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Informativo 552 – PNUMA e recorde

1 – Pnuma destaca experiências exitosas do Brasil para diminuir o desmatamento

2 – Terra atinge recorde na emissão de gases do aquecimento global

 

1 – Pnuma destaca experiências exitosas do Brasil para diminuir o desmatamento

As conquistas brasileiras de redução do desmatamento ilegal, principalmente na região da Amazônia, foram apontadas hoje (21), em Londres, como um exemplo a ser seguido por todos os países do mundo.
Ao alertar para a impossibilidade de manter a elevação de temperatura abaixo dos níveis ideais para minimizar os impactos do aquecimento global, o relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) indica, pela primeira vez, experiências exitosas que deveriam ser adotadas pela comunidade internacional.

No caso brasileiro, o estudo destaca que as medidas de controle e fiscalização do crime ambiental nas florestas do país resultaram na redução da derrubada de árvores. Na Amazônia Legal, por exemplo, o tamanho do desmatamento caiu de 29 mil quilômetros quadrados (km²) em 2004, para 6,4 mil km² esse ano.

O levantamento do Pnuma será um dos instrumentos usados pelos negociadores na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP18, que ocorrerá no Catar, a partir da próxima semana.

Os investimentos em florestas e na criação de áreas protegidas na Costa Rica também foram destacados no estudo. De acordo com os dados divulgados pelo Pnuma, o país conseguiu ampliar a conservação da biodiversidade, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e associando essa medida à atração de novos recursos para o país, com a vinda de turistas curiosos em visitar esses locais.

Segundo os pesquisadores, com essas ações, Brasil e Costa Rica conseguiram antecipar os resultados da Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, a chamada Redd, na sigla em inglês. A medida é um dos pontos polêmicos a serem tratados na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Nas últimas semanas, o governo brasileiro tem ressaltado a importância da regulamentação internacional do mecanismo que está no centro das polêmicas nas discussões sobre clima. O Redd funcionaria como uma compensação financeira para os países em desenvolvimento ou para comunidades específicas desses países, pela preservação de suas florestas. Mas, segundo o governo brasileiro, apesar de todos os avanços conquistados, a única compensação real até o momento são os recursos do Fundo Amazônia.

O fundo foi criado em 2008 para captar doações para investimentos em prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e para a conservação e o uso sustentável das Floresta Amazônica.

No relatório, o Pnuma ainda cita outras “ações inspiradoras” que foram implementadas internamente e voluntariamente por vários países – com destaque para Alemanha e Brasil, principalmente, em setores como o de eficiência energética de edifícios, redução de emissões de veículos e investimentos em fontes de energia renovável.
(Agência Brasil)

 

2 – Terra atinge recorde na emissão de gases do aquecimento global

Concentração de CO2 faz aumentar incidência de eventos extremos.
A emissão de gases-estufa na atmosfera atingiu um novo recorde no ano passado, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). A liberação de CO2 atingiu 391 partes por milhão (ppm). Estima-se que, se este número chegar a 400 ppm, 90% dos recifes de corais, lar de grande parte da biodiversidade marinha, estariam comprometidos.

A relação entre os dois índices deve-se ao fato de os mares serem os maiores sorvedouros de CO2. Desde o início da era industrial, por volta de 1750, 375 bilhões de toneladas de gás carbônico foram lançadas na atmosfera. Metade ficou no globo; sendo a maior parte nos oceanos – um percentual menor foi recolhido pelas florestas do planeta.

A outra metade, no entanto, está na atmosfera, serve como um cobertor ao planeta, esquentando-o e dando margem a previsões cada vez mais pessimistas. O recorde na liberação de CO2 encontrado pela OMM corrobora um outro estudo, divulgado segunda-feira, pelo Banco Mundial. A organização alertou que, mantida a inércia atual, a Humanidade caminha para a liberação de 800 ppm em meados do século, o que aumentaria a temperatura global em 4º C.

Especialistas de ambas as entidades são descrentes em relação às decisões que podem ser tomadas na 18ª Conferência do Clima (COP), em Doha, na semana que vem. “A conferência é discussão política. Existe uma discussão global, mas ninguém abdica dos interesses nacionais”, lamenta Antônio Divino Moura, diretor do Instituto Nacional de Meteorologia e primeiro-vice-presidente da OMM. “Em cada reunião há um certo avanço, mas nunca é tanto quanto queríamos.”

É na COP que governantes decidem como vão se comprometer com metas estabelecidas pelos cientistas. Em relação à emissão de CO2, o ideal seria restringi-las a 350 ppm. Dessa forma, a temperatura global não subiria mais do que 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais. Estes objetivos, porém, já são encarados com ceticismo.

“O problema todo é que a energia mais barata e poluente vem do combustível fóssil”, salienta Divino Moura. “As energias alternativas, como a eólica e a solar, auxiliam parcialmente, mas não servem para todos. Por isso um acordo é adiado em todas as reuniões.”

Especialista em mudanças climáticas e administração da gestão de riscos de desastres do Banco Mundial, o queniano Erick Fernandes revela que o Banco Mundial, que atua apenas como observador nas COPs, ainda não sabe explicar por que a incidência de eventos extremos aumentou tão drasticamente nas últimas décadas – entre os exemplos estão o revezamento de grandes estiagens com enchentes na Amazônia desde 2005, a onda de calor na Rússia em 2010 e a tempestade Sandy, no mês passado, nos EUA.

“Por enquanto, o objetivo foi ver o que dizem as pesquisas”, ressalta. “Em até dois meses, veremos os impactos, talvez separadamente em cada parte do globo. Já se sabe que o Sandy pode ter custado até US$ 50 bi para Nova York. Queremos medir o prejuízo causado por outros extremos.” (O Globo)