1 – 2012 confirma tendência global de aquecimento, diz Nasa
2 – País vai mapear cavalos-marinhos
3 – Redução imediata de CO2 pode evitar enchentes e secas
1 – 2012 confirma tendência global de aquecimento, diz Nasa
Relatório mostra que ano passado foi o nono mais quente já registrado e mantém trajetória de alta das temperaturas nas últimas décadas
Um novo estudo da Nasa confirmou o que outros dados já indicavam: a temperatura na Terra mantém uma tendência firme de alta, com 2012 sendo o nono ano mais quente desde 1880, quando os registros começaram.
As conclusões são dos últimos dados divulgados pelo Giss (Instituto Goddard para Estudos Espaciais), que monitorou a temperatura de 2012 e a comparou com a de todos os anos anteriores.
A análise mostrou que a Terra experimenta um aquecimento mais acelerado do que em décadas anteriores.
A média de temperatura em 2012 foi de 14,6º C, cerca de 0,6º C mais quente do que em meados do século 20. Segundo a nova análise, a temperatura média mundial já subiu 0,8º C desde 1880.
Ano a ano, tem havido uma tendência expressiva de alta. Excluindo-se 1988, os nove anos mais quentes dentre os 132 avaliados aconteceram desde o ano 2000, com 2010 e 2005 encabeçando a lista de recordes de calor.
“Os números de mais um ano, por si mesmo, não significam nada”, diz o climatologista do Giss Gavin Schmidt.
“O que importa é que esta década está mais quente do que a última, que por sua vez já foi mais quente do que sua anterior. O planeta está esquentando, e a razão para isso é que nós estamos jogando quantidades crescentes de dióxido de carbono na atmosfera”, completou o cientista, em nota divulgada pela agência espacial americana.
As informações usadas pelo Centro Goddard foram recolhidas em mais de mil estações meteorológicas em todo o mundo, além de observações de satélite e centros de pesquisa.
O documento destaca ainda as temperaturas extremas nos Estados Unidos.
Em 2012, a parte continental do país registrou as temperaturas mais elevadas de toda sua história. (Folha de São Paulo)
2 – País vai mapear cavalos-marinhos
O estudo que será desenvolvido em 2013, financiado pela Fundação Boticário de Proteção à Natureza, terá ainda a missão de servir como base para o desenvolvimento de técnicas de criação em cativeiro.
Um projeto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) vai produzir a partir deste ano o primeiro mapa detalhado das espécies de cavalo-marinho na costa brasileira. A análise genética deve nortear as políticas de proteção desse tipo de peixe, cuja cota de exportação autorizada pelo Ibama caiu em uma década de 5 mil para apenas 250 exemplares anuais por pescador por causa do excesso de exploração.
Pioneira no estudo de cavalos-marinhos no País, a pesquisadora Irecê Rosa afirma que as características do animal não permitem uma exploração intensa sem técnicas adequadas. “No Brasil eles estão espalhados por quase toda a costa, mas não há grandes cardumes. O máximo que vimos foram sete indivíduos juntos”, diz a professora, que coordena os trabalhos do Laboratório de Peixes – Ecologia e Conservação (Lapec) da UFPB. “Para fazer uma boa gestão pesqueira é preciso conhecer onde começa e onde termina seu estoque. Com este estudo será possível determinar a diversidade biológica destes animais.”
Ela afirma que, desde 1999, quando iniciou as pesquisas no País após concluir um doutorado no Canadá sobre o assunto, tem verificado uma queda na quantidade desses peixes na costa. “Quando comecei, não havia quaisquer estudos feitos com as populações selvagens de cavalos-marinhos ou dados consistentes de extração e comercialização”, afirma. “A gente sabe do declínio a partir de indicadores históricos, como o esgotamento em algumas regiões. Mas não é possível saber ao certo quantos animais há no mar.”
Redução. Em um trabalho de 2011 sobre a pesca e o comércio de cavalos-marinhos no País, ela cita vários pescadores que afirmam que na década de 1990 conseguiam capturar até 500 animais por dia, com grande variedade de cores. Dez anos depois, mal conseguiam encontrar seis exemplares no mesmo local. “Os ambientes costeiros têm sofrido grande pressão por causa da urbanização e da poluição. No Nordeste, por exemplo, onde a densidade maior é nos manguezais, há degradação dos habitats naturais”, afirma Irecê.
Incluídas em 2004 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) na lista de espécies aquáticas ameaçadas pela superexploração, as duas espécies de cavalos-marinhos (Hippocampus reidi e Hippocampus erectus) ganharam uma proposta de plano de gestão em 2011, que ainda não teve resultados práticos.
Mesmo sem dados detalhados sobre a pesca e a comercialização dos animais, o Ibama reduziu drasticamente a cota de exportação. “Em 1999 havia a possibilidade de cada exportador remeter anualmente ao exterior 5 mil exemplares. Como duas espécies eram passíveis de exportação, o número era, de fato, de 10 mil exemplares por ano, por exportador”, explica a professora Irecê. “Era um número que não condizia com o que a gente via na água.”
Segundo os registros mais recentes da Convenção sobre Acordos Internacionais de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Selvagens (Cites, na sigla em inglês), foram 3.090 exemplares exportados de forma legal no País em 2010.
O estudo que será desenvolvido em 2013, financiado pela Fundação Boticário de Proteção à Natureza, terá ainda a missão de servir como base para o desenvolvimento de técnicas de criação em cativeiro. “Ainda não temos know-how para produzir em grande escala”, explica Irecê. “A intenção é criar um protocolo de cultivo de cavalos-marinhos que seja viável dos pontos de vista biológico e econômico, e pautado pela responsabilidade socioambiental.” (Bruno Deiro – O Estado de São Paulo)
3 – Redução imediata de CO2 pode evitar enchentes e secas
Paris – Milhões de pessoas podem ser poupadas de secas e enchentes até 2050 se houver uma redução das emissões de gases do efeito estufa em 2016 em vez de em 2030, afirmaram cientistas neste domingo.
Especialistas britânicos e alemães explicaram que a redução imediata nas emissões poderia retardar alguns impactos por décadas e prevenir outros por completo.
Em 2050, um planeta se encaminhando para um aquecimento de 2 a 2.5º Celsius pode ter em 2100 duas possibilidades muito distintas, dependendo do caminho que se tome para chegar até lá, alertam em seu estudo publicado no jornal Nature Climate Change.
Políticas que reduzam as emissões de carbono em 2016 em 5% por ano podem poupar entre 39 e 68 milhões de pessoas de serem expostas a um maior risco de escassez de água em 2050, segundo Nigel Arnell da Universidade de Reading.
Entretanto, esse é o melhor cenário possível. Por outro lado, se as emissões caírem 5% anualmente a partir de 2030, o número de pessoas que escapariam desse risco seria de 17 a 48 milhões.
No cenário da redução a partir de 2016, de 100 a 161 milhões de pessoas poderiam ser poupadas de inundações. Comparado a isso, no cenário de 2030, o número de pessoas beneficiadas seria de 52 a 120 milhões, indicou Arnell, diretor do Instituto Walker de mudanças climáticas da universidade.
“Basicamente, em 2050, a política de 2030 teria entre metade e dois terços dos benefícios da melhor política (2016)”, embora ambas apontem para uma mudança de temperatura similar, de 2 a 2.5º C em 2100.
“Você pode atingir o mesmo ponto (de temperatura) no fim do século, mas… os danos causados no caminho até esse ponto podem ser muito diferentes”.
Em um cenário sem restrições nas emissões, as temperaturas poderiam aumentar em 4 a 5.5º C, de acordo com a pesquisa, que afirma ser a maior sobre os benefícios de se evitar os impactos das mudanças climáticas.
Com uma média de aquecimento global de 4º C, cerca de um bilhão de pessoas poderiam ter menos água em 2100 do que têm hoje, e 330 milhões poderiam ser submetidas a grande risco de enchentes, disse Arnell em um comunicado.
Uma redução em 2016 parece improvável, com as nações buscando adotar um novo pacto global sobre o clima em 2015 para entrar em vigor até cinco anos depois.
A última rodada das Nações Unidas de debates sobre o clima em Doha, no Qatar, em dezembro, fracassou na tentativa de impor antes de 2020 cortes nas emissões de países que não haviam assinado o Protocolo de Kyoto, ainda que cientistas tenham alertado que a concentração de carbono na atmosfera continua aumentando.
Três dos quatro maiores poluidores do mundo – China, Estados Unidos e Índia – estão entre os que não se comprometeram a limitar as emissões.
Diversos pesquisadores acreditam que a Terra terá um aquecimento muito além dos 2º C da meta da ONU em níveis pré-industriais.
“Claro que reduzir a emissão de gases estufa não vai impedir por completo os impactos do aquecimento global, mas nossa pesquisa pode dar tempo para a elaboração de prédios, sistemas de transporte e de agricultura melhor adaptados às mudanças climáticas”, disse Arnell. (Correio Braziliense e France Presse)