções com as turmas do 1º ao 3º ano do Ensino Médio para discutir temas relacionados a questões de construção da identidade e também sobre projeto de vida.
Foram aplicadas neste espaço as metodologias trabalhadas com as turmas do Senac, devido à resposta positiva que obtiveram com a sua primeira aplicação. Na primeira atividade, então, houve rodas de conversa e dinâmica da chuva de ideias ou palavras para introduzir o tema. Na segunda atividade, foi realizada a dinâmica de “Construção dos Corpos”.
Segundo Carlos, “houve uma participação ampla dos e das estudantes. Estes conseguiram discutir situações que se relacionavam com o cotidiano da escola e da vida em família e na comunidade”.
Oficinas Histórias Contadas
As Oficinas Histórias Contadas aconteceram na Entidade SocioAssistencial Cidade dos Meninos – Projeto Casa Lar, voltadas às crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional. No total, as oficinas contaram com a participação de 20 crianças e adolescentes, no período de agosto a dezembro de 2019, durante às sextas-feiras, no horário de 13 às 15 horas.
Semanalmente, cada grupo etário encontrava-se com Carlos Viveiros, extensionista do CRDH, para trabalhar algum tema relacionado à identidade, sexualidade e projeto de vida. Esse trabalho era realizado por meio de jogos, brincadeiras, aplicação de dinâmicas e espaço ação-reflexão sobre educação afetivo-sexual. Participaram cerca de 13 a 20 crianças e adolescentes, entre 3 e 17 anos.
De acordo com Carlos: “as crianças em situação de acolhimento institucional têm um perfil específico que precisa de uma atenção redobrada, por ter situações de abandono parental ou intervenção judicial, por questões que as colocavam em situação de vulnerabilidade”.
Roda de Conversa – Racismo, Juventude e Violência
O projeto de extensão do IFMG, que discute racismo, juventude e violência convidou o CRDH/UFJF-GV para uma roda de conversa na Escola Estadual Dr. Antônio Ferreira Lisboa Dias. A atividade aconteceu em agosto de 2019. Estavam presentes cerca de 20 estudantes do Ensino Médio do IFMG e também da referida escola.Na ocasião, o CRDH foi representado novamente por Carlos Viveiros, que realizou a apresentação dos dados do projeto “Estação Juventude”, de 2015, contextualizando-os para que os e as estudantes pudessem ter um olhar abrangente do impacto da violência na vida de jovens negros e negras na cidade de Governador Valadares.
Segundo Carlos, “foi um intenso debate com participação ativa dos presentes. O projeto foi finalizado e como resultado foi publicado um livro sobre as atividades realizadas”.