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Informativo 419 – Caxiuanã; Cacto ambulante e bem guardados

1 – Floresta de várzea de Caxiuanã (PA) será monitorada

2 – Cacto ambulante

3 – Exemplares bem guardados

 

1 – Floresta de várzea de Caxiuanã (PA) será monitorada

A partir dessa semana, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) dá mais um passo para a melhor compreensão da dinâmica florestal na Amazônia.
Uma equipe de pesquisadores, coordenada pelo biólogo Leandro Valle Ferreira da Coordenação de Botânica, irá a Floresta Nacional de Caxiuanã (no centro-oeste do estado do Pará, a 400 km de Belém) para iniciar a implantação de um conjunto de parcelas permanentes de vegetação nas florestas de várzea.
Parcelas permanentes são unidades de amostra demarcadas e observadas de forma contínua. Com isso, conhece-se o comportamento das espécies da flora e fauna e seus processos dinâmicos, como o crescimento, o ingresso de novas plantas e a mortalidade, assim pode-se, por exemplo, aumentar o conhecimento sobre biologia das espécies de plantas.
As parcelas que serão implantadas têm área equivalente a um hectare. Nesse “quadrado”, todas as árvores, lianas (cipós) e palmeiras com mais de 10 cm de DAP (diâmetro à altura do peito) serão medidas, identificadas e etiquetadas com placas de alumínio. Além disso, serão colocados coletores para a medição da liteira (folhas, galhos, flores, frutos, sementes) que caem do dossel da floresta de várzea.
Monitoramento – Com esse trabalho, os pesquisadores esperam obter dados, a médio e longo prazo, sobre os padrões de crescimento, recrutamento, mortalidade e produção de liteira desse tipo de vegetações. Aliás, como o método de implantação segue um protocolo internacional, será possível comparar os dados obtidos em Caxiuanã com outros tipos de vegetação no mundo.
A criação dessas parcelas permanentes, que acontece dentro do Programa Ecológico de Longa Duração (Peld/CNPq), irá se juntar às parcelas permanentes anteriormente implantadas na floresta de terra firme de Caxiuanã – estabelecidas nos Projetos Team, Rainfor, Esecaflor e PPbio, pelos pesquisadores Samuel Almeida e Antonio Sérgio, da Coordenação de Botânica do Goeldi. (Ascom do Museu Goeldi)

 

2 – Cacto ambulante

A descoberta de uma criatura extinta e inusitada, feita no sudoeste China, é o destaque da edição desta quinta-feira (24) da revista Nature.
Apelidado de “cacto ambulante”, o animal amplia o conhecimento sobre a evolução dos artrópodes, filo do qual fazem parte os insetos, as aranhas e os crustáceos.
A descoberta também reacende a questão de se o desenvolvimento do característico esqueleto externo duro dos artrópodes começou ou não com a aquisição de pernas robustas.
A maior parte dos grupos de animais vivos atualmente apareceu primeiramente no registro fóssil durante a chamada explosão do Cambriano, um período de rápida evolução ocorrido há cerca de 500 milhões de anos.
Jianni Liu, do Departamento de Geologia da Universidade Northwest, nos Estados Unidos, e colegas descrevem no artigo agora publicado a descoberta de outra espécie no pouco conhecido grupo dos lobopodios (Lobopodia).
O exemplar tinha cerca de seis centímetros de comprimento e lembra um verme com corpo mole e estreito, mas com dez pares de pernas robustas e cheias de formações que lembram espinhos. A espécie foi classificada como Diania cactiformis, por lembrar um cacto.
Os cientistas responsáveis pelo estudo sugerem que o fóssil encontrado pode representar o organismo mais próximo dos artrópodes modernos de que se tem notícia.
Embora o “cacto ambulante” não seja exatamente o ancestral comum dos artrópodes atuais, ele tem os membros mais robustos e parecidos com os de um artrópode dos lobopodios conhecidos.
Segundo Liu e colegas, isso pode indicar que esse ramo dos lobopodios evoluiu para ter pernas duras antes mesmo que seus corpos endurecessem. Mas não se sabe se essa característica pode se aplicar aos artrópodes em geral.
O artigo An armoured Cambrian lobopodian from China with arthropod-like appendages (doi:10.1038/nature09704), de Jianni Liu e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com. (Agência Fapesp)

 

3 – Exemplares bem guardados

Quase um ano depois de ser atingida por um incêndio de grandes proporções, que colocou em risco sua existência, a coleção de serpentes do Instituto Butantan ganhará um novo abrigo.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o secretário da Saúde, Giovanni Guido Cerri, anunciaram na terça-feira (23), nas comemorações dos 110 anos do Butantan, a construção do novo Prédio de Coleções da instituição de pesquisa paulista.
Orçado em R$ 3 milhões, o edifício com área total de 1,6 mil m² deve ser construído até o fim do ano e abrigará, além da coleção de serpentes, a de artrópodes, a de insetos e o banco de tecidos do instituto.
Para evitar acidentes como o incêndio ocorrido em maio de 2010, o novo prédio contará com um moderno sistema de prevenção. Além de hidrantes de espuma e extintores portáteis espalhados pelo prédio nas áreas onde existirão produtos inflamáveis, as luminárias serão blindadas para evitar explosões por faíscas.
“O novo prédio será importante para que não se percam mais acervos que são tanto científicos como históricos. Um acidente como o que aconteceu em 2010 não pode se repetir”, disse o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.
Segundo ele, a coleção mais afetada pelo incêndio foi a de serpentes, que era a maior do mundo e perdeu cerca de dois terços das espécies catalogadas. Na tentativa de recuperá-la, o Butantan continua realizando coletas, promovendo trocas de espécies com instituições do Brasil e do exterior e recebendo doações.
Mas as doações diminuíram muito nos últimos anos, em função das restrições impostas pelos órgãos ambientais. “Precisamos conversar com os representantes dos órgãos ambientais para que se possa ter acesso ao material biológico e repor o acervo perdido”, disse Kalil.
Autossuficiência em vacinas
Na cerimônia, também foi anunciado que a fábrica de vacinas do Butantan, inaugurada em 2007, inicia este ano os testes clínicos para testar a eficácia de vacinas contra dengue e contra rotavírus, que causa diarreia infantil.
Até o fim de 2012, os pesquisadores do instituto pretendem concluir a última fase de testes clínicos da vacina contra a dengue. “O desenvolvimento da vacina da dengue é complicado, porque há quatro subtipos diferentes da doença para os quais a vacina tem que dar proteção. Caso contrário, pode induzir o paciente a ter uma doença muito mais grave”, disse Kalil.
Em 2011, a fábrica de vacinas também produziu o primeiro lote, com 3 milhões de doses, da vacina antigripe que será disponibilizada nacionalmente, em abril, na Campanha de Vacinação do Idoso do Ministério da Saúde. 
Em 2012, o Butantan deverá aumentar a produção para 22 milhões de doses, tornando o Brasil autossuficiente na produção de vacinas contra influenza.
“O Butantan é o maior instituto soroterápico da América Latina e um dos mais importantes do mundo. Ele é uma entidade centenária, mas extremamente renovada, que está na ponta do avanço da ciência e a serviço da saúde brasileira”, disse Alckmin.
O governador também anunciou durante o evento que serão definidos nos próximos 30 dias os investimentos que precisam ser feitos para completar a conclusão da fábrica de hemoderivados do instituto.
Segundo ele, a fábrica está pronta e possui todos os equipamentos, mas ainda faltam R$ 60 milhões para entrar em funcionamento. Uma parte desse montante poderá vir do orçamento do Estado e o restante da Agência de Fomento do Estado de São Paulo.
“Com essa fábrica, o Brasil dará o primeiro passo para completar todo o ciclo de produção dos fatores de sangue, que são os hemoderivados. Em 30 dias queremos fechar a questão do financiamento para colocá-la em funcionamento”, afirmou Alckmin.
(Elton Alisson da Agência Fapesp)