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Informativo 559 – Método para reduzir CO2; Rochas e Dinheiro para floresta

1 – Cientistas estudam ouriços marinhos e criam método para reduzir CO2

2 – Rochas dão indícios de consequências do aquecimento global

3 – Dinheiro para floresta não chega ao País

 

1 – Cientistas estudam ouriços marinhos e criam método para reduzir CO2

Um estudo com ouriços do mar permitiu que uma equipe de cientistas britânicos desenvolvesse um novo método para reduzir o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, o principal causador da mudança climática.

Pesquisadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, descobriram que os ouriços utilizam níquel para aproveitar o CO2 do mar e fabricar suas carapaças calcárias, segundo estudo publicado nesta terça-feira (5) pela revista “Catalysis Science & Technology”.

A física Lidija Siller afirmou que a descoberta aconteceu “totalmente por acaso”, quando foram acrescentadas pequenas partículas de níquel a uma solução de água com CO2. Como resultado, os cientistas observaram o dióxido de carbono desaparecer completamente da solução.

A pesquisa revela que, na presença de um catalisador de níquel, o CO2 se transforma em carbureto de cálcio ou de magnésio, um mineral inócuo presente na crosta terrestre e que é utilizado no setor da construção para fabricar cimento e outros materiais, além de ser usado em hospitais para fazer gesso.

O método idealizado pelos especialistas britânicos consiste em fazer com que o CO2 liberado na atmosfera pelas indústrias passe diretamente da chaminé da fábrica para uma coluna de água rica em nanopartículas de níquel, fazendo com que o carbureto de cálcio sólido (principal componente do giz) possa ser recuperado ao se depositar no fundo.

“Este processo não funcionaria em todos os casos, uma vez que não dá para adaptá-lo ao tubo de escape de um automóvel. Mas essa é uma solução efetiva e barata para algumas de nossas indústrias mais poluentes e poderia ter um impacto significativo na redução do CO2 na atmosfera”, acredita Siller.

Atualmente, as propostas para se desfazer do dióxido de carbono consistem em capturá-lo e injetá-lo sob terra em formações rochosas, algo que pode ser perigoso caso sejam produzidos escapes.

A alternativa é transformar o CO2 em carbureto de cálcio ou de magnésio, o que já pode ser feito empregando uma enzima de anidrase carbônica, que tem um papel importante no transporte de dióxido de carbono e controle do nível de pH.

O problema é que essa enzima é efetiva durante pouco tempo e torna-se inativa em meios ácidos, fazendo desse sistema milhares de vezes mais caro do que o níquel, afirma o principal autor do estudo, Gaurav Bhaduri.

“A beleza de um catalisador de níquel é que ele segue funcionando independentemente do pH. Graças às propriedades magnéticas, ele pode ser recuperado e utilizado várias vezes. Além disso, o produto derivado do carbureto é útil e inócuo para o meio ambiente”, disse o pesquisador. (Portal G1).

 

2 – Rochas dão indícios de consequências do aquecimento global

Pesquisa tenta determinar até que altura os oceanos poderão subir em um mundo mais quente
Uma equipe de cientistas percorreu uma estrada de terra em dois carros. Depois de procurar o dia todo por antigas praias a quilômetros de distância do atual litoral, eles estavam quase desistindo. De repente, o carro da frente parou. Paul J. Hearty, um geólogo da Carolina do Norte, saltou e apanhou um objeto branco ao lado da estrada: uma concha fossilizada. Ele sorriu. Em poucos minutos, a equipe tinha coletado outras dezenas de conchas.

Usando equipamentos via satélite, eles determinaram que estavam a 11 quilômetros do litoral e a 19 metros acima do litoral moderno da África do Sul. Para a chefe da equipe, Maureen E. Raymo, da Universidade Columbia em Nova York, a descoberta foi uma pista importante. Sua pesquisa tenta determinar até que altura os oceanos poderão subir em um mundo mais quente.

A questão adquiriu nova urgência depois do furacão Sandy, que causou inundações costeiras nos Estados Unidos. Segundo cientistas, certamente a tempestade foi agravada pela elevação do nível do mar no último século. Esse tipo de maré de tempestade, segundo especialistas, poderá tornar-se rotineiro nos litorais no final deste século se o oceano subir com a velocidade que eles preveem.

Uma quantidade suficiente de gelo polar derrete quando a temperatura da Terra aumenta apenas alguns graus, podendo elevar o nível marinho global de 7,5 metros a 9 metros. Mas, no próximo século, a temperatura da Terra deverá aumentar quatro ou cinco graus, por causa do aumento do nível de dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa.

Especialistas dizem que as emissões desses gases, que deverão causar um grande aumento do nível do mar, poderão ocorrer nas próximas décadas. Eles temem que, como os litorais do mundo são densamente povoados, a ascensão dos oceanos provoque uma crise humanitária que dure séculos. “Eu gostaria de poder levar comigo para o campo as pessoas que questionam a importância do aumento do nível do mar”, disse Raymo.

O registro fóssil não indica nada parecido com o rápido lançamento de gases do efeito estufa de hoje e suas consequências para o aumento da temperatura do planeta. “Absolutamente, inequivocamente, a natureza já mudou antes”, disse Richard B. Alley, um climatologista da Universidade Estadual da Pensilvânia. “Mas parece que vamos fazer algo maior e mais rápido do que a natureza já fez.”

Raymo está tentando encontrar uma era com temperaturas que reflitam as esperadas até 2100. Ela concentra-se no período pliocênico, 3 milhões de anos atrás. O dióxido de carbono no ar então parece ter sido cerca de 400 partes por milhão –um nível que será alcançado novamente nos próximos anos, depois de dois séculos de queima de combustível fóssil.

Ela e sua equipe dirigiram centenas de quilômetros ao longo das costas sul e oeste da África do Sul procurando praias pré-históricas. A equipe localizou praias supostamente do Plioceno em locais de 11 a 33 metros acima do nível atual do mar. Em um trabalho semelhante na Austrália e na costa leste dos EUA, pesquisadores encontraram praias do Plioceno de dez metros a até 88 metros acima do nível do mar.

Parte da explicação para essas elevações variáveis, diz a doutora Raymo, é que a própria Terra movimentou-se de maneira desigual nos últimos 3 milhões de anos. “Uma grande parte da tarefa que temos é elucidar essa dança que a crosta da Terra faz com o nível do mar”, disse Raymo.

Sua equipe pretende coletar medições da maioria dos continentes. Eles esperam chegar ao número mágico que a doutora Raymo chama de “pliomax” –a ascensão máxima do nível do mar global durante o Plioceno.

As estimativas anteriores do nível do mar nesse período geológico variam de 4,5 a 39 metros acima do oceano atual. Se o trabalho de Raymo confirmar as estimativas mais altas, ele poderá indicar que a camada de gelo no leste da Antártida –o maior bloco de gelo do mundo, contendo água suficiente para elevar o nível do mar em 54 metros,– também é vulnerável à fusão. Os cientistas não compreendem totalmente o porquê.

Assim, o projeto poderá definir um limite de quanto o oceano poderá subir se as temperaturas aumentarem como se espera neste século.

Pesquisa recente sugere que a elevação provável será de quatro metros até 2300, inundando regiões costeiras em todo o mundo.

Se a elevação for mais lenta do que o esperado, a população terá tempo para se adaptar. Mas muitos cientistas temem que seus cálculos tenham sido conservadores demais.

“A cada ponto, conforme nosso conhecimento aumenta, sempre descobrimos que o sistema climático é mais sensível do que pensávamos, não menos”, disse a doutora Raymo. (Folha de São Paulo/Edição New York Times)

 

3 – Dinheiro para floresta não chega ao País

Dos recursos com¬prometidos por doadores entre 2009 e 2012 para preservar florestas que ainda estão em pé e evitar emissão de gases causadores do efeito estufa, somente 39% foram de¬sembolsados
Cerca de US$ 366 milhões pre-vistos em acordos internacio-nais para evitar a extinção de florestas no Brasil ainda não chega-ram ao destino. Apesar disso, o País tem uma taxa de aproveita-mento dos recursos mais alta que outras nações que também possuem florestas tropicais e desenvolvem ações de Redu-ção das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (Redd+). Burocracia excessiva é uma das causas para a demora na liberação do dinheiro.

Resultados preliminares de um estudo em curso no Insti-tuto de Conservação e Desen-volvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) mos-tram que, dos recursos com-prometidos por doadores entre 2009 e 2012 para preservar florestas que ainda estão em pé e evitar emissão de gases causadores do efeito estufa, somente 39% foram, de fato, de-sembolsados.

Dos US$ 597 milhões acorda-dos com quatro fundações priva-das e cinco órgãos governamen-tais (dos EUA e da Europa) para florestas brasileiras, apenas US$ 231 milhões foram desembolsa-dos pelos doadores. A maior par-te dos recursos foi para ONGs e governos, para divulgar o debate sobre Redd+ e capacitar comuni-dades atingidas (como índios), além de criar políticas públicas.

Os valores foram atualizados em janeiro pelo Idesam. Ao lon-go do ano, a relação deve se alte-rar porque as quantias são revisa-das constantemente até a con-clusão do estudo, em 2015.

Apesar de estar abaixo da meta-de, a taxa brasileira é superior à do Vietnã (18%), Gana (3%) e Equa-dor (1%), onde os recursos demo-ram mais a chegar. O Brasil rece-be quantia bastante superior: o se-gundo colocado é Gana, que deve receber U$ 574 milhões.

Processo. Para chegar à propor-ção, os pesquisadores do Idesam mapearam mais de 115 parcerias estabelecidas entre quatro fun-dações privadas e cinco entes go-vernamentais (os doadores) com instituições estatais do Bra-sil, empresas e organizações não governamentais (os recebedo-res de recursos para aplicação). Os pesquisadores entrevistaram representantes das instituições e analisaram dados financeiros.

Um dos objetivos era identifi-car qual relação entre doador/beneficiário é mais efetiva e sugerir que o modelo seja adotado na Convenção do Clima.

Segundo o pesquisador e se-cretário adjunto do Idesam, Mariano Cenamo, a pesquisa indica como causa para o atraso a lenti-dão na liberação do dinheiro e dificuldade de cadastramento dos projetos. “Há burocracia e procedimentos complexos na contratação e análise dos proje-tos por parte dos doadores e bai-xa capacidade dos recebedores em gastar o dinheiro e prestar contas das atividades.”

O diretor executivo do Institu-to de pesquisa Ambiental da Ama-zônia (Ipam), Paulo Moutinho, lista outros motivos: ineditismo e ausência de marco regulatório. “Pelo fato de ser pioneiro e inédi-to e o Brasil ser o País mais avan-çado a fazer isso, encontramos uma certa dificuldade de desem-bolso”, diz.

“Há uma certa demora do go-verno em implementar a estraté-gia de Redd+. Ele tem a obriga-ção de fazer a regulamentação, que é uma política pública para distribuição de renda e conserva-ção de florestas. Enquanto ficar na abordagem de projeto por projeto, sem parâmetros e referên-cia, corremos o risco de perder oportunidades e benefícios.”

Não existe uma regulamenta-ção nacional de como o merca-do de Redd+ vai funcionar no País. Há pelo menos dois pro-jetos de lei em tramitação no Congresso Nacional.

O Ministério do Meio Am-biente não se manifestou so-bre o estudo. Disse que elabo-ra um documento que pode ser colocado em consulta pú-blica este ano, com as diretri-zes para o Redd. (Felipe Frazão, com colaboração de Bruno Deiro – O Estado de São Paulo)