O mês de Junho, conhecido também como mês do orgulho LGBTQI+, comemora anos de luta pelos direitos civis e a busca contínua por justiça igualitária nos termos da lei para a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer. Um dos eventos notórios que catalisou o movimento pelos direitos LGBTQI+ ocorreu em junho de 1969, no Greenwich Village, em Nova York, no bar Stonewall Inn. Nas primeiras horas da manhã de 28 de junho daquele ano, a polícia invadiu esse local de encontro popular para jovens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros – prendendo os funcionários por supostamente vender bebidas sem licença, agredindo muitos dos clientes e esvaziando o bar.Do lado de fora, a multidão que assistia aos clientes do bar serem levados para vans da polícia ficou enfurecida. Enquanto era comum que testemunhas desse tipo de violência policial contra membros da comunidade LGBTQI+ permanecessem passivos e calados, desta vez a multidão zombou da polícia atirando moedas e pedras, forçando a polícia a se barricar no bar para aguardar apoio. Cerca de 400 pessoas se revoltaram com a repressão policial. Embora os reforços policiais dispersassem a multidão, os protestos diminuíram e aumentaram do lado de fora do bar pelos próximos cinco dias, e essas manifestações em Stonewall (também chamados de levante de Stonewall) forneceram a centelha que desencadeou o movimento pelos direitos LGBTQI+ nos Estados Unidos e, de certa forma, no mundo.
Pensando nesse contexto de comemoração e, concomitantemente, de necessário esforço de reflexões críticas e reforço aos direitos e conquistas adquiridos pela comunidade LGBTQI+ desde então, as professoras e professores Érika Pretes, Laís Lopes (UEMG – Diamantina), Lucas Anjos (UFJF-GV), Nara Carvalho (UFJF-GV) e Renato Gonçalves (UFJF-GV) prepararam uma lista de indicações para esta semana. Confira:
Livros, artigos e dissertações
BUTLER, Judith. O parentesco é sempre tido como heterossexual?. Cad. Pagu, Campinas , n. 21, p. 219-260, 2003 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332003000200010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 24 jun. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332003000200010.
CABRAL, Mauro. “Pensar la intersexualidad, hoy”. In: MAFFIA, Diana (Comp.). Sexualidades migrantes: género y transgénero. Buenos Aires: Feminaria, 2003. p. 117-126.
DIAS, Maria Berenice (org). Intersexo. Revista dos Tribunais, 2018.
EISNER, Shiri. Bi: notes for a bisexual revolution. Seal Press, 2013.
FACCHINI, Regina. Sopa de letrinhas? Movimento homossexual e produção de identidades coletivas nos anos 90. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
GREEN, James. Além do carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil do Século XX. Editora Unesp (2019).
LORDE, Audre. Irmã outsider: ensaios e conferências. Autêntica (2019).
VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos Pecados: moral, sexualidade e inquisição no Brasil (2014).
TREVISAN, João Silvério. Devassos no paraíso: a homossexulidade no Brasil, da colônia à atualidade. Objetiva (2018).
PRECIADO, Paul. Testo Junkie. Sexo, drogas e biopolitica na era farmacopornografica. São Paulo: n-1 edições, 2018.
PRETES, Érika. A história da criminalização da homossexulidade no Brasil: da sodomia ao homossexualismo. Disponível em <https://www.academia.edu/25087933/Hist%C3%B3ria_da_criminaliza%C3%A7%C3%A3o_da_homossexualidade_no_Brasil_da_sodomia_ao_homossexualismo>
QUINALHA, Renan Honório. Contra a moral e os bons costumes: a política sexual da ditadura brasileira (1964-1988). 2017. Tese (Doutorado em Relações Internacionais) – Instituto de Relações Internacionais, University of São Paulo, São Paulo, 2017. Disponível em <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-20062017-182552/publico/Renan_Honorio_Quinalha.pdf>. Acesso em: 2020-06-24.
RUBIN, Gayle. Políticas do sexo. São Paulo: Ubu Editora, 2017.
VENCATO, Anna Paula. Sapos e princesas: prazer e segredo entre praticantes de crossdressing no Brasil. São Paulo: Annablume, 2013.
VERGUEIRO, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero incoformes. Instituto de Humanidades, Artes e Ciências professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia, 2015. Disponível em <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/19685/1/VERGUEIRO%20Viviane%20-%20Por%20inflexoes%20decoloniais%20de%20corpos%20e%20identidades%20de%20genero%20inconformes.pdf>. Acesso em: 2020-06-25.
Relatórios
ILGA. Relatório sobre homofobia promovida pelos Estados. Disponível em inglês < https://ilga.org/downloads/ILGA_State_Sponsored_Homophobia_2019.pdf > Disponível em espanhol <https://ilga.org/downloads/ILGA_World_Homofobia_de_Estado_Actualizacion_Panorama_global_Legislacion_diciembre_2019.pdf>
Literatura
ABREU, Caio Fernando. Aqueles dois. Conto em “Morangos Mofados” (1982).
AFROCAMINHÃO. No olhar do invisível. Disponível em:<https://www.wattpad.com/814500903-no-olhar-do-invis%C3%ADvel-introdu%C3%A7%C3%A3o> (2020)
BALDWIN, James. O Quarto de Giovanni. Companhia das Letras (2018).
HERINGER, Victor. O amor dos homens avulsos. Companhia das Letras (2016).
ISHERWOOD, Christopher. Um homem singular. Quetzal Editores (2011).
LORDE, Audre. Entre nós mesmas – poemas reunidos. Tradução de Tatiana Nascimento. Bazar do Tempo, 2020.
MOSCOVICH, Cintia. Duas iguais. Record (2004).
NERY, João. Viagem solitária – memórias de um transexual 30 anos depois. Rio de Janeiro: Leya, 2019.
OLIVEIRA, Carmen L. Flores Raras e Banalíssimas: a história de Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop. Rocco (2011).
PILAR, Olívia. Pétala. Conto em ebook disponível na Amazon (2020).
HILST, Hilda. Da poesia. Companhia das Letras (2017).
Quadrinhos
GAUTHIER, Anne-Charlote. Justin/Gauthier. Nemo (2018).
BECHDEL, Alisson. Fun Home: Uma tragicomédia em família. Todavia (2018).
BECHDEL, Alisson. Você é minha mãe? Um drama em quadrinhos. Quadrinhos na Cia (2013).
Músicas
Johnny Hooker, Liniker e os Caramelows – Flutua
Podcasts
Porta Aberta #32: Orgulho LGBTQIA+ com Renan Quinalha
Fora do Armário #33: Bissexualidade e representatividade
Getting curious with Jonathan Van Ness
Entretanto #16: Direitos LGBTs e a nova proposta de meta para a dívida pública
Larvas Incendiadas – Sopa de Letrinhas #AlemDoArcoIris
LibreCast – Não-monogamia e bissexualidade.
Filmes / documentários / séries
A revolta de Stonewall (EUA, 2010). Documentário sobre a Revolta de Stonewall, com imagens e depoimentos de contemporâneos e participantes da revolta. Além dos fatos que desencadearam a revolta em si, o documentário evidencia a cultura que patologizava e criminalizava a comunidade LGBTQI+ à época.
120 batimentos por minuto (França, 2017). Os membros do grupo de advocacia ACT UP Paris exigem ações do governo e de empresas farmacêuticas para combater a epidemia de Aids no início dos anos 1990.
Me chame pelo seu nome (Itália, 2017). Na Itália dos anos 1980, um romance floresce entre um estudante de dezessete anos e o homem mais velho contratado como assistente de pesquisa de seu pai.
Retrato de uma jovem em chamas (França, 2019). Em uma ilha isolada na Bretanha, no final do século XVIII, uma pintora é obrigada a pintar o retrato de casamento de uma jovem.
Cinema Diversidade (Brasil, 2017). Uma série sobre o trabalho de um grupo de cineastas brasileiros que decidiram se dedicar exclusivamente para a realização de filmes relacionados à temática LGBTQI+. Por meio de entrevistas, depoimentos e trechos das obras de alguns diretores, um panorama da produção de cinema LGBTQI+.
Visible: Out on Television (Estados Unidos, 2020). Série que retrata a importância da TV como um meio que moldou a consciência americana e como o movimento LGBTQI+ influenciou o que assistimos na TV.
Carta para além dos muros (Brasil, 2019). Carta para Além dos Muros é um documentário brasileiro de 2019 do gênero documentário dirigido, escrito e produzido por André Canto. Com título inspirado na obra de Caio Fernando Abreu e com aparições de diversos especialistas e ativistas, a obra retrata o histórico do HIV (vírus da imunodeficiência humana) no Brasil, expondo, em seu contexto, portadores do vírus e história correlatas.
Transparent (Estados Unidos, 2014-2019). Série que retrata uma família de Los Angeles com sérios problemas de limites pessoais, que tem seu passado e seu futuro profundamente alterado quando uma admissão de transição de gênero faz com que os segredos de todos sejam revelados.
Moonlight: sob a luz do luar (Estados Unidos, 2016). Um jovem afro-americano lida com sua identidade e sexualidade enquanto experimenta as lutas cotidianas da infância, adolescência e idade adulta.
Special (estados Unidos, 2019). Série sobre um jovem gay com paralisia cerebral, que se afasta de sua existência insular na esperança de finalmente seguir a vida que deseja.
Tatuagem (Brasil, 2013). O romance entre um soldado de 18 anos e o líder cultural de um cabaré anarquista, em 1978.
The L World: Geração Q (Estados Unidos, 2019). Essa série dramática e inovadora revolucionou uma geração, e agora volta com um novo grupo de diversos personagens LGBTQIA+ que experimentam amor, desgosto, sexo, contratempos e sucesso em Los Angeles.
A Secret Love (Estados Unidos, 2020). Documentário sobre duas mulheres – Pat Henschel e a jogadora profissional de beisebol Terry Donahue – que, apaixonando-se em 1947, iniciam uma jornada de 65 anos de amor e superação de preconceitos.
Hannah Gadsby: Nanette (2018). A comediante australiana Hannah Gadsby reformula o conceito de stand-up, combinando piadas com revelações pessoais sobre gênero, sexualidade e turbulências que viveu na infância.
E Então Nós Dançamos (Geórgia, 2019). Um conto apaixonado sobre a maioridade, ambientado nos limites conservadores da moderna Tbilisi, na Geórgia. O filme acompanha Merab, um dançarino competitivo que fica desequilibrado com a chegada de Irakli, um colega dançarino com um tom rebelde.
Pose (Estados Unidos, 2018). A série Pose se passa no mundo de 1987 e olha para a justaposição de vários segmentos da vida e da sociedade em Nova York: a ascensão do universo do luxo, a cena social e literária do centro da cidade e o mundo da cultura dos bailes.