1 – Antártica ameaçada
2 – Reitores federais querem novo plano de expansão
1 – Antártica ameaçada
Pesquisadores descobrem imensa bacia de gelo subaquática no Polo Sul e observam que ela corre o risco de derreter devido ao aquecimento do oceano. Com isso, o clima da região pode mudar e grandes icebergs devem ser lançados ao mar.
Mesmo 100 anos depois de o primeiro conquistador ter chegado à Antártica, a região no extremo sul do planeta continua desconhecida e cheia de mistérios. Duas pesquisas publicadas nas revistas Nature e Nature Geoscience desta semana afirmam ter desnudado um dos tantos enigmas que cercam o continente gelado. Cientistas britânicos e alemães afirmam ter obtido informações preciosas sobre uma gigantesca plataforma submersa, abaixo do Mar de Weddell, uma das menos conhecidas do território.
A notícia, porém, não é tão boa: com uma extensão que varia entre 100 km e 200 km, essa plataforma está sob ameaça pelo aquecimento das águas. Além disso, a outra pesquisa, feita por especialistas alemães, mostrou que, com o aumento da temperatura dos oceanos previsto até o fim do século, a região corre grande risco de se soltar do continente, bagunçando o clima da região e formando enormes icebergs.
O pesquisador Martin Siegert, da Universidade de Edimburgo, conta que boa parte da região é coberta de gelo. Mas análises feitas a bordo de helicópteros munidos de equipamentos de ressonância mostraram que existe uma outra faixa de gelo, que se estende dentro do oceano, diante de costa do Oceano Antártico. “Essa é uma descoberta significativa em uma região da Antártica sobre a qual sabemos muito pouco”, conta o especialista britânico. Segundo ele, a região é uma das mais sensíveis às mudanças do clima. “A área está na linha de frente das mudanças [climáticas], mas é impossível prever o impacto global de alterações nessa região sem trabalhos que descubram como a calota da Antártica se comporta”, completa Siegert.
Depois de fazerem projeções matemáticas sobre o comportamento do clima nas próximas décadas, os pesquisadores alertam que a região recém-descoberta já está sob perigo. O grande problema é que o aumento da temperatura dos oceanos – causado pelo aquecimento global – deve levar para a área correntes de água cada vez mais quentes. O mar aquecido pode causar uma desestabilização da plataforma gelada, levando inclusive ao seu desprendimento do continente. Esse fenômeno pode levar à ocorrência de icebergs e tornar o clima da Antártica ainda mais vulnerável, já que o gelo oceânico serve de proteção para as geleiras do Polo Sul.
Apesar da descoberta, muito ainda precisa ser entendido sobre a região. Os pesquisadores chegaram a uma estimativa vaga sobre o tamanho da plataforma subaquática de gelo. Também não há dados consistentes sobre a profundidade e a amplitude dessas formações. A região permanece congelada boa parte do ano, abrindo algumas fendas durante o verão, o que dificulta o estabelecimento de bases científicas para pesquisas mais longas. Apenas em sua fronteira leste é que existe um laboratório, o Belgrano II, pertencente à Argentina.
Apesar das dificuldades, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Polar e Oceanográfica da Alemanha conseguiram determinar com mais detalhes algumas características geológicas da plataforma de gelo subaquática da região. Suas medições identificaram um relevo bastante acidentado. As medições dimensionaram que a bacia deve ter até 200 km de extensão, numa área do tamanho aproximado do País de Gales, território pertencente ao Reino Unido. Os pesquisadores dizem no estudo que detectaram também pontos de drenagem “que atrasariam o desprendimento do gelo”. (Correio Braziliense)
2 – Reitores federais querem novo plano de expansão
Reitores das 59 universidades federais do País entregaram nesta semana ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, propostas para um novo plano de expansão para o setor. O projeto, que prevê novos gastos da União de R$ 2 bilhões por ano até 2017, seria uma espécie de reedição do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni 2007-2012), que ajudou a ampliar a infraestrutura universitária, mais que dobrar o número de matrículas e contratar novos professores e funcionários.
Preparado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o conjunto de propostas consta do documento “Programa de Expansão, Excelência e Internacionalização das Universidades Federais”. As maiores diferenças entre as sugestões dos reitores e o atual Reuni são a pulverização dos investimentos por vários ministérios e não só no MEC, o foco na parceria científica entre as universidades brasileiras e estrangeiras, a flexibilidade na criação de cursos e na adequação de currículos baseada nas necessidades estratégicas do País e a atenção à formação de professores para a educação básica.
“Com o Reuni, foram abertos alguns campi no interior. Além da contratação de professores, funcionários e gastos com obras, era preciso recursos para a construção e pavimentação de vias de acesso ou instalação de banda larga, alçadas que não pertencem ao MEC. A ideia é ter outras áreas do governo participando, como o Ministério das Cidades ou Telecomunicações e dar mais eficiência ao gasto público”, exemplifica Gustavo Balduíno, secretário-geral da Andifes.
O dirigente explica que os R$ 2 bilhões anuais para custear o novo programa representam valor semelhante aos investimentos do Reuni, equivalentes a 7,5% do orçamento estimado do ensino superior federal no primeiro ano de vigência (R$ 28,5 bilhões). “O incremento orçamentário anual, a exemplo do que ocorreu no último quinquênio com o Reuni, agora poderá ser sustentado pelo crescimento do País e por novas fontes como o pré-sal. É viável”, diz ele.
De acordo com a proposta da Andifes está prevista a dinamização da grade curricular. O documento menciona “modelos curriculares mais flexíveis e projetos pedagógicos que articulem efetivamente a graduação e a pós-graduação”. Balduíno sugere mudanças nos cursos de engenharia. “A primeira coisa é ter mais alunos participando de iniciações científicas, com o objetivo de criar uma elite do conhecimento para pesquisas e para o mercado. Outra coisa é modernizar os currículos. As engenharias no Brasil levam cinco anos; nos Estados Unidos, três ou quatro. E as pontes deles não caem, os foguetes deles continuam chegando ao espaço”, comenta.
O reforço das licenciaturas e a pós-graduação para professores da educação básica são outras medidas previstas. Balduíno explica que, como 75% dos professores da educação básica são formados na rede de faculdades particulares, o objetivo do novo plano de expansão deve focar a qualificação desse público. “Um dos problemas do ensino médio hoje é a má formação docente, por isso é importante concentrar os esforços nesse problema para que os alunos cheguem bem nas graduações”. O Ministério da Educação informou que o documento da Andifes está sendo avaliado. (Valor Econômico)