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Pesquisadores formam rede para tratamento de doenças neurológicas

O desenvolvimento e a consolidação de um centro avançado voltado para compreender as doenças do sistema nervoso – e, principalmente, descobrir fatores inéditos para o tratamento das mesmas – é o foco de uma rede de pesquisa da qual a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) faz parte. A iniciativa envolve a criação de uma estrutura pioneira no estado e foi contemplada com um aporte de R$ 1.998.942,00 pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), coordenada pelos professores Paulo Caramelli e Vinicius Ribas, ambos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O pesquisador Bruno Mietto, especialista em neurobiologia e vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB), explica que o Laboratório de Biologia Celular da UFJF investigará as alterações moleculares de doenças do sistema nervoso periférico, com foco inicial na neuropatia da Hanseníase. “Em particular, vamos utilizar esses vetores virais a fim de modular a atividade de diversos genes expressos nos neurônios e nas células de Schwann, a glia periférica. O objetivo é entender um pouco mais sobre a fisiopatologia destas doenças neurológicas e, dessa forma, buscar novos candidatos moleculares para tratar doenças do nervo periférico.”

 

Técnica avançada e ainda pouco utilizada no Brasil
Mietto detalha que, para analisar as bases moleculares das doenças do sistema nervoso, será utilizada uma tecnologia de edição gênica avançada, a CRISPR-Cas9. A técnica chama a atenção por ter, nos últimos anos, acelerado descobertas de novas formas terapêuticas para doenças neurodegenerativas – como Alzheimer, Parkinson, Esclerose Múltipla e Esclerose Lateral Amiotrófica (conhecida como ELA) –, que já impactam diretamente a vida de milhões de pessoas e tendem a crescer frente ao crescimento populacional e ao envelhecimento dos brasileiros.

Os pesquisadores da rede apontam que, mesmo promissora, o uso dessa técnica ainda é incipiente no Brasil, devido, principalmente, à ausência de centros com estrutura para a produção e fornecimento de vetores de vírus adeno-associado recombinante (rAAV), frequentemente usados em estudos de neurociências. A utilização deles obteve resultados de sucesso em terapias gênicas para doenças como a Amaurose Congênita de Leber e a Atrofia Muscular Espinhal, ambas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2020. 

 

Infraestrutura científica pioneira em MG
Aprovado pela Fapemig, o projeto da rede de pesquisa mineira envolve a criação de uma infraestrutura para a produção de vetores de rAAV que, por sua vez, serão usados na aplicação pré-clínica de terapia gênica com CRISPR-Cas9. Trata-se da primeira estrutura do tipo no estado de Minas Gerais e no Brasil. A iniciativa foi intitulada como “Centro de produção de vetores virais para a tecnologia de CRISPR-Cas9: foco em doenças neurológicas”.

“Os pesquisadores consorciados desta rede possuem sólida experiência em neurobiologia, além de ampla expertise em múltiplas técnicas experimentais. O resultado desta interinstitucionalidade é a geração de conhecimento inovador, a formação de recursos humanos qualificados e o avanço da ciência e tecnologia do nosso país”, afirma Bruno Mietto. “Fazer ciência é fazer em equipe. A pesquisa científica é uma ação conjunta, pois todo conhecimento desta cooperação é discutido, pensado e transmitido por todos os pares que compõem a equipe técnica.” Além da UFMG e da UFJF, pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) também integram a rede.

 

Pesquisa está alinhada aos ODS da ONU
A Coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional, em parceria com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (Propp), está promovendo uma estratégia de fortalecimento das ações de pesquisa da Universidade, mostrando que estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Os ODS são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

A rede de pesquisa citada nesta matéria está alinhada aos ODS 3 (Saúde e Bem-Estar), relacionado a garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para pessoas de todas as idades, e ao ODS 9 (Indústria, inovação e infraestrutura), voltado para construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.

 

Leia a reportagem na íntegra.