Segundo o artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, todas as pessoas têm direito à educação. O projeto de extensão Cursinho Comunitário Camponês e Popular, da UFJF-GV, procura colocar em prática essa garantia, juntamente com a comunidade valadarense, assegurando aos pré-vestibulandos uma preparação gratuita e de qualidade voltada especialmente para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
A fim de tornar a experiência dos alunos ainda mais completa e trazê-los uma visão crítica necessária para um bom desempenho, o CRDH foi convidado a lecionar na disciplina de Cidadania sobre questões de gênero, diversidade e opressão. Os tópicos abordados foram questões atuais e de grande impacto, tais como feminismos, desigualdade, identidade e história LGBTQ+.
Segundo Vinícius Mendes, assistente social do setor de apoio estudantil da UFJF-GV e coordenador do projeto, “a ideia do convite surgiu da necessidade de refletir sobre esses assuntos junto ao público do cursinho, por acreditarmos ser de extrema importância para suas vidas e também para a realização da prova do ENEM. E muitos dos educandos nunca haviam tido contato com esses assuntos, nem na escola”.
A primeira atuação conjunta dos projetos aconteceu em 2018 na E. E. Israel Pinheiro, por meio de uma aula ministrada pela prof. Nara Carvalho e pelos participantes do eixo de Diversidade do CRDH, os estudantes Abab Nino, Lucas Tosoli, Hully Pereira, Larissa Ramos, Lorena Valadares e Carlos Henrique. A atividade teve como ponto de partida exibir um vídeo e provocar os alunos para que adaptassem os conceitos à sua realidade, de forma que ao longo da aula eles fossem construídos conjuntamente. A parceria repetiu-se em 2019, na Igreja Católica do bairro de Lourdes, que cedeu o espaço, dessa vez no formato de roda de conversa, novamente incentivando a interação. Para Nara Carvalho, “qualquer situação pode ser uma fonte de aprendizado muito rica, pois é um conhecimento que se nutre da realidade. A extensão é uma oportunidade de transformação, no final das contas o objetivo é haver realmente essa troca de conhecimentos”.
O extensionista Lucas Tosoli também deu sua opinião sobre a experiência: “Pessoalmente, foi uma oportunidade de interagir com a comunidade de forma direta, a partir da troca de experiências. Senti que os alunos do curso ficavam curiosos por não ser apenas uma aula expositiva, mas que demandava a participação com seus próprios saberes. No meu ver, foi uma experiência muito proveitosa tanto para nós, enquanto equipe, quanto para os alunos do curso”.
Quanto aos resultados da atividade, o coordenador Vinícius Mendes afirma que ela “possibilitou a algumas pessoas LGBTQ+ se reconhecerem enquanto sujeitos de direito, ampliou os horizontes da turma, motivou novos questionamentos sobre outros temas relevantes e ainda contribuíram com informações, dados e conceitos que certamente foram utilizados na prova do ENEM”. Além disso, afirma que deseja afinar e fortalecer a parceria entre os projetos.