Fechar menu lateral

Informativo 614 – Museu; inédito; NASA e Rio

1 – Museu Nacional homenageia os naturalistas Fritz e Hermann Müller

2 – Biólogo diz que Homo sapiens passa por uma evolução inédita

3 – NASA conclui que Amazônia absorve mais gás carbônico do que emite

4 – Buraco na camada de ozônio afeta o clima no Rio

 

1 – Museu Nacional homenageia os naturalistas Fritz e Hermann Müller

 

A mostra resgata a memória dos irmãos Müller, fundamental para a história da ciência no Brasil

A trajetória dos cientistas Fritz e Hermann Müller pode ser conhecida na exposição temporária Fritz Müller – O Príncipe dos Observadores, que será aberta ao público a partir da próxima sexta-feira (21/03) no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. A mostra resgata a memória dos irmãos Müller, fundamental para a história da ciência no Brasil, e integra o evento Fritz e Hemann Müller – Alemanha e Brasil na Consolidação do Darwinismo.

 

Fritz (1822-1897) e Hermann (1829-1883) Müller foram grandes observadores da natureza, que mantiveram intensa correspondência e troca de material com Charles Darwin, inserindo com suas pesquisas o Brasil e Alemanha no contexto da consolidação e popularização da Teoria Darwinista da Evolução das Espécies.

 

O evento Fritz e Hemann Müller – Alemanha e Brasil na Consolidação do Darwinismo contará, ainda, com um Colóquio Científico e Workshop virtual. A programação completa pode ser consultada através do link http://www.museunacional.ufrj.br/novidades/fritz-e-hermann-muller.

 

A EXPOSIÇÃO

Composta por painéis, a exposição Fritz Müller – O Príncipe dos Observadores – produzida pelo Instituto Martius-Staden – conta a trajetória do naturalista desde a Alemanha, onde estudou matemática e medicina, até a sua mudança para o Brasil, no século XIX. Aqui, se instalou em Santa Catarina dando início às pesquisas que tinham como método científico a observação e como objeto de estudo as espécies da Mata Atlântica.

 

“Fritz Müller foi um homem brilhante. Sem qualquer recurso, ele estudou e interpretou os fenômenos da natureza sem fazer qualquer coleta. Ele preferia estudar os seres vivos no seu próprio ambiente”, explica Christian Westerkamp, professor da Universidade Federal do Cariri e assessor da exposição.

 

Westerkamp destaca que vários dos experimentos realizados por Fritz Müller reforçaram as teorias do naturalista britânico Charles Darwin. Assinala ainda que o pesquisador – que acabou se naturalizando brasileiro – fundou as bases da biologia no Brasil, além de ter colaborado para divulgar as suas descobertas ao público leigo. “Fritz sempre se preocupou em entender a natureza e não em ficar famoso. Esta é uma das razões de o Brasil ainda desconhecer esse fantástico cientista”.

 

Além dos painéis, a mostra contará com fotos e material coletados pelos irmãos Müller e obras artísticas relacionadas aos dois naturalistas. O catálogo virtual da exposição Fritz Müller – O Príncipe dos Observadores pode ser visto através do linkhttp://issuu.com/martiusstaden/docs/catalogo_fritz_web.

 

Informações: Telefone: 21 2562-6900 ou www.museunacional.ufrj.br (Assessoria de Imprensa do Museu Nacional/UFRJ)

 

2 – Biólogo diz que Homo sapiens passa por uma evolução inédita

 

Mais alto, mais gordo, sexualmente precoce, mas cada vez menos fértil: o Homo sapiens não está passando por uma mutação, mas nossa espécie vem sofrendo uma evolução inédita em 200.000 anos de existência, segundo o biólogo francês Jean-François Bouvet.

Pela primeira vez em sua história, a modificação de seu meio ambiente pelo Homem é o principal fator de sua evolução, superando a seleção natural. Não é uma evolução no sentido de Darwin, mas uma retroevolução, resume Bouvet em entrevista à AFP.

Em seu último livro, Mutants, à quoi ressemblerons-nous demain? (Mutantes, como seremos amanhã?), ele explora a multiplicidade das mudanças e transformações, por vezes radicais, que afetam os seres humanos em diversos âmbitos há décadas.

Segundo aponta, a estatura média dos franceses, por exemplo, aumentou em quase 5 centímetros em trinta anos, enquanto a proporção de obesos quase dobrou nos últimos 15 anos, atingindo 15% da população.

Uma tendência que se observa em qualquer região do mundo, assim como a chegada precoce da puberdade, sobretudo entre as meninas, mas não unicamente nelas, indica o biólogo.

Um estudo realizado nos Estados Unidos mostra que uma menina branca em cada dez e uma menina negra em cada quatro atingem a puberdade aos sete anos.

Paradoxalmente, esta precocidade sexual vem acompanhada de uma fertilidade em queda livre, de acordo com Bouvet.

Em escala planetária, a concentração de espermatozóides no sêmen reduziu em 40% nos últimos 50 anos.
O homem também apresenta cada vez menos traços masculinos, a julgar pela redução do nível de testosterona e a suavização de outras características biológicas associadas à masculinidade.
Big Bang químico:  mas quais seriam as causas dessas transformações tão rápidas?
O biólogo menciona, além dos fatores genéticos, o big bang químico criado pelo Homem, que está transformando o Homo sapiens em um Homo perturbatus.

Bouvet cita uma lista de produtos químicos de reputação sinistra: o bisfenol A, ftalatos, DDT, atrazina e outros pesticidas, sem falar nos antibióticos, suspeitos de serem um fator de obesidade.

Estas substâncias poluentes, muitas delas afetam o sistema hormonal, podem ter uma vida extremamente longa: seis ciclos para que a quantidade do inseticida clordecona reduza pela metade, e no caso dos piralenos (PCB) de 94 dias a 2.700 anos.

Todas essas substâncias têm efeitos comprovados na descendência ao longo de muitas gerações, e que criam um fenômeno a longo prazo, cujas consequências ainda não há certezas.

Por sorte, a medicina moderna já encontrou solução para alguns dos males: fabricar espermatozódes em laboratório a partir de células-tronco já foi realizado em ratos de laboratório, e no futuro estuda-se o útero artificial, nos próximos cinquenta anos, prevê o autor.

Os avanços da medicina oferecem ao ser Humano a possibilidade de viver mais anos, mas a esperança de ter uma vida saudável está estagnada, adverte o cientista.

E ainda não há certeza de que a medicina preventiva, que utiliza marcadores genéticos para despistar os riscos de desenvolvimento de algumas doenças, é suficiente para reverter esta tendência.

Somos a única espécie que sabe que irá morrer. Talvez agora percebamos que saber isso não é, necessariamente, melhor, afirma Jean-François Bouvet.  Fonte: UOL, 11.03.2014

 

3 – NASA conclui que Amazônia absorve mais gás carbônico do que emite

 

Um estudo concluído pela Agência Espacial Americana (Nasa) resolveu um longo debate a respeito do papel dafloresta amazônica em relação ao aquecimento global. Pesquisadores se perguntavam se a floresta seria capaz de absorver uma quantidade maior de dióxido de carbono (CO2) do que ela emite naturalmente. A resposta obtida pela pesquisa da Nasa divulgada nesta terça-feira (18) mostra que a Amazônia realmente ajuda a reduzir o aquecimento global.

O CO2 é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, que leva ao aumento da temperatura terrestre. Enquanto as árvores vivas absorvem o dióxido de carbono da atmosfera ao longo de seu crescimento, as árvores mortas devolvem o gás para a atmosfera no período de sua decomposição.

A hipótese de que a floresta estaria emitindo mais gás do que absorvendo surgiu na década de 1990, quando se descobriu que enormes áreas da floresta costumam morrer devido a intensas tempestades.
Antes do estudo da Nasa, medições desse balanço entre emissão e absorção do CO2 na floresta amazônica só tinham sido feitas em pequenas porções da floresta, o que tornava os resultados questionáveis.

Para este estudo, a Nasa combinou técnicas de análise de imagens de satélite, medidas coletadas no local e outras tecnologias. A pesquisa concluiu que a emissão total de dióxido de carbono pela floresta durante um ano é de 1,9 bilhões de toneladas. Já a absorção foi estimada por meio de medidas do crescimento da floresta em diferentes cenários.

De acordo com a Nasa, em todos os cenários, a absorção de CO2 por árvores vivas superou a emissão por árvores mortas, indicando que o efeito geral da floresta é a absorção.

Uma das estratégias que tornou o levantamento possível foi o desenvolvimento de técnicas para identificar árvores mortas em imagens de sensoriamento remoto. Nas imagens de satélite, por exemplo, as árvores mortas aparecem em cores diferentes em comparação às árvores vivas.

O estudo, publicado nesta terça-feira (18) na revista científica Nature Communications, foi liderada pelo pesquisador Fernando Espírito-Santo, da Nasa, e contou com a colaboração de outros 21 pesquisadores de cinco países. (Fonte: G1). Fonte: AmbienteBrasil, 20.04.2014

 

4 – Buraco na camada de ozônio afeta o clima no Rio

 

Estudo brasileiro revela como o sistema evita o aquecimento global

O verão se foi marcado por recordes de calor e estiagem no Rio de Janeiro e boa parte do Sudeste. Um tempo hostil no início do ano que marca a primeira década após o Catarina (23 a 28 de março de 2004), o primeiro furacão brasileiro registrado. Surgem sinais de mudança do clima. Se associados à ação humana ou a variações naturais, ainda é inconclusivo para alguns. Mas, agora, um estudo brasileiro identificou uma inédita associação entre o buraco na camada de ozônio sobre a Antártica e alterações no padrão de ventos no Atlântico Sul, com possível influência sobre o Brasil. Uma inequívoca alteração climática causada pelo ser humano.

 

O estudo é daqueles que mudam paradigmas da ciência porque põe por terra a ideia de que o buraco na camada de ozônio não teria consequências climáticas. Supunha-se que o impacto do rombo no ozônio diria respeito apenas a índices perigosos de radiação UV. Mas nada teria a ver com o clima. O conceito inicialmente lançado pelo British Antarctic Survey, e depois por um grupo brasileiro do Proantar, mostraram que esta é uma ideia errada. Até agora as evidências apontam que o buraco na camada de ozônio é uma produção 100% humana. Foi aberto por gases CFCs emitidos ao longo do século XX e início de século XXI. Embora a emissão de CFCs tenha sido controlada pelo Protocolo de Montreal, em 1997, o único acordo climático bem-sucedido da História, o buraco só se fechará ao longo das próximas sete décadas.

 

Trabalho pioneiro de equipe da UERJ

O grupo liderado pelo físico Heitor Evangelista, da Uerj, revelou que a complexa rede de conexões climáticas faz fenômenos que acontecem na atmosfera sobre a Antártica alcançarem as águas que banham o Brasil. Esses fenômenos que podem levar ao aquecimento do mar e alterar o padrão de chuvas no continente e afetar o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.

 

Os pesquisadores integram o Instituto Nacional da Criosfera, uma rede nacional de pesquisa ligada ao CNPq, que mantém um laboratório em funcionamento o ano todo na Antártica, a apenas 500 quilômetros de distância do Polo Sul geográfico. O laboratório pode funcionar de modo autônomo e os cientistas não precisam passar o tempo todo por lá, evitando o frio e escuro inverno antártico. O laboratório Criosfera I, que não foi afetado pelo incêndio da Base Antártica Brasileira em fevereiro de 2012, monitora o clima e a química da atmosfera e envia os dados por satélite para o Brasil e a comunidade científica internacional. Evangelista e seus colegas costumam passar um mês por lá, mas nunca param de receber informações.

 

A dinâmica da estratosfera faz em com que a camada de ozônio que protege a Terra da radiação UV seja mais fina sobre a Antártica. Quando os CFCs começaram a destruir a camada, o problema teve maior intensidade na Antártica e esfriou ainda mais a estratosfera sobre o interior do continente, enquanto que a temperatura das bordas continuava a se elevar. Na prática, o buraco na camada de ozônio aumentou a velocidade dos ventos ao redor da Antártica.

 

– A diferença de temperatura (neste caso entre o centro da Antártica o ambiente ao seu redor) acarretou uma diferença de pressão atmosférica. E isto levou à intensificação dos ventos de Oeste – explica Heitor Evangelista.

 

O resultado foi que os chamados ventos westerlies – literalmente, que sopram de Oeste – se tornaram mais fortes. Esses ventos giram ao redor da Antártica. Este aumento está registrado nas estações meteorológicas de superfície e reproduzidos nos modelos numéricos.

 

– Um fenômeno semelhante aconteceu, em maior escala, nos períodos glaciais, quando a diferença de temperatura entre os polos e os trópicos era maior do que hoje. Isso gerou uma atmosfera mais dinâmica, em termos de ventos superficiais – observa o cientista.

 

Ele destaca que o aumento dos ventos ao redor da Antártica provocou um transporte maior de calor dos oceanos e continentes (América do Sul, Austrália e África) ao redor da Antártica. Por outro lado, este enorme sistema passa a funcionar como uma espécie de barreira para os ventos penetrarem dentro do continente antártico. Assim, o coração da Antártica está mais frio e suas bordas, mais quentes.

 

– Observamos que parte do Atlântico Sul começou a esquentar no final dos anos 70. Sabemos, através de modelos, que a intensificação dos westerlies tem uma influência muito poderosa sobre o Atlântico Sul, muda a estrutura de ventos, inclusive na costa do Brasil, por exemplo – salienta o pesquisador.

 

Para estudar o que acontece no oceano, os cientistas se valem de simulações numéricas. O processo ainda está em estudo. Mas os pesquisadores sabem que alterações na dinâmica desses ventos antárticos podem se propagar até o Brasil. Ao fazer isso, eles empurram colossais volumes de água oceânica. Literalmente, podendo empilhar água na costa do Brasil. Isso aumenta a pressão sobre a coluna d’água e faz com que a água se aqueça. A ação deste processo pode atingir a costa do Sudeste brasileiro.

 

– O aquecimento do Atlântico pode ter várias consequências para o Brasil, inclusive o aumento da evaporação e da chuva. E também biológicos, pois espécies de corais são sensíveis ao aumento da temperatura do mar.

 

O estudo está em curso, mas já revelou que há uma coincidência entre a intensificação dos westerlies, o aumento da temperatura do Atlântico e um declínio na taxa de crescimento dos corais de Abrolhos. Estamos investigando se há uma conexão neste processo, pois são temporalmente bem acoplados. Para Evangelista, é cedo para dizer se a mudança nos ventos aumentará a ocorrência e a intensidade de tempestades no Brasil. Porém, observa:

 

– Sabemos que a variabilidade do gelo marinho na Antártica tem relação com as frentes frias que atingem a costa brasileira.

 

Trabalhos como esse evidenciam que o sistema climático da Terra é tão complexo e dinâmico que é preciso olhar todo o planeta, quando queremos compreender o Brasil

 

– Não adianta olhar para os lugares de sempre. O planeta está conectado e em permanente transformação – diz. (Ana Lucia Azevedo / O Globo) http://oglobo.globo.com/ciencia/buraco-na-camada-de-ozonio-afeta-clima-no-rio-11939511#ixzz2wbVIZ7AI