1 – Cientistas alertam para derretimento da maior plataforma de gelo da Antártida
2 – Biólogos da UFRJ iniciam nova pesquisa com esponjas calcárias
3 – Projeto ambiental lança documentário sobre a biodiversidade de arquipélago do litoral carioca
1 – Cientistas alertam para derretimento da maior plataforma de gelo da Antártida
Aquecimento global pode fazer plataforma de Ross desmoronar, elevando o nível dos oceanos e levando à transferência da população para terrenos mais elevados
Nancy Bertler e sua equipe levaram um freezer ao lugar mais frio da Terra, enfrentaram semanas em um modo de vida primitivo e arriscaram passar o inverno na escuridão antártica para buscar gelo – gelo que registra o passado do nosso clima e pode apontar para o seu futuro.
Os cientistas perfuram centenas de amostras de gelo na ilha Roosevelt, na Antártida. As amostras, que podem totalizar 150 mil anos de neve, quase não resistiram à viagem de barco até a Nova Zelândia devido a uma queda de energia. A pesquisadora espera que o material permita estimar por quanto tempo a plataforma de gelo Ross (a maior do mundo) duraria no ritmo atual das mudanças climáticas antes de desmoronar.
Evidências apontam que a camada de gelo conta com sedimento marinho formado recentemente – em termos geológicos, avaliado em milhares de anos. Isso elevaria as suspeitas de que a plataforma de gelo pode sucumbir novamente caso as temperaturas globais continuem subindo, desencadeando uma série de eventos que levaria ao aumento do nível dos oceanos ao redor do planeta.
“Do ponto de vista científico, isso é muito animador. Do ponto de vista pessoal, é muito assustador”, afirmou Bertler, pesquisadora da Universidade Victoria de Wellington.
A plataforma de gelo funciona como uma barreira natural que protege imensas quantidades do material na Antártida Ocidental, e esse gelo pode cair no oceano caso a plataforma desmorone. Cientistas dizem que a Antártida Ocidental tem gelo o suficiente para aumentar o nível dos mares entre dois e seis metros, se partes significativas desabassem.
Na pior das hipóteses, esse processo levaria pelo menos 500 anos. A descoberta de sedimento pode indicar, porém, que uma parte importante da plataforma de gelo está ameaçada de ficar novamente instável – e as consequências do derretimento de gelo na Antártida Ocidental seriam “enormes”.
A equipe espera que o material recuperado contribua para que se estime, até o final de 2013, se vai levar 50 ou 500 anos para a plataforma de gelo ruir, no ritmo atual de mudanças climáticas. Essa descoberta devem fornecer informações importantes para a política – já que, segundo a cientista Nancy Bertler, podem ter de decidir se deverão ser construídos grandes diques ou se vai ser necessário mover as populações para terrenos mais elevados.(Portal Terra)
2 – Biólogos da UFRJ iniciam nova pesquisa com esponjas calcárias
Expectativa é descobrir diversas espécies novas para a ciência
Pouco conhecidas até por alguns biólogos, e correndo risco de extinção por conta das mudanças climáticas e da poluição marinha resultante da ocupação desordenada da região costeira, as esponjas da classe Calcarea estão sendo catalogadas em estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Biologia de Porifera da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LaBiPor/IB-UFRJ). Elas recebem este nome porque têm o esqueleto composto por espículas de carbonato de cálcio. “A expectativa é descobrir diversas espécies novas para a ciência”, informa a responsável técnica da pesquisa e bióloga Fernanda Correia Azevedo, com base na triagem que foi realizada dos 200 exemplares coletados em diferentes praias e ilhas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Santa Catarina.
Com o apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, esse estudo preencherá importantes lacunas no conhecimento da biodiversidade e da distribuição desses animais marinhos nas águas costeiras do país. Será realizada a classificação das espécies com o auxílio de técnicas moleculares e serão elaborados mapas da distribuição atual delas.”A partir de fragmentos do DNA dessas esponjas, será possível identificar as espécies ainda desconhecidas com maior precisão, já que elas têm uma variabilidade morfológica considerável de acordo com as condições ambientais”, destaca a bióloga, que faz pós-doutorado no Departamento de Zoologia, do IB-UFRJ.
Outro desafio da pesquisa será a produção dos mapas que irão ampliar o conhecimento das áreas de endemismo marinhas. “A partir dos resultados, será possível auxiliar o desenvolvimento de políticas e estratégias para a delimitação de áreas prioritárias para a conservação de ecossistemas marinhos brasileiros e de seus recursos naturais, porque iremos conhecer a composição faunística e a distribuição limite das espécies nativas”,explica Fernanda Azevedo.
Riscos para as esponjas calcárias
Como o esqueleto das esponjas calcárias é formado por carbonato de cálcio, elas sofrem impacto negativo ou até mesmo risco de extinção devido ao aumento da acidificação dos oceanos, em consequência do aumento nas emissões de CO2, previsto pelo NOAA (NationalOceanic and Atmospheric Administration) para os próximos 100 anos. “As espículas desses organismos poderão ficar fragilizadas, dificultando a sustentação das esponjas”, relata a bióloga Fernanda Azevedo.
A poluição marinha gerada pela ocupação desordenada da região costeira e a chegada de espécies invasoras deixam o cenário futuro ainda mais dramático. Elas são pequenas, desprovidas de cor na maioria das vezes, mas têm uma importância considerável como bioindicadores de poluição e servem de alimento para animais marinhos como lesmas do mar, tartarugas e peixes, por exemplo, e como abrigo para vários outros organismos.
No estudo preliminar “Potencial invasor de espécies exóticas de esponjas marinhas nas ilhas oceânicas brasileiras” – também patrocinado pela Fundação Grupo Boticário e liderado pela coordenadora do Laboratório de Biologia de Porifera da UFRJ, Michelle Klautau – os pesquisadores observaram espécies de origem desconhecida, encontradas principalmente em regiões portuárias na costa brasileira. “Percebemos espécies supostamente introduzidas, cujos aspectos biológicos são diferentes das nativas da costa brasileira”.Ainda não se sabe se essas supostas espécies introduzidas causarão prejuízos para o ambiente, visto que não têm predadores naturais. “No Mar Mediterrâneo, uma das espécies que também ocorre aqui é considerada introduzida e suas populações já afetam o cultivo de ostras”, explica a bióloga Fernanda Azevedo.
Previsão dos resultados
Estão previstos para o final de 2013 os resultados conclusivos dessa pesquisa, que tem como título “Biodiversidade e padrões de endemismo de esponjas calcárias na costa brasileira”. As amostras foram coletadas recentemente e fazem parte da coleção oficial doLaBiPor/IB- UFRJ. O projeto conta com o apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e tem como instituição responsável a Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN/UFRJ), uma instituição sem fins lucrativos. (Assessoria de Imprensa da Associação Amigos do Museu Nacional)
3 – Projeto ambiental lança documentário sobre a biodiversidade de arquipélago do litoral carioca
O filme “Ilhas Cagarras – Monumento Carioca” foi produzido pelo projeto Ilhas do Rio, que conta com o patrocínio do programa Petrobras Ambiental
Universidades, escolas, museus e bibliotecas do Rio de Janeiro estão recebendo, gratuitamente, um DVD que explica a biodiversidade das Ilhas Cagarras, arquipélago desabitado que é a primeira e única unidade de conservação marinha do litoral carioca na proximidade da Praia de Ipanema. Lançado em janeiro deste ano, o documentário Ilhas Cagarras – Monumento Carioca foi produzido pelo projeto Ilhas do Rio, que conta com o patrocínio do programa Petrobras Ambiental. Juntamente com o DVD, foi lançado um livro com 300 páginas de imagens e resultados científicos do projeto.
“A ideia principal é apresentar as atividades de pesquisas que vêm sendo feitas nas ilhas e que já revelaram a existência no arquipélago de espécies até então desconhecidas pela ciência”, disse o biólogo Carlos Rangel, coordenador do projeto ambiental. Segundo ele, as Cagarras abrigam o segundo maior ninhal de fragatas da América Latina, com cerca de 5 mil aves da espécie.
De acordo com o levantamento, foram registradas 140 espécies de peixes na costa das Ilhas Cagarras, que com uma vegetação semelhante à de restinga têm 175 espécies de ervas e árvores, entre elas a gymnanthesnervosa, que não é registrada no município do Rio de Janeiro desde a década de 1940. No cume de uma das ilhas, a Redonda, foi descoberto um sítio arqueológico com artefatos dos índios tupis-guaranis.
Toda esta biodiversidade está no documentário de cerca de 3 minutos, que inclui imagens subaquáticas em três dimensões (3 D). Segundo Rangel, o filme vem sendo exibido em sessões na Colônia de Pescadores do Posto 6, em Copacabana, onde o projeto criado pela organização não governamental (ONG) Instituto Mar Adentro promove cursos e palestras. “Os cursos de educação ambiental são destinados principalmente aos pescadores da colônia, já que eles se aproximam com seus barcos do arquipélago”, disse Carlos Rangel. (Paulo Virgilio / Agência Brasil)