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Informativo 580 – Guia; protetor solar poluente e pássaros revelam aprendizado da fala

1 – Inpa lança guia de plantas leguminosas do Alto Rio Negro

2 – Protetor solar é um poluente em ecossistemas marinhos

3 – Pássaros revelam à ciência mistérios do aprendizado da fala

 

1 – Inpa lança guia de plantas leguminosas do Alto Rio Negro

Resultado do Projeto Fronteira, desenvolvido entre 2007 e 2011, livro reúne dados sobre 125 espécies de plantas da família Fabaceae. A reportagem é da revista Exame
 
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) acaba de lançar o Guia da Biodiversidade de Fabaceae do Alto do Rio Negro, reunindo dados sobre 125 espécies de plantas da família Fabaceae. Resultado do Projeto Fronteira, desenvolvido entre 2007 e 2011 pelo instituto, a publicação contém informações e imagens que podem auxiliar estudantes e pesquisadores na realização de pesquisas aplicadas.
 
Os trabalhos de coleta foram feitos nos municípios de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas. “Para cada espécie apresenta-se o número de registro do herbário do Inpa, coordenadas geográficas do local da coleta, sinônimos botânicos, nomes populares com ênfase para as designações locais, indicativos do seu potencial de uso, complementados por informações de sua distribuição geográfica”, afirmou o pesquisador Luiz Augusto Gomes de Souza, autor da publicação.
 
As espécies de plantas da família Fabaceae (que incluem o feijão, o amendoim, a soja, a lentilha, entre outros) são mais conhecidas por terem o fruto em formato de fava ou vagem e pelo nome de leguminosas. Estima-se que a Amazônia abrigue, dessa mesma família, cerca de 2 mil espécies, incluindo árvores de 50 metros, ervas, arbustos e cipós.
 
“O levantamento dos recursos de biodiversidade em áreas pouco pesquisadas na Amazônia disponibiliza informações básicas indispensáveis para as pesquisas aplicadas de valoração de recursos vegetais e contribui para a conservação e preservação de sua variabilidade genética para o futuro”, disse Souza.
 
De acordo com ele, o principal valor econômico das leguminosas da Amazônia vem da madeira das plantas, além da produção de óleos, alimentos e medicamentos. O interesse em catalogar as espécies dessa família também se deu pela sua contribuição à produção agrícola, uma vez que são plantas adaptadas a solos ácidos e de baixa fertilidade.
 
A colaboração dos indígenas, segundo o pesquisador, foi de extrema importância para a localização e a descrição das espécies, pois algumas delas eram conhecidas somente pela população tradicional – e foram pouco pesquisadas como plantas de frutos comestíveis.
 
“Essa troca de conhecimento foi muito rica, o livro não teria existido sem essa colaboração”, afirmou Souza.
 
O livro on-line está disponível aqui.
 
(Revista Exame)
http://exame.abril.com.br/ciencia/noticias/inpa-lanca-guia-de-plantas-leguminosas-do-alto-rio-negro?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed%3A+Exame-GaleriaCiencia+%28EXAME+-+Ci%C3%AAncia%29

 

2 – Protetor solar é um poluente em ecossistemas marinhos

Pesquisadores espanhóis dizem que o problema é maior em regiões turísticas
 
Bom para pele, ruim para o mar. Os filtros solares usados na praia podem ter consequências nocivas para o ecossistema marinho, dizem pesquisadores do Conselho Superior de Pesquisa da Espanha. De acordo com eles, os produtos químicos presentes na fórmula destes produtos acabam sendo liberados na água, onde atuam como contaminantes. A poluição se agrava em regiões turísticas, relata o trabalho publicado na revista “PLoS ONE”.
 
Os especialistas analisaram a qualidade da água na Ilha Maiorca, a maior do arquipélago das Ilhas Baleares, na Espanha. Neste local, constataram uma fina camada de cosméticos na superfície.
 
As maiores concentrações de resíduos de protetores solares foram observadas entre 14h e 18h, quando há mais banhistas. Neste período, a quantidade pode ser até 90% maior do que a encontrada durante a noite ou nas primeiras horas da manhã.
 
O fitoplâncton marinho, os crustáceos, as algas e os peixes são os mais vulneráveis aos efeitos destes produtos, dizem os pesquisadores.
 
(O Globo)
http://oglobo.globo.com/ciencia/protetor-solar-um-poluente-em-ecossistemas-marinhos-9013701#ixzz2Z7bZ0Bfn

 

3 – Pássaros revelam à ciência mistérios do aprendizado da fala

Cientistas acreditam que aves e humanos compartilhem processos de assimilação
 
Meses após começarem a assimilar a linguagem, bebês começam a falar. Inicialmente eles balbuciam a mesma sílaba (“dá-dá”) ou sílabas em sequência (“dá-do-do-dá”). O que eles estão tentando fazer? E por que demoram tanto para começar a falar?
 
Compreensões desses mistérios estão vindo de uma fonte surpreendente: pássaros canoros.
 
Pesquisadores da linguagem infantil e peritos em canto de pássaros uniram-se em um estudo que sugere que aprender as transições entre as sílabas – do “dá” para o “do” e do “do” para o “dá” – são o obstáculo crucial entre balbuciar e falar.
 
– Descobrimos que o balbuciar não se resume a aprender sons, mas também as transições entre os sons – afirmou a principal autora, Dina Lipkind, pesquisadora de Psicologia do Hunter College, em Nova York.
 
Os resultados oferecem um insight em relação à aquisição da linguagem e podem ajudar a esclarecer alguns distúrbios da fala humana. O curioso é que, inicialmente, os cientistas responsáveis pelos achados não estavam estudando crianças, mas pássaros.
 
– Nunca pensei que iríamos aprender algo sobre a fala humana – afirmou Ofer Tchernichovski, pesquisador de canto de pássaros da instituição nova-iorquina.
 
Ele e Dina estavam ensinando jovens pássaros, vivendo em caixas à prova de som, a trocar a ordem das sílabas de suas canções. O canto dos pássaros é composto por sílabas sonoras distintas semelhantes à fala humana. Os pesquisadores reproduziram a canção de um pássaro adulto macho para ensinar aos pássaros jovens uma música, depois ensinaram outra composição com as mesmas sílabas numa ordem diferente.
 
Os pássaros somente aprendiam a música nova depois de um grande esforço – treinando milhares de vezes por dia durante semanas. A dificuldade sugeria que o bloqueio estava no aprendizado das transições.
 
Tchernichovski e Gary Marcus, que estudam o aprendizado da linguagem infantil na Universidade de Nova York, discutiram os resultados. Será que a dificuldade em dominar as transições nos pássaros canoros também é válida para crianças humanas?
 
Ao analisar um conjunto de gravações de balbucios, eles descobriram que quando um neném introduz uma nova sílaba ao repertório, primeiro tenta repeti-la (“bê-bê-bê-). Depois, a exemplo dos pássaros, começa a acrescentá-la ao início ou ao fim de sequências de sílabas (“bê-bá-bá- ou “bá-bá-bê-), terminando por intercalá-la entre outras sílabas (“bá-bê-bá-).
 
As constatações poderiam ajudar a explicar por que as crianças continuam a balbuciar mesmo após começar a compreender a fala, tornando a lacuna entre compreensão e fala um pouco menos misteriosa.
 
– O resultado muda nossa perspectiva sobre o que as crianças estão fazendo ao balbuciar – disse Marcus.
 
O estudo deve reanimar um debate delicado: será mesmo possível aprender sobre a fala a partir do canto dos pássaros?
 
Em termos evolutivos, pássaros e humanos são distantes, e os pássaros empregam o canto de um jeito diferente do que utilizamos na fala. Porém, nos últimos anos, cientistas constataram vários paralelos surpreendentes.
 
Sarah Woolley, pesquisadora de pássaros canoros da Universidade Columbia que não fez parte da equipe de estudo, concordou que os vínculos são intrigantes.
 
– Ninguém está afirmando que o canto dos pássaros é um tipo de fala, mas existem vários paralelos. Temos essa oportunidade de criar modelos sobre aprendizado vocal, testando como as regras funcionam com pássaros e fazendo predições de como os humanos aprendem.
 
Há quem questione se os pássaros canoros podem realmente nos dizer alguma coisa importante sobre a fala humana.
 
– A grande diferença entre o canto dos pássaros e a fala é que esta acaba por ter significado – ressalva Marilyn Vihman, linguista da Universidade de York, Inglaterra, ecoando os sentimentos de outros especialistas.
 
Mesmo assim, os pesquisadores do canto de pássaros têm esperanças de que sua intuição, no fim das contas, esteja certa.
 
Cantando juntos: há paralelos entre a vocalização dos pássaros e a fala nos humanos
 
COMPORTAMENTO
Pássaros e humanos enfileiram “sílabas” em frases, “balbuciam” durante um período crítico do aprendizado e são “alunos vocais” – enquanto os pássaros aprendem a cantar com um pássaro tutor, as crianças aprendem a falar com os pais.
 
NEUROLOGIA
Pássaros e humanos parecem dividir estruturas cerebrais cruciais para a canção e a fala.
 
GENÉTICA
Pássaros e humanos compartilham elementos como o gene FOXP2, que causou grande impacto uma década atrás quando foi identificado como o responsável por um distúrbio da fala misterioso de uma família humana.
 
(Tim Requarth e Meehan Crist New Yor Times / Zero Hora)
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/planeta-ciencia/noticia/2013/07/passaros-revelam-a-ciencia-misterios-do-aprendizado-da-fala-4199683.html