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63 Informativo – Pensamento e evolução

1 – Karl Pearson: O Cientista que mudou o pensamento científico!

2 – Espécies que começaram a colonização da terra firme travaram corrida evolutiva

1 – Karl Pearson: O Cientista que mudou o pensamento científico!

Muitas pessoas prestigiam apenas Sir Ronald Fisher como o principal nome da estatística do século XX. Entretanto, alguns autores entendem que Karl Pearson merece uma posição de destaque equivalente a Fisher.
Pearson nasceu em 1857, em Londres, e morreu também lá em 1936. O seu nome de batismo era Carl, mas mudou para Karl por conta de sua grande admiração por Karl Marx. Pearson criou o primeiro Departamento de Estatística do mundo (no University College), em 1911, e rejeitou a ordem do império britânico por conta de suas convicções socialistas.
Entre seus grandes feitos para o desenvolvimento da estatística moderna estão: o modelo de regressão linear, a definição de correlação, o seu sistema de distribuições de probabilidade e o famoso teste qui-quadrado. Pearson acreditava que todos os fenômenos naturais poderiam ser modelados pelo seu sistema de distribuições que inclui quatro parâmetros a serem estimados.
Pearson era bem mais matemático do que Fisher. Esse último revolucionou a estatística em termos dos principais conceitos de inferência. Entretanto, algumas desses conceitos foram fundamentalmente alicerçados em trabalhos mais teóricos de Pearson. Ele criou a base da modelagem estatística atual, associando uma distribuição de probabilidade para modelar a estocasticidade da variável de interesse principal. Antes de Pearson, a idéia que se tinha dos fenômenos naturais, era a descrição deles por equações determinísticas mais flutuações aleatórias de pequena magnitude, denominadas de erros experimentais.
A grande virada do enfoque determinístico (tão usado e propagado por Kepler e Laplace nas suas pesquisas), dominante de todos os cientistas do século XIX, para incluir a estocasticidade inerente aos próprios fenômenos da natureza foi motivada, essencialmente, por Pearson. Para ele os fenômenos naturais são meras realizações aleatórias de algo real denominado de distribuições de probabilidade. Em outras palavras, todos os fenômenos da natureza são regidos por processos estocásticos e distribuições de probabilidade.
Não poderia deixar de indicar aos leitores dois livros clássicos que marcaram minha vida de estudante terceiro-mundista no Imperial College of Science and Technology. Li e reli os dois livros em dezembro de 1979, que me ajudaram a conviver na cinzenta Londres: Statistical Methods and Scientific Inference de Ronald Fisher e The Grammar of Science de Karl Pearson.
As tragédias naturais, por exemplo, como as grandes enchentes e terremotos, são modeladas nos dias de hoje e podem ser previstas com boa precisão pelas distribuições de extremos propostas por Tippett (que foi, também, aluno do Imperial College).
Para aqueles que desejam aprender um pouco mais sobre a vida do grande cientista podem visitar o site http://www.ucl.ac.uk/Stats/department/pearson.html#contributions
Acredito, firmemente, que sem Pearson e Fisher, a estatística não teria revolucionado tanto a ciência no século XX. Fonte: Gauss M. Cordeiro, PhD em Estatística, Professor da UFRPE

2 – Espécies que começaram a colonização da terra firme travaram corrida evolutiva

Vários animais evoluíram paralelamente no ambiente terrestre

Ricardo Mioto escreve para a Folha de SP:
A trajetória evolutiva que permitiu que os vertebrados deixassem de viver na água e ocupassem a Terra, há 365 milhões de anos, não ocorreu em uma única linha, mas com vários tipos diferentes de bichos evoluindo paralelamente no ambiente terrestre, afirma um novo estudo.
Produzindo um “censo” das espécies pioneiras na colonização da terra, um grupo de cientistas mostrou agora que o mundo em que elas viveram tinha uma biodiversidade bem maior do que se imaginava. O novo trabalho foi liderado por Jennifer Clack, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), que estudou fósseis do período de interesse: entre 360 milhões e 300 milhões de anos atrás.
No novo estudo, publicado na revista científica “Journal of Anatomy”, Clack e seus colaboradores comparam fósseis de 35 espécies de tetrápodes. Foram esses, segundo os cientistas, os primeiros animais que conseguiram se arrastar sobre quatro pés. O trabalho mostrou que eles formavam uma fauna diversa, de empolgar qualquer zoólogo.
Alguns animais lembravam os atuais crocodilos, outros pequenas lagartixas, alguns cobras. Ocupavam todo tipo de nicho ecológico e de habitat. Os menores tinham dez centímetros de comprimento. Os maiores, cinco metros.
Segundo Clack, porém, isso não quer dizer que vários animais tenham saído ao mesmo tempo da água para ocupar o ambiente terrestre, de maneira independente. “A hipótese é que todos os tetrápodes têm um único ancestral [o primeiro a pisar fora dágua]”.
As diferenças surgiram já em terra, portanto, já que os animais estudados não eram nem peixes nem anfíbios, e sim algo intermediário. Os mamíferos ainda estavam longe de surgir. Eles apareceram 200 milhões de anos atrás, mais ou menos na metade do caminho entre a conquista do ambiente terrestre e a era atual.
(Folha de SP, 9/7).