Contribuir para o envelhecimento ativo e sadio da população. Este é o objetivo do trabalho realizado pelo Núcleo de Estudos da Pessoa Idosa (Nepi) do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), que realiza nesta sexta-feira, 23, e no próximo sábado, 24, a segunda edição do fórum sobre o tema.
Ao longo desses dois dias acontecem palestras e mesas de discussões sobre assuntos como a quiropraxia, a saúde bucal da população idosa, as principais síndromes geriátricas e tendências e desafios em relação ao envelhecimento populacional em Minas Gerais. Além disso, a programação conta também com minicursos sobre medição de pressão arterial, redação científica e alimentação.
De acordo com a professora do Departamento de Nutrição da UFJF-GV e coordenador do Nepi, o principal objetivo do fórum é apresentar as atividades realizadas ao longo deste ano e também “celebrar as parcerias efetivadas”. Clarice Silva explica que enquanto na primeira edição o foco foi divulgar a pesquisa que o grupo desenvolve em Governador Valadares, neste segundo evento a intenção é “discutir sobre as técnicas que ainda não são realizadas e que podem ser desenvolvidas para o futuro”.
A quiropraxia
Palestrante mais esperado neste segundo fórum, o professor da Universidade Santo Tomás (UST) Fábio Dal Bello abordou uma área da saúde ainda pouco conhecida nacionalmente: a quiropraxia.
Segundo o docente, trata-se de um curso de graduação presente em mais de 80 países no mundo, que visa detectar as alterações biomecânicas e articulares que podem comprometer o funcionamento dos sistemas nervoso e esquelético. O Brasil tem três universidades dedicadas a essa formação – em São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Dal Bello considera importante difundir a técnica, que pode ajudar no cuidado da saúde do idoso. “Nós temos mecânicas posturais evitando lesões, quedas e possíveis problemas que a gente tenta evitar que aconteça, comprometendo a qualidade de vida dele”, afirmou.
Sorriso na terceira idade
Outro assunto discutido neste primeiro dia de evento foi a saúde bucal dos idosos. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carolina Nemésio apresentou os índices e os padrões que os profissionais da odontologia podem utilizar para atuar na higiene oral e eventual necessidade de prótese em quem já passou dos 60 anos.
Na opinião de Nemésio, o maior desafio para lidar com essa faixa etária é que “a perda dos dentes é entendida como um processo natural e não como uma consequência da falta de cuidado ao longo da vida”. Para a docente da universidade mineira, “a atenção da saúde pública deveria ser dada à criança, ao adolescente e ser sustentada ao longo da vida adulta.”
Envelhecer com saúde
“Muitos países não estão preparados para realizar uma atenção à população que está envelhecendo”. A afirmação é da docente da Universidade Vale do Rio Doce (Univale) Suely Maria Rodrigues. Segundo ela, a saúde do idoso precisa ser vista de forma mais ampliada.
“Não é só ausência de doença. Está relacionada com diversos fatores, que nós chamamos de determinantes sociais, como a criação de espaços saudáveis, de cidades amigas do idoso, possibilitar acesso a diversas atividades que vão interferir na qualidade de vida dele”, explicou Rodrigues.
Ações como as desenvolvidas pelo Nepi contribuem tanto para a formação dos estudantes – que saem da universidade mais preparados para se dedicar à atenção ao idoso – quanto a população que está nesta faixa etária – beneficiária direta dos serviços de saúde. E quando esses dois públicos se confundem? É o caso de Adão Rodrigues de Aguiar, do décimo período de Nutrição. O discente de 64 anos afirma com orgulho ser “o estudante mais velho” da UFJF-GV e diz que o fórum “é muito importante porque traz sempre novidades para os alunos”. E finaliza: “Eu, como paciente, também estou sendo beneficiado”.
O 2º Fórum do Núcleo de Estudos da Pessoa Idosa vai até o próximo sábado, 24. Para mais informações e para conferir a programação completa, acesse a agenda de eventos na página oficial da UFJF-GV.
Sobre o Nepi
Criado em 2013, o núcleo foi idealizado pela professora Lina Faria – à época, no Departamento de Fisioterapia – e contou com a colaboração de vários docentes da área de saúde do campus da UFJF em Governador Valadares.
Ao longo desses cinco anos, o Nepi desenvolveu atividades como ações educativas, feiras e atendimentos individualizados, que já beneficiaram aproximadamente mil idosos.
Atualmente, o grupo é formado por nove professores, dois alunos de mestrado e um de doutorado, além de 30 discentes de graduação – entre bolsistas de iniciação científica, de extensão, treinamento profissional e voluntários.